O “Dia da Poesia”, 14 de março, este ano foi comemorado no Museu do Piauí, atualmente sob a direção de Dora Medeiros. E foi comemorado com o que se deve comemorá-lo: uma exposição de poemas. Pena que não houvesse, na referida mostra, nenhum poema de Castro Alves, justo quem dá o nome ao dia, por ter nascido no dia 14 de março de 1847, há exatos 155 anos.
Na agenda do Conselho Estadual de Cultura estava prevista, naquela sessão de 14 de março passado, uma palestra do Conselheiro Melquisedeque de Castro Viana, sobre a grande personagem do dia, o maior poeta brasileiro, Antônio de Castro Alves. Dita palestra acabou sendo pronunciada no mesmo horário, porém no próprio Museu, enquanto que no Conselho era Francisco Miguel de Moura, um dos maiores fãs do poeta baiano, quem recitava o poema de Castro Alves “A Tarde” – umas das mais belas exaltações da natureza que se conhece em poesia – e tecia ligeiros comentários estilísticos sobre o referido poema lírico-dramático, sendo secundado pelo Presidente, Prof. Paulo Nunes. Lembra Francisco Miguel de Moura que escreveu um trabalho denominado “A Poesia Dramática de Castro Alves”, que foi lido na Academia Piauiense de Letras, por ocasião do sesquicentenário do poeta, e publicado em plaqueta, justo para chamar a atenção dos dramaturgos piauienses sobre os excelentes elementos dramáticos da poesia de Castro Alves. Mas parece que suas palavras não tiveram eco. Até agora ninguém se abalançou a adaptar o poema “A Cachoeira de Paulo Afonso” para o teatro, empreendimento que julga ser por demais necessário e urgente.
A competente e educada Dorinha Medeiros, diretora do Museu do Piauí, e o zeloso amante das artes, José Elias de Área Leão, Conselheiro do Conselho Estadual de Cultura, tomaram a iniciativa de fazer a exposição de poemas de autores piauienses vivos e mortos, e de fato o fizeram, contando com a anuência da atual presidente da FUNDEC, Profª Aldenora Mesquita. Levaram lá estudantes e professores. Declararam aos jornais que estavam fazendo essa homenagem ao Dia da Poesia. Mas foi como se nada tivesse acontecido.
Embora com grande atraso, estamos levando ao conhecimento dos nossos leitores, o acontecimento, isto é, a exposição de poemas. Porque achamos que nada houve de melhor no gênero, mesmo uma outra amostra que foi rapidamente colocada na tevê, através do programa da Mara Beatriz.
Os poemas expostos no Museu do Piauí, no Dia da Poesia, e seus respectivos autores, foram os seguintes: Alda Caddah – “Pássaro felino”; Almir Fonseca – “Soneto”; Carvalho Neto – “Poema de louvor a Amarante”; Cinéas Santos – “Teresina”; Clóvis Moura – “O rio Parnaíba”; Da Costa e Silva – “Saudade”; Dina Magalhães – “Você me reconheceria”; Elias Paz e Silva - Sem título; Elmar Carvalho – “Enigma”; Félix Pacheco – “Símbolo d’arte”; Francisco Miguel de Moura – “Nunca mais”; H. Dobal – “Efêmera”; Hardi Filho – “Artista”; Herculano Moraes – “Cantigas de minha terra”; Isabel Vilhena – “A borboleta”; João Ferry – “Não se pode”; Lucídio Freitas – “Teresina apagou-se”; Mário Faustino – “Soneto”; Martins Napoleão – “Último soneto”; Melquisedeque Viana – “Suplica”; Paulo Machado – “Caminho solitariamente...”; R. Petit – “Papagaios de papel”; Torquato Neto – “O poeta é a mãe das armas”; Zito Batista – “Meu coração”; William Melo Soares – “Rua abaixo lua acima”.
Foi uma bela mostra. Quem perdeu, não sabe o que perdeu. Muito melhor do que ver o programa televisivo “Casa dos Artistas” ou seu irmão siamês da rede Globo, do mesmo horário. Juro por Deus.
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*Francisco Miguel de Moura é escritor, mora em Teresina (Av. Juiz João Almeida, 1750 – CEP:64049-650). Fones: (86) 233-5218 e 233-8329. e-mail: franciscomiguelmoura@ig.com.br
