Quero olhar teus olhos tão distantes
E sentir na tua voz aquele afago
Que sempre desejei... Não obstante,
O mar de incertezas que, ora, trago
Dentro de mim, mais nos separa...
Um deserto de ilusões que se estendeu
Não tem, sequer, oásis...
Tão distante ficamos... Tão árido
Esse afeto, tão belo florescido
Mas condenado, nem bem nascido...
O vento quente da desilusão
Nos encobriu e separou...
Perdemos entre sombras nossos vultos,
Agora tão dispersos pelo mundo...
Tão tarde já se faz o tempo!
Não podemos jamais nos encontrar...
Como pássaros voamos, nem bem nos vimos
Em outra revoada, um dia nos cruzamos,
As nossas asas frágeis se tocando
Um sentimento nos deixou ficar...
E hoje, sonho pelas madrugadas,
Ao romper do dia, e a passarada
Quero ver passar... Quem sabe,
Se aqui ficar, em outra escalada,
Novamente nossas asas vão tocar
Uma na outra... Tenho esperança,
E minha espera é grande...
Pois, eu sinto, assim como guardei,
Sei que estarei na tua lembrança
Daquele amanhecer dourado,
Daquele despertar enamorado
De nossos corações, que ficou...
E, sobre ti descerei as asas da saudade,
Envolverei meus sonhos em teus braços
Com um carinho que o tempo secular guardou!...
_____________________________________________ |