Comecemos muito bem
Mais esta tarde poética:
Falemos do livro espírita
Que, de evangélica ética,
Traz ao mundo dos viventes
Muita sensação estética.
Já não temos pretensões
De escrever obras de arte.;
Fiquemos no ramerrão,
Para cumprir nossa parte.
Os conceitos vão formando
Belo painel da moral.;
As pistas, nós vamos dando
Para a mente racional
Do escrevente ir montando
Um poema original,
Para darmos aos leitores
As instruções dos mentores.
Ao poucos, vamos firmando
Diretrizes p ra poesia,
E, sob o nosso comando,
Forma-se esta cantoria.
Nem sempre versos perfeitos
Nos dão a noção exata
De que a todos os efeitos
Damos as causas, “na lata”.
Temos para nós que a vida
É campo de grandes provas,
Como um verso que convida
A formular nossas trovas.
Se nós tivermos juízo,
Persistiremos frementes,
Pois progredir é preciso
Já que somos indigentes.
Querido amigo escrevente,
Ponha-se de sobreaviso:
Está na hora de a gente
Demonstrar nosso juízo.
É preciso pôr sentido
Nos versos que a gente faz,
Com critério evoluído,
De muito amor, muita paz.
Nós temos muitas palavras
E as idéias não nos faltam,
Mas as trovas destas lavras
A perfeição não exaltam.
Como se trata de treino,
Não vemos grande importância
Em brincarmos neste reino,
Mesmo sem ter elegância.
Conhecendo o nosso amigo
Que nos apanha os versinhos,
Vamos nos pondo ao abrigo,
Para não ficar sozinhos.
Os versos que hoje ditamos
Estão longe de perfeitos:
São laranjas sem os ramos,
Não são amores-perfeitos.
Quando nos utilizamos
Da linguagem figurada,
Ficam laranjas “sem ramos”,
Os ramalhetes, “sem nada”.
Vão aumentando as quadrinhas
Que contêm todas as rimas.;
São muito pobres, mesquinhas,
Estão longe de obras-primas.
Mas nosso amigo escrevente
Já consegue perceber,
Somente lendo na mente,
O que queremos dizer.
Por isso, põe-se contente
Tão depressa a escrever:
É que confia na gente.;
Frustração sabe não ter,
Mesmo que demore um pouco
Para surgir a poesia,
Que, do poeta e do louco,
É estranha a melodia.
Eis que por hoje terminam
Nossos versos e poesia.
É bem o que determinam
O equilíbrio e a harmonia.
Só nos falta agradecer,
Em mais um simples versinho,
O bem de nada sofrer
E este excesso de carinho.
Ao Pai do céu, finalmente,
Nossa fé, com muito amor.;
A toda esta nossa gente,
A nota dez, com louvor.
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