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Artigos-->O HOMEM NOBRE -- 09/12/2020 - 18:27 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O Homem Nobre

Jan Muá

09 de dezembro de 2020

 

As sociedades humanas não são pura massa. No meio da massa há intelectos, vontades, comportamentos e indivíduos, que fazem a diferença e dão tonalidade à comunidade.  Por experiência sabemos que há campeões no campo do esporte assim como há campeões na tecnologia tal como há inventores na ciência e especialistas nas várias áreas tanto no campo político,  como no campo artístico ou outros. Também sabemos que a par do rotineiro discurso dos políticos sem talento, há personalidades especiais que chamam nossa atenção pela forma  talvez original como encaram o fenômeno político ou a causa administrativa pelos projetos ou teorias que defendem como capazes de manter a pólis em perfeita harmonia e  saúde econômica e cívica. Estas personalidades tipificantes são o fermento de uma promessa de renovada tessitura social. Essas personalidades são necessárias no contexto social e devem ser respeitadas, estudadas e apoiadas, e merecem o necessário espaço democrático  para atuação.

Com base nesta reflexão me lembrei de trazer à pauta um dos modelos qque a civilização chinesa nos apresentou através de Confúcio sobre o Homem Nobre ou Homem virtuoso, um exemplar que tonificava o ambiente banal do quotidiano através de princípios superiores que se opunham aos interesses imediatos da massa e do homem de pequenês mental.  Cumpre observar que nas várias civilizações sempre se destacarm os filósofos, fundadores de escolas e artistas. Eles ensinavam, publicavam suas obras, interagiam com os vários extratos sociais e tinham sobre a natureza e o mundo uma visão própria. Basta lembrar Pitágoras, Platão, Aristóteles, entre os gregos, e os líderes da escolas místicas e espirituais orientais como Buda e Confúcio. Mas há muitas outras figuras importantes que dinamizaram a história através de movimentos espiritualistas como Jesus de Nazaré  ou Krishna figura representativa do hinduísmo cuja doutrina e ações são descritas em Bhagavad Gita (obra século IV a. C.), texto religioso hindu, que faz parte da epopeia Mahabharata.

Todos estes filósofos, pensadores e mestres espirituais põem em destaque algo importante de fundamental significação para o homem. Exaltam as necessidades do espírito, e ensinam a nobreza de espírito como marca indelével do homem superior. Colocam as ações e a natureza do homem em vários níveis, inferiores e superiores. Isso rtem um significado na busca de evoluçaõ nas várias civilizações e impérios. Um dos exemplos mais vivos legados pela tradição ocidental foi a paideia grega, esse sistema de formação, que envolvia o pensar, o viver e o harmonizar as várias forças corporais e mentais do homem grego. A característica do homem candidato ao processo civilizatório grego era calcada no solo da virtude ( denominada "aretè"). A areté ou virtude era uma força, uma potência, uma faculdade que dava ao jovem grego uma noção completa do que era a paideia ou  educação. Em concomitância com a virtude ou areté havia uma cadeia de elementos que entravam na formação da psiché grega. Entre eles, como fundamentos,  a colaboração entre alma e corpo, que era endereçada para a obtenção da felicidade e para o bem estar do indivíduo (eudaimonia)  envolvido no processo da paideia.  Estabelecida a educação, haveria que caminhar para a "encrateia", termo grego que indicava  não apenas uma virtude mas, mais do que isso, a mãe de todas as virtudes. Pela "encrateia" , segundo Xenofonte, se afirmava  "o ato de emancipar a razão da tirania da natureza animal do homem e  estabilizar o império legal do espírito sobre os instintos". Seguindo na linha de Sócrates,  Platão  avança o debate para que se instaure na mente social a necessidade de que a virtude("aretè") seja abraçada pela educação("paideia"). Em sua essência, a virtude irá ser entendida como um saber e um saber especial que se caracterizará pelo conhecimento do bem. 

Em consonância com estas ideias de virtude e paideia entre os gregos, já antes os místicos orientais da Índia e da China, trabalhavam a mente humana e a unidade do ser humano com outros conceitos similares, congêneres e complementares. Chega-se a um momento em que reconhecemos que a Grécia se responzssabilizou por uma síntese filosófica, teológica e mística de muitos elementos que reconheu das tradicções e pensadores das civilizações mediterrânicas da Pérsia, da civilização assírio-babilônica, caldaica e sobretudo egípcia, muitos séculos antes das sínteses religiosas do hinduísmo e do budismo. De todas as formas, é o Oriente que nos dá com fontes vivas de doutrina muitos dos elementos que nos colocam em consonância com as doutrinas que fizeram os fundamentos do pensamento ocidenta

As ideias de sabedoria exploradas por Pitágoras (século V a,C.)segundo o qual o filósofo é "o homem que ama a sabedoria", por Sócrates, Platão, e escolas filosóficas posteriores, tem nas fontes orientais mais do que vestígios. Tem doutrinas. No Dhammapada, livrinho de receitas morais budistas há um capítulo de pensamentos sobre o  sábio (Trad. de Natã de Oliveira, Brasília: Ed. Kíron,, 2010, págs. 24-26). No Bhagavad Gita fala-se dos reis sábios (Trad. Francisco Valdomiro Lorenz. São Paulo: Editora Pensamento, 2006, pág. 106. Em A Voz do Silêncio, pequena grande enciclopédia da espiritualidade universal de H.P.Blavatski, com trad. em língua portuguesa de Joaquim Gervásio de Figueiredo. São Paulo: Editora Pensamento, 2010, tem uma informação sobre abedoria entre os antiquíssimoas escolas místicas orientais. Porém, entre todos os conceitos de consciência civilizatória, é hora de tratar e de prestigiar o conceito que Confúcio (551- 479 a.C.) nos dá de Homem Nobre em "Os analectos". Há desta obra uma belíssima edição de 2012 da editora Unesp, com tradução, comentários e notas de Giorgio Sinedino. Chama muito a atenção o espaço que Confúcio dá ao Homem Nobre, à Humanitas e ao homem virtuoso.  Todo o capítulo 12 dos Analectos é dedicado ao Homem Nobre. Vamos tentar entender este termo. Homem Nobre é aquele que tem dotes de espírito, homem virtuoso, conhecimento, inteligência, sabedoria e força de vontade para dirigir seu comportamento pessoal e social. Segundo comentaristas confucianos "Homem Nobre" é um dos principais conceitos nos Analectos. Homem ideal para Confúcio era aquele que colocava seu conhecimento a serviço da coletividade. Sabedoria e conhecimento fazem sentido quando servem para a construção da ordem política. O caminho do Homem Nobre é o despertar do indivíduo para sua função ppública. O dominar-se a si próprio,  respeito das tradições e o sentido humanitário formam o retrato fiel do Homem Nobre.  Vejamos algumas passagens do pensamento de Confúcio em "Analectos":"Realizar a Humanidade é difícil" Ib. 12.3. Mas "o Homem Nobre não se angustia, não tem medo" 12.4. "O Homem Nobre é respeitoso e não comete erros. Ao se relacionar com as pessoas, é cortês e age de acordo com os Ritos" (12.5). "O Homem Nobre precisa apenas de Naturalidade e isso basta(12.8)."O Homem Nobre estuda amplamente as tradições escritas e sintetiza-as nos Ritos. Dessa forma não infringirá o Caminho dos sábios da Antiguidade" (12.15) "O Homem Nobre aperfeiçoa o que há de belo nas pessoas. Não aperfeiçoa o que há de mau nelas. O Homem Pequeno faz o contrário" (12.16)."O Homem Nobre vale-se de seu Refinamento para reunir amigos e usa seus amigos para auxiliá-lo na busca de Humanidade" (12.24).

'O homem Nobre em princípio não tem que aceitar nada nem recusar nada. Ele vê o que é devido e então age" (4.10) "O Homem Nobre almeja a virtude, o Homem Pequeno anseia por suas terras. O Homem Nobre almeja a justiça das punições. O Homem Pequeno anseia por suas vantagens." (4.11). O "elogio do Homem Nobre inspira-se nos valores tradicionais aristocráticos. O Homem Nobre é uma pessoa que se cultiva intelectual e moralmente para se ocupar da coletividade" (4.11). O Homem Nobre só quer saber de Dever. O Homem Pequeno só quer saber de Vantagem (4,16). "O Homem Nobre se integra mas não se conluia. O Homem Pequeno se conluia mas não se integra" ( 2.14).

"Não lhe ensinei o que significa saber algo? Se você sabe, então sabe. Se você não sabe, então não sabe. Nisso consiste o saber" (2.17)."Naturalidade e Refinamento meio a meio: daí surge o Homem Nobre" (6.16).

João Ferreira Jan Muá

Brasília, 09 de dezembro de 2020

 

"O Mestre disse a respeito de Zijian: "É um Homem Nobre, aquela pessoa. Se [no país de ] LU não há homens virtuosos, de onde Zijian tirou essa virtude" (Analectos, 5.2). 

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