De Deus é o santo poder
Que bem nos orienta e anima.
Nosso trabalho é de crer
Em que tudo se combina.
Por isso, vamos formando
Nossas quadras neste dia,
Nossas almas elevando
A Jesus, José e Maria.
Quem quiser participar
Desta tarde memorável,
Que conjugue o verbo “amar”,
Num versejar agradável.
Se alcançarmos bom sucesso
Nesta forma de rimar,
Estaremos de regresso
P ra de novo aqui reinar.
Vejam que nossos versinhos
São simples, bem pueris,
Como se fossem carinhos
Na pontinha do nariz.
Sensações apaixonantes,
Grandes tormentos da alma
Já nos são decepcionantes,
Não combinam co esta calma.
Assim, ao findar do dia,
Voltamos, muito felizes,
P ra este treino de poesia,
Que nos enche de alegria,
Fazendo que percebamos
Que as árvores têm seus ramos
E seus troncos têm raízes.
Estamos muito contente
Com nosso caro escrevente,
Que se põe a trabalhar
Segundo o nosso desejo,
Tendo o coração fremente
E n alma um amor ardente,
Que assegura a nossa gente
Enlevos dum doce harpejo.
Ao variar nossa métrica,
Iremos ver, desde logo,
Que esta vibração elétrica
É algo que desafogo.
Pois trago, bem escondido,
Um certo desejo antigo
De me fazer entender,
Por meio destes meus versos,
Que, embora sejam perversos,
Já que tudo desafina,
Irão dar bem o sentido
Do que se passa comigo.
Aí tudo se esclarece,
O que se esconde aparece,
O que é gelado se aquece,
O que é pobre se enriquece,
Mesmo sem qualquer talento,
Pois bem no fundo de tudo,
Sem que haja algum “contudo”,
Sobejando o “sobretudo”,
Se desfaz todo o tormento.
Realmente, neste dia,
As coisas caminham bem,
No sentido da poesia
E da estrutura também.
Na forma e no conteúdo,
Se completam as quadrinhas,
Permitindo-nos que tudo
Se componha nestas linhas.
Basta só que o nosso amigo
Seja paciente e bondoso,
Pois o que passa comigo
É mui lento e trabalhoso.
É pena que os bons leitores
Não percebam os problemas
Que têm os nossos mentores,
Ao formular seus poemas.
Seria bem divertido
Avivar em sua mente
O esforço que temos tido
P ra levar ao escrevente
O que nos traz absorvido,
Em caráter permanente,
Mas que resulta atrevido
Aos ouvidos dessa gente
Que nos repete: — “Eu duvido!” —,
P ra nos deixar descontente.
Entretanto, o resultado
De dias como o de hoje
Realiza o nosso fado,
Pois a poesia não foge,
Já que fica registrada,
No livro do coração,
Como coisa consagrada,
Esta profunda emoção.
São tacanhas as palavras,
Os versos são bizarrinhos,
Mas são de nós estas lavras,
São nossos estes versinhos.
Vamos então encerrar
Este dia de sucesso,
Evitando de emperrar
O nosso grande progresso.
Adeus, bondoso escrevente,
Mantenha ess’alma elevada.;
Vá confiando na gente,
P ra enfrentar esta parada.
Fazer versos de improviso,
Sentado nessa cadeira,
É de perder o juízo:
Não é coisa que se queira.
Entretanto, o seu aviso
Diz que não é brincadeira,
Portanto, se estamos sérios,
Não vamos fazer mistérios.
Na hora da despedida,
Os versos vêm de enxurrada:
Se comportam na medida,
Não fica a rima emperrada.;
Na forma e no conteúdo,
Têm um pouquinho de tudo.
Por isso, bom amiguinho,
Quero que você se esforce,
E nos trate com carinho,
P ra último “tour de force”.
Eis aí, muito obrigado,
Por nos manter ao seu lado,
Neste derradeiro esforço.
Sabemos ser de rotina
Conter a língua ferina
Que resfolega em seu torso.
Vamos dar o nosso adeus
E agradecer, comovidos,
As bênçãos vindas de Deus,
Nestes dias bem vividos.
Ao confrade Wladimir,
Nosso médium, no momento,
Chegada a hora de ir,
Acaba-se-lhe o tormento.
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