Chegando a cidade, Ana ficou encantada com tudo, o movimento, a casa, tudo pra ela era novo.
Logo que chegou o coronel foi falando:
-Senta aqui menina vamos ter uma conversa!
Ana estremeceu, ficou pálida, mas obedeceu. E assim ele começou a falar...
-Eulália não sabe da nossa real situação financeira e nem como tenho me virado para continuar cuidando de tudo, para manter as aparências. Por isso foi que trouxe voce, vai haver aqui uma festa e a prenda maior sera voce!
Ana ficou sem entender nada, e ele continuou:
-Voce hoje é muito valiosa, homens pagam muito por uma virgem. E voce alem de ser virgem, é bonita, tem carinha anjo e corpo de mulher, tenho certeza que vai me render bom dinheiro.
Nesse momento Ana teve vontade de avançar sobre ele, mata-lo. Sentiu ate enjoou, mas não pode reagir, so chorou.
A conversa terminou ai, tudo já estava marcado e Ana foi conduzida para um quarto lindo, grande onde outras garotas já experientes cuidaram dela.
Ana, por um instante ficou sozinha e chorou, chorou e novamente jurou que um dia tudo isso mudaria. Mas de momento nada podia fazer, a não ser obedecer.
A festa foi preparada, muitos coronéis convidados e muitas moças da vida, como eram chamadas estavam la, para ajudar e animar a festa.
Quando todos já tinham bebido muito, cantado, dançado e que foi anunciado o inicio do leilão e a prenda foi chamada.
Ana desce as escadas e estava linda, muito bem vestida, maquiada e penteada. Os coronéis pararam encantados ou diria estonteados com a beleza da donzela.
Ana sentia-se mal, mas como guerreira e jurando um dia tudo mudar enfrentou a tudo e todos e desfilou pelo salão guiada pelas mãos do coronel Josué.
Foi colocada sobre uma mesa, para que todos a pudessem ver, e começou o leilão.
Quem da mais gritava o coronel Josué....Quem da mais?
E assim foi, os coronéis já embriagados, tiravam volumosas quantias de dinheiros dos bolsos e gritavam: EU!!!
Ana sentiu nojo, ódio, repulsa, medo. Um misto de tudo, mas não chorou, so observou e cada vez mais repetia para si mesma a promessa de tudo aquilo mudar.
Finalmente a maior oferta foi dada e Ana foi conduzida ao seu comprador. Era um senhor de meia idade, cabelos grisalhos e que de tão embriagado teve que se apoiar em Ana.
O coronel Josué ofereceu um quarto para a grande noite e os dois subiram juntos e Ana ainda teve que ajudar a carregar o seu novo dono.
Chegando no quarto Ana joga o velhote na cama e suspira aliviada, pois naquela condição o homem com certeza não conseguiria fazer nada então ela ganharia mais tempo. E Ana tinha razão, em poucos minutos o velho dormia a sono solto e roncava feito um porco e foi ai que ele teve uma idéia.
Foi ate o banheiro colocou a camisola que estava preparada para aquela noite, e com muito nojo despiu o velhote e depois se deitou ao seu lado e dormiu calmamente.
Na manha seguinte o velho acorda e vê a bela Ana ainda dormindo, olha para os lados e fica imaginando o que teria acontecido, pois não conseguia se lembrar de nada.
Ana nesse momento acorda e o velho a olha e diz:
-Dormiu bem menina?
Ela afirma apenas com a cabeça e ele continua:
-Tudo aconteceu como teria que acontecer não é mesmo?
E Ana continuava afirmando e ele perguntando:
-Não fui rude com voce fui? Pois não consigo me lembrar de nada e estou morrendo de dor de cabeça.
Ana então resolve falar:
-Não se preocupe senhor tudo correu bem e embora não tenha experiência nenhuma acho que o senhor não foi rude, foi ate muito gentil e me prometeu que nunca mais terias nenhum contato, pois o senhor so queria mesmo minha virgindade.
Nesse momento o velho franze a testa e tenta lembrar do que aconteceu e também dessa promessa que Ana afirmava que ele tinha feito, mais por mais que tentasse não conseguia.
Ana continuava seu plano:
-O senhor ate me prometeu que se eu não contasse a ninguém da sua dificuldade o senhor me levaria embora para outra cidade par que nunca jamais ninguém saiba que o senhor não é tão bom nisso como todos pensam.
Nesse momento o velhote levantou-se andou pelo quarto por alguns minutos e voltando-se para Ana disse:
Tudo bem então se realmente voce promete nunca contar a ninguém eu vou cumprir minha parte no trato, se vista pegue suas coisas e vamos embora.
Ana não acreditava no que estava ouvindo, tinha dado certo o seu plano e agora ela poderia sair dali, sumir da presença do coronel Josué e começar uma vida nova.
Os dois desceram as escadas, Ana com as malas na mão e o velhote com ares de quem tinha feito o melhor negocia da vida.
O Coronel Josué o convida para o desjejum e ele educadamente se nega e diz que tem pressa. Então o coronel os acompanha ate a porta e deseja boa viagem, mais puxa o velhote pelo braço e pergunta:
-Esta tudo bem, correu tudo bem?
E o velhote com seu orgulho ferido por não lembrar de nada, mas tendo que manter sua fama entre os coronéis diz:
-Melhor teria sido impossível, ela é uma mulher agora e eu um homem realizado. E te que agradecer a você por isso meu amigo sorriu e seguiu com Ana para o automóvel que os aguardava.
Eles viajaram durante todo o dia ate que o automóvel parou na Estação de Trem e o velhote disse a Ana que ali era o fim da viagem, deu-lhe algum dinheiro e disse-lhe para nunca mais voltar, sumir para sempre e que se caso um dia voltasse e contasse algo ele a mataria.
Ana pegou o dinheiro, desceu do carro e prometeu que jamais voltaria e seguiu em direção da Estação.
Ana não sabia o que fazer agora, nem para onde ir, olhou para a tabuleta e procurou uma cidade que ela tivesse algum conhecimento atraves das revistas e livros da Dona Eulália e então sorriu, la estava seu destino, “SÃO PAULO”.
E assim Ana comprou a passagem, se acomodou no trem e pela janela observava a paisagem. Quando de repente um senhor pede licença e sentasse ao seu lado. Ana simplesmente o olhou e voltou a admirar a paisagem, a noite chegou e Ana estava com fome e resolveu ir ate o restaurante jantar e quando pediu licença a aquele senhor teve como resposta:
-Vai jantar? Daria-me a honra de acompanha-la?
Ana ficou meio que sem ter o que dizer e so conseguiu sorrir então os dois caminharam juntos em direção ao restaurante.
Lá chegando o homem que a acompanhava, puxou a cadeira num gesto de educação e assim começou a nova fase na vida de Ana.
Já sentados o homem lhe diz:
-Meu nome é Gustavo e o seu senhorita?
Ana fica envaidecida com tanta educação e responde:
-Meu nome é Ana senhor!
Nesse momento ele sorri e diz:
-Lindo nome voce tem Ana, mas vamos deixar as formalidades de lado e parar com isso de senhor, pois nem sou tão velho assim.
E os dois riem desse comentário e ai começa uma longa conversa onde Ana conta varias mentiras, pois não deseja nunca que alguém saiba da sua vida e de como veio parar ali naquele trem.
O jantar segue animado, boa comida, bom vinho e a conversa de Gustavo eram muito agradáveis. Ate que vem uma pergunta que Ana ficou sem saber o que dizer.
-Esta indo a São Paulo a negócios ou a passeio?
Ana fica muda por alguns instantes e tenta pensar numa saída para aquela situação, e então responde:
-A principio penso em passeio, mas se conseguir bom emprego me estabeleço por la.
Gustavo sorriu e novamente perguntou:
-Que tipo de emprego voce procura?
Ana novamente não tinha a resposta e foi ai que se lembrou de Dona Eulália e respondeu:
-Por muito tempo cuide de uma senhora, lia, fazia companhia e ajudava no que fosse necessário.
Nesse momento Gustavo com largo sorriso responde:
-Entao, acho que posso ajudar voce! Tenho uma amiga que viaja muito e esta a procura de alguém que cuide de sua mãe, pois já é uma senhora de idade avançada e necessita de cuidados especiais, interessa a voce?
Ana sorriu e sem pensar duas vezes, disse que sim.
-Otimo então, chegando a São Paulo te levo ate a casa delas e te apresento se vocês se entenderem terei então a certeza de que tão cedo não vou perder voce de vista.
Ana estava feliz e ao mesmo tempo insegura, pois se as pessoas pedissem referencias com certeza todo seu passado viria a tona, mas ela teria que arrisca e afinal de contas esse não seria o primeiro e nem os últimos dos desafios de sua vida.
