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Cordel-->Homenagem à Campina Grande- dia 11 -- 12/10/2004 - 01:12 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Campina Grande e as Violas
Antonio da Mulatinha*
Homenagem ao dia 11 de outubro- aniversário de Campina Grande

Campina, cidade honrada,
Conheço bem o segredo
Por seu Teodósio Ledo
Foi certamente criada
Uma casa edificada
Lá na Praça da Bandeira
E assim tomou carreira
Cresceu e nada fracassa
Hoje é a mais rica Praça
Da República brasileira.

Ela foi originada
De um grande aldeamento
De índios, eu apresento
De acordo Carta passada
De Paupin era chamada
Assim tenho decorado,
O nosso lugar sagrado
Terra de paz e de luz
E dos índios Ariús
Nasceu o seu derivado.

No ano mil e seiscentos
E noventa e sete, é verdade,
Começou nossa cidade
Com poucos melhoramentos,
Sem feiras, sem movimentos,
Sem casa de educação
Numa rica região
Criando homens de planos
Passou noventa e três anos
Como uma povoação.

E o povo com prazer
Na rica cidade minha
A Vila Nova da Rainha
Campina passou a ser
Haja Campina crescer
O primeiro nome deixou
O segundo se acabou
Entre os paraibanos
E noventa e quatro anos
Como vila ela passou.

No ano mil e oitocentos
E sessenta e quatro, Campina
Nossa antiga Paupina
Tinha outros movimentos
Com praças e calçamentos
Desde o centro ao arrabalde
E prédios em quantidade
Seu valor eu não encubro
No dia 1 de outubro
Passou Campina a cidade.

Campina terra de paz
Está no meu calendário
Depois do seu centenário
Tem aumentado demais
Com ruas especiais
Nossa cidade granfina,
Maravilha nordestina
Bancos ela tem diversos,
Eu vou descrever em versos
As belezas de Campina.

Tem mercadinho e mercado
Com coisas boas em geral
Lá no Mercado Central
E no Mercado Balaião
E as outras feiras são
A Prata e a Liberdade
E no Central é verdade
Uma feira extraordinária
A Estação Rodoviária
É a beleza da cidade.

Campina ponto central
Dos sertões paraibanos
Dos sertões pernambucanos
É o caminho da Capital
De João Pessoa a Natal,
É o centro algodoeiro
De beleza e de dinheiro
De estudo e liberdade
E é a maior cidade
Do Nordeste brasileiro.

Estações temos aqui
De Rádio não é problema,
Televisão Borborema
E a Rádio Cariri,
Caturité, bem ali,
Programa tem mais de mil
Mais de um locutor gentil
Em cada programação
E o Retalhos do Sertão
É a beleza do Brasil.

É o centro dos artistas
Com criadores brilhantes
Três programas importantes
Pra poetas repentistas
Alegria dos “nortistas”
Entre homens e meninos
Com os seus versos granfinos
Nos Retalhos do Sertão
Tem mais Associação
Dos Poetas Nordestinos.

Da grande Associação
Jesus do céu é o dono
Campina grande é o trono
Dos poetas da nação
De vates de inspiração
Nossa cidade é completa
E a poesia secreta
Fazendo ela crescer
Em cada esquina se vê
Um poema e um poeta.

Vem poetas populares
De outras ricas cidades
Fazerem festividades
Em casas familiares
Em teatros e em bares
Cantam nossos violeiros
Os seus versos verdadeiros
Tudo tirado de dentro
Campina Grande é o centro
Dos poetas brasileiros.

Moacir, José Gonçalves
E Juvenal de Oliveira
Estrelina, João Silveira,
João Rocha e José Alves
Com seus versos agradáveis
Tem José Alves Sobrinho,
Tem Antonio Canhotinho.
João Francisco e Anastácio,
Duda e Luiz Bonifácio,
Ivanildo e João Marinho.

Zé Gonçalves é o canário
Brasileiro nordestino
E Moacir Laurentino
É o pássaro formicário,
Marinho, o sotilicário,
Nos mares fazendo festa
Bonifácio canta e presta
Igual ao pintaguaçu,
Ivanildo e o uirapuru
O pássaro rei da floresta.

O vate Luiz Amorim
No verão não tem malícia
É um cabo de polícia
O poeta não é ruim
Foi Deus que lhe fez assim
Um bom poeta escritor,
Antonio Barbosa, cantador,
Tem o peito sonoroso
E Apolônio Cardoso
É poeta e é doutor.

Temos muitos violeiros
Filhos de outros lugares
Como Manoel Soares
E o vate José Medeiros
Com força e versos certeiros
Generino, cantador,
Tem Vicente Salvador
E Lula da Liberdade
E o Cacique Cidade
É Manoel Serrador.

Jesuíno e Josué
Félix e o José Ouro,
João e Zacarias Touro
E Severino José
Sebastião Bagé é
Poeta e amigo exato
Tem Severino Donato,
Arimatéia e Joaquim,
Seu Severino Crispim,
Rodrigues e Honorato.

Temos mais dum escritor
Tem Gerson e tem seu Caetano
Poeta pernambucano
Em Campina morador
E MULATINHA, o autor
Desta história verdadeira
Com sua idéia certeira
Conhecido em muitos cantos
Manoel Camilo dos Santos
Com José de Oliveira.

O Francisco Gavião
Não perde linha nem risco
Com Otacílio Francisco,
Bentinho e Sebastião,
Asa Branca tem pulmão
Baião e boa cachola,
Santino Luiz controla
A poesia no senso
Junto à Gabriel Lourenço
Os dois bambas da viola.

Cícero Silva canta e cria
Na hora tudo que quer
Com Antonio Xavier,
Samuel e Serrania,
O vate José Pereira,
Norberto, José Moreira,
Barra Mansa, Vieirinha,
José Moleque, Gordurinha
E o João da Catingueira.

Tem Amaro Bernardino
E José, o seu irmão,
Tem Sebastião Leão,
Viana e José Enedino,
Severino Belarmino,
Carmerindo e Canarinho,
Antonio Rocha, Machadinho,
Antonio Campos Ferreira,
João da Cruz e Lavandeira,
Dorgival e Serrotinho.

Vicente e José Faustino,
Cícero Bernardes, cantor,
O grande declamador
Nosso José Laurentino,
Biu Chico, José Menino
Com Zacarias Germano,
Concris, Pedro Imperiano,
Lourival, Antonio Pereira,
Zé Pio, Alcides Vieira
Com Antonio Mariano.

E emboladores temos:
O Dedé da Mulatinha,
O seu mano, Caretinha,
José Grande e Nicodemos,
Colombita que devemos
Parar aonde ele está,
Pirralho, João de Sinhá,
Guilherme, Joaquim Feitosa,
Zé Trajano, João Barbosa,
José Preto e Sabiá.

Aqui faço um paradeiro
Nas belezas de Campina
Maravilha nordestina
Falada no mundo inteiro
Lugar onde brasileiro
Ganha mais fácil seu pão
Com melodia e canção
Com emboladas e soneto
Nas páginas deste folheto
Termino esta descrição.

(*) Antonio Patrício de Souza (18/10/1925), Toinho da Mulatinha para nós todos, é um remanescente do Coco e do folheto. Cantador e poeta de bancada. Confessa-nos que começou a cantar Coco de embolada em 1940, e em 45 escreveu seu primeiro folheto, “que o povo chama literatura de cordel”, palavras suas. Lá se vão, sessenta anos de arte popular.
Poetas de poucas letras, segundo ele, frequentou a escola por uns três meses, mas de uma sensibilidade ímpar, derramava por noites inteiras os improvisos corridos da embolada, gênero que exige muita habilidade mental pelo desenvolvimento melódico. Contudo, sem pejo, verseja fanfarrão: “Sou velho na cantoria/ Nasci na antiguidade/ Só Deus sabe minha idade/ E minha sabedoria”...
É um doce ler e ouvir Toinho, simples e puro como água de chuva e cantar de pássaros. Singelo como os do Sítio Mulatinha (município de Esperança/Pb) onde nasceu. A sua comunicação é coloquial, para usar uma palavra da moda. Estabeleceu-se no rés-do-chão, deixando os vôos mais ousados para outros luminares. O cangaceiro-poeta José Nêumane Pinto, na gentil apresentação que fez do folheto do cordelista Manoel Monetiro, “Salvem a fauna, salvem a flora, salvem as águas do Brasi”l, diz-nos que: “Leandro Gomes de Barros adaptou romances clássicos da literatura universal, como a Batalha de Oliveiros e Ferrabrás, para o entendimento do matuto nordestino”. Zé Duda, Manoel D’Almeida, João Martins e outros também fizeram isso. O brilhante jornalista e pesquisador José Nêumane faz bem em lembrar este inestimável serviço prestado pelo cordel à formação cultural dos nossos irmãos geográficos. Cá, na “periferia”, Antonio da Mulatinha, sem querer imitar ninguém, explorou o lúdico e utilizou o linguajar “limeriano” quando no seu folheto “Uma viagem Sagrada”, desta fornada, confidencia: “Em Sodoma tão falada/ Passei uma hoira só/ Lá vi a mulher de Ló/ Numa pedra transformada/ Bei uma talagada/ Com caldo de mocotó/ E saí batendo o pó/ Adiante vi Simeão/ Tomando café com pão/ Na barraca de Jacó”.




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