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Cordel-->Desafio Zéferro x Valdez -- 12/10/2004 - 12:59 (J Ferreira (ZÉFERRO)) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CORDEL PRA QUEM FOI PATO E HOJE É PINTO ENFERRUJADO
valdez-26.09.03

Conheço um brocoió
Nascido no Ceará;
Contadozim de lorota,
Tocador ruim de ganzá;
Bebeu leite de jumento,
Cresceu comendo preá.

Nesse Quixeramobim,
Onde o cão perdeu das botas,
Brincava nosso moleque
Nos folgaços das patotas,
Tomando banho de rio,
Mexendo com as meninotas...

Nem as jumentas, coitadas,
Escaparam do pivete;
E quando num fornicava,
Morcegava marinete.
Num largava tais manias
Nem à força de bofete.

Moleque da perna fina,
Magricela barrigudo,
Tinha orelhas de abano,
O nariz longo... pontudo...
Mais lembrava uma caipora:
Boca grande, cabeludo!

Era um presepe de gente,
Toda feiúra do mundo;
O cabelo fumacento,
A cara de gemebundo...
Os dois olhos remelentos,
O coração vagabundo...

Quando o peste ficou grande,
Imbicou no cabaré;
Só gostava de catraia
Do jeitão de caboré.
As molecas mais dengosas
Chamavam: "Vem cá meu Zé"

Ocorreu que o desgramado
Deixou Quixeramobim.
Pegou dos panos de bunda,
Da cueca de cetim,
Se juntou com Lampião,
Montado num jumentim.

Deu garra do Juazeiro,
Do padim Ciço Romão.
Pedir uma benzedura,
Ao padim pedir benção,
Pra dar sorte e serventia
Nessa nova profissão.

Penetrou na Paraiba,
Limite de Cajazeira;
Seguiu rumo a Soledade
Onde encontrou Zé Limeira,
O poeta do absurdo,
Mas catador de primeira.

Com Zé Limeira aprendeu
Compor versos no repente,
Pra xumbregar as caboclas,
Parecer inteligente;
Escanchar o mundo todo,
Passar a perna na gente.

De Soledade partiu
Pru cabaré de Campina,
Onde largou Lampião
Pra se fazer cafetina,
Rodar bolsa, botar brinco,
Se enfeitar de purpurina.

Dali foi pra Guarabira,
Terra de canaviais,
De matas luxuriosas,
De belezas naturais;
De verdes campos floridos,
De chuvas torrenciais;

Muita fruta, muito gado,
Muito engenho, muita pinga.
Nessa terra o cabruquento
Botou fora da catinga.
Aprendeu civilidade
E amarrou-se numa gringa.

Uma gringa já sambada,
Mas de grande coração.
Teve pena do matuto
E lhe trouxe educação.
Ensinou com quantas línguas
Faz dum ferrim um ferrão.

Transformou bicho zangado
Em doutor de putaria;
Foi quando lhe deu na telha
De estudar engenharia,
E foi, também, com as quengas
Que despertou pra poesia.

Zangado deixou de ser,
Entregou-se a boemia...
Fez carreira pelo mundo...
Enfrentou com fidalguia
Renitente saudosismo;
Restolhos da terra guia...
O mais, não sei... É folia!...

ISTORA DA AMIZADI DUM FERRU KUM JUMENTU
Zédferro, 26/09/2003

Agora tô ka mulesta
To kum fumasa nas venta
Num guento safadeza
Muntcho menu di jumenta
Ti sigura aih safadu
Vê si tu mi aguenta

Foi num dia muntcho triste
Ki apareseu um bixim
Nas banda di Guarabira
Kum kara di guaxinim
Kereno fazê disfeita
Ao Zé Kixeramubim

Um kontadô di mintira
Jigolô paraibano
O bixo é ruim kuma peste
Um kavalim di sigano
Soh kum muntcha prisizão
Tirasi argum pur ingano

Eu jah nasih bem fremozo
I xeio di gostozura
Eli veiu inroscado
Assustava ka feiúra
A partera dixe deli
O koitadu num tem kura

Kuando eu nasih mi butaru
Num bersin’o di sitim
Fui u mininu mais lindu
Lah di Kixeramubim
As mulé si ajuntava
Pra dah um xero ni mim
Kuanu eli apareseu
O dotô dixe assustadu
Zoiano pru istrupisio
Dexa esa koiza di ladu
Pra vê si eli num late
Pra pudê sê batizadu

I assim nois foi kreseno
Kada um kum seu distino
Eu fui logo abensoado
Pra sê um mansebo fino
U koitado foi largado
Pois parisia um jirinu

Ta sertu, eu fui valenti
Padim Sisu mi benzeu
Logo logo min’a fama
Todu mundo kon’ieseu
Us omi tudu fugia
As mulé vin’a mais eu

Eli foi muitu mimado
Mais foi kriadu kum vó
Inté us dezoito anu
Inté tin’a um kokó
Us kabelim repartidu
A kara xeia di pó

Aprindi a cantar verso
Kum pueta Zé Limera
I a jenti apostava
Kem dizia mais bestera
I todu fim di sumana
Era u susesu da feira

Im Kampina mi akampei
Kum us versu no gogó
Era u donu das mulé-
Dama du Bodokongó
Viva nu paraizo
Inxarkadu di xodó

Mais fui faze a burrisi
Di ih lá pra Guarabira
A terrin’a inté ki eh boa
Eu num vô kontah mintira
Mais la tin’a u sujeitim
Ki parisia kualira

Mais era soh u jeitim
Eli inteh ki era brabu
Mais pra sê um bom jumentu
Soh li faltava o rabu
Fui bebê pinga mais eli
Aih eu kauzi mi akabu

A gringa mi asertô
Eu deixei di farreah
Istudei injen’iaria
Eli foi adivogah
Mais foi eli ki inrikô
Eu kontinuo a pastah

Agora nois é amigu
Mais eli sempri mi ferra
O disgramadu num vali
Akilu ki o gatu interra
A jenti si ama muntcho
Mais istamu sempri in guerra

I esa é a istora
Di um’a grandi amizade
Kem num fô la du Nordeste
Vai pensah ki é mardade
As nosa briga di versu
É lambada ki num ardi!
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