Se o Cristo aqui estivesse,
A bem dizer, carne e osso,
Era possível soubesse
Dar forma a este alvoroço.
Sentimos ter de dizer
Que de novo aqui estamos,
Sem precisar o escrever,
Tão áspero caminhamos.
Os poucos versos de agora
Já demonstram sofrimento.
É como se, de hora em hora,
Nos aumentasse o tormento.
Não conseguimos dizer
Tudo o que n alma nos vai:
Temos muito a agradecer
Ao nosso bondoso Pai.
Desejamos ajudar
A todos os que têm fé.
É uma forma de atuar,
Sustentando os bons de pé.
Não temos desenvoltura,
As palavras nos falecem:
É que, à falta de cultura,
Outros entraves se acrescem.
Se formos fazer poesia,
Na expressão própria do termo,
Devemos dar harmonia
E sentido a nosso ermo.
Entretanto, o nosso caso
Se apresenta misterioso.;
É como a história do vaso
Que nada contém precioso.
Imagine o nosso amigo
Estar diante da folha,
Dizendo tão-só: — “Não ligo,
Se não tiver outra escolha...”
No centro, um dia qualquer,
Você vai estar sozinho.;
Aí, se escrever quiser,
Vai sentir-se pequeninho.
Os versos que hoje fazemos
Não têm qualquer importância.;
Mas com eles aprendemos
A escrever com elegância.
As quadras vão-se somando,
A preencher o papel.
Umas estão demonstrando
Como é bom sabor de mel.;
A maior parte está dando
À boca gosto do fel.
No fundo, é tudo alegria,
Ao chegar o fim do dia.
Caminhando devagar,
Chegaremos ao destino.;
Ao correr e tropeçar,
Só se machuca o menino.
Como é doce o meditar,
No sentido da poesia:
Enche-se o peito de ar
E o coração de alegria.
Os nossos versos conseguem
Refletir o nosso tino,
Mas os médiuns nos perseguem,
Para pedir outro hino.
Queremos deixar o amigo
Bem satisfeito da vida,
Bem resguardado, ao abrigo
Das mágoas desta ferida.
Mesmo que o verso não tenha
Aparência e bom sentido,
Permita que o fluxo venha
Trazer o nosso pedido.
Mais tarde, você estará
Preparado p ra entender
O que agora não está
Claro, ao seu modo de ver.
Vamos testando no escuro
A vontade deste amigo,
Pois, se não acho, procuro:
Persistência é comigo.
Sabemos ser bem difícil
Acertar todas as rimas.;
É como se um edifício
Não apontasse p ra “cimas”...
São de brinquedo estes versos,
Que fazemos sem demora.;
Posto não sejam perversos,
Mostram quem somos agora.
Reflita muito, amiguinho,
Ao escrever a poesia:
Não é ela só carinho
E suave melodia?
Ta na hora de parar
De escrever nossa poesia.;
É como se ao verde mar
Se pedisse maresia.
Só vamos agradecer
Aos caros que nos ouviram,
E uma palavra dizer,
Já que todos se retiram,
Desejando que o Senhor
Nos dê seu manto de amor.
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