No capítulo cinco do Evangelho segundo Marcos, está escrita a biografia sucinta de doze anos de vida de uma mulher. Era portadora de hemorragia contínua. Carregava grande sofrimento. Gastara tudo o que possuía nas mãos dos médicos. Não tinha alívio. A ferida física - a hemorragia - remetera aquela mulher para uma profunda ferida psicológica - a segregação; e para uma ferida emocional sem tamanho - a solidão. Considerada impura pela Lei, fora condenada a tornar-se prisioneira de si mesma. Fechara-se. Encaracolara-se.
Um dia, porém, ela ouviu falar de Jesus. Tomou a decisão. Saiu de si e foi ao seu encontro.
Era grande a multidão. Aproximou-se por detrás (ela também não podia olhar, olhos nos olhos), e tocou-lhe o manto (porque tocando o manto, pensava ela: toco no próprio Jesus). E o milagre aconteceu. A hemorragia estancou instantaneamente. A ferida física que há doze anos a obrigara a um isolamento relacional, social, num simples toque desvaneceu-se, como cortina de fumaça soprada pelo vento. As barreiras da segregação e da solidão ruíram. E ela, por fim, voltou ao convívio da sociedade, à convivência com os seus.
Jesus não cura pela metade. A cura que ele realiza é total e abrangente: envolve o corpo, a alma, o coração, as emoções e os sentimentos. A experiência "do toque em Jesus" nos leva à cura física e espiritual, confirmada pelas suas palavras: "Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal" (Mc 5,34).
Você acredita que tudo é possível àquele que crê? Você tem a coragem de tomar a decisão, levantar-se, sair de si e ir ao encontro de Jesus?
A hora é agora. O minuto é este. O segundo é já. É aí mesmo onde você está. É esta a sua parte. O restante é com Jesus. Ele espera ansioso o toque do seu coração. E uma nova vida há de nascer!