Soneto da Distância
lílian maial
Tudo o que sei, da vida que me leva,
é o pouco tanto que o pranto conduz.
Se já não tenho o riso, só a treva,
o que me resta, é a fresta a que me expus.
Tudo o que quero - deitar na tua relva -
sofrer as dores que eu mesma me impus,
na tua ausência, a solidão me neva
e opacifica, aos poucos, tua luz.
Como prender-te, se sou lberdade,
amar-te menos, se amo de verdade,
ou pretender ser tua para sempre,
se a cada esquina que dobro no tempo,
mais um pouquinho cresce o esquecimento,
como o desejo que rasga meu ventre?
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