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Poesias-->Carta Aberta ao Guri que fui -- 05/10/2000 - 00:13 (Moises Silveira De Menezes) |
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Quando vim de lá, trouxe quase tudo,
tudo o que cabia na velha mala sebruna
e nos anseios de horizontes largos.
Ficou um potro cabos negros
ausentado de quem cavalgava
“alpedo”, ao sabor dos ventos.
Ficaram os meus tão queridos
que ainda hoje, povoam meus recuerdos
junto a outras tantas bem querenças
que me foram acrescidas, pela estrada.
Ficou um amor não resolvido
eternizado em sonetos tolos e ingênuos.
Fui guri plantado a beira do rio
onde a prata dos lambaris
cintilava no ouro-sol do verão,
bailando ágeis pelas corredeiras,
emolduradas de aguapés e sarandís.
Na retina guardei imagens
de mal me queres desfolhadas,
gosto doce das frutas silvestres,
o aroma de anis e maçanilha
que compuseram sutil sinfonia
criando contornos as próprias ausências
e aconchegando as minhas distâncias.
Aos torvelinhos se intercalam na lembrança
lentas imagens da paisagem da querência,
capões de mato enclausurando centenárias casas
onde dormitam amarelados retratos nas paredes
como guardiões de uma história meio bruta
perenizada na dureza dos relatos.
Rios preguiçosos onde se espelham cerros grandes
e costeiros fantasmas perambulam
na boca larga dos causos e das lendas.
Deste cenário eu vim, partido, repartido
ombreando o fado de moldar sonho e destino
ao som longínquo de um calrin em retirada.
…
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