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Artigos-->J. Coriolano - O Rei dos Poetas Piauienses -- 02/08/2020 - 17:09 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

          J. CORIOLANO – “O REI DOS POETAS PIAUIENSES”

                                                                   Francisco Miguel de Moura*

          Sobre J. Coriolano, eu tenho que repetir um pouco do muito que já  escrevi em outras partes. É ele, sem dúvida, o primeiro poeta piauiense romântico. E é bem brasileiro, pois que segue os românticos como Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Fagundes Varela  e Castro Alves com o seu poema épico, “O Touro Fusco”.  Seguiu-os sem imitá-los. Piauiense sim, não importa que tenha nascido em região que nos foi tomada pelo Ceará, questão que volta a ser debate nas altas esferas, para que possamos reavê-la. Por sorte, caiu-me às mãos, já há alguns anos, os originais de uma minibiografia assinada por seus trinetos Ivens Roberto de Araújo Mourão e Raimundo Nonato Mourão, digitada e não publicada, e é dela que me valho mais precisamente neste ensaio sobre o assunto. José Coriolano nasceu em Crateús, em 29 de outubro de 1829, onde passou sua infância. Aos 16 anos mudou-se para São Raimundo Nonato-PI, na companhia do irmão Pe. Sebastião Ribeiro Lima, vigário da cidade. Em versos cantou sua mudança:

         “Dos pátrios lares saudoso, / Chorando me despedia/ Saudoso, meus pais deixava, /A longe sertão partia. // Dos meus irmãos me apartava, / Deles que tanto queria, /Por seguir a um somente /Que triste também partia”

          Com 22 anos, em 1851, foi para São Luís – MA, onde faria os preparatórios ao curso Humanidades. Com saudade de sua amada, escreveu já na forma de decassílabos, versos inspirados, como “Eu careço de ti ó minha amada, / como da rotação carece a terra, / como d’alma carece o corpo imbele, / como o mundo - de tudo quanto encerra. // Eu careço da luz desses teus olhos, / como as plantas da luz do sol carecem, / e da gota de orvalho a flor do prado.” Era realmente o poeta da natureza, A. Tito Filho tinha razão. Em 1864, já em Olinda- PE, veio concluir o estudo de Humanidades e no ano seguinte matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife-PE.   Em 1859, com 30 anos, casou-se em Crateús-CE, com seu único e grande amor, retornando a Pernambuco logo após o casamento, em companhia de sua esposa.  Era um apaixonado por sua Maria, cantando em seu poema “Eu amo-te, Maria”, com versos assim: “Sim , Maria, meu anjo, terno encanto! / Quanto te amo, dizer não sei, não sei não posso/ É amor que não pode ser descrito / Porém nele o rigor d’ausência adoça!”

         

                   

       

          Os autores da biografia citada consideram J. Coriolano como o “Rei dos Poetas Piauienses” e solicitam que ele seja um dos eleitos para figurar em uma série das revistas “Figuras Notáveis da História do Piauí”, que a Academia Piauiense de Letras estava editando juntamente com o jornal “Meio Norte”. Infelizmente não aconteceu, por questões editoriais que não cabe expor aqui. Os autores dessas informações declaram que receberam todos os dados de seu pai, Alexandre Sauly Mourão, bisneto de José Coriolano de Souza Lima e que a “Revista da Academia Piauiense de Letras”, editada em agosto de 1938, registra a menção de que José Coriolano, no seu século, era considerado o “Rei dos Poetas Piauienses”. Repetindo, pela minibiografia, informamos que José Coriolano de Souza Lima, Patrono da Cadeira nº 8, da APL, tem como atual ocupante o poeta e escritor Francisco Miguel de Moura e, como antecessores deste, pela ordem, os imortais Antônio Chaves, Breno Pinheiro, Celso Pinheiro Filho e Francisco da Cunha e Silva.

          José Coriolano de Souza Lima (J. Coriolano) é um dos grandes poetas piauienses porque em sua época (1829-1869), sua cidade natal, Crateús, pertencia ao Estado do Piauí.  Os autores da biografia em que me apoio dão também como traços biográficos importantes, os seguintes, referentes à sua ascendência e descendência:  “José Coriolano foi o 7º (sétimo) e último filho do casal Gonçalo Correia Lima e Anna Rosa Bezerra. Descendia do primeiro Mourão cearense, de nome Alexandre da Silva Mourão. A sua avó paterna, Joana Batista Correia Lima, era neta desse primeiro Mourão cearense, filha única da única filha do primeiro casamento do mesmo, Maria Coelho Franca”.

          Como era comum naquele tempo, aos 10 anos de idade fora prometido em casamento a sua sobrinha Maria Cisalpina Correia Lima - filha de seu irmão Gonçalo Pereira Lima, cuja esposa tinha o nome Gonçala Correia Lima. O prometido pelos pais foi cumprido: o casamento de José Coriolano, em 24-01-1859. Este acontecimento foi dito em um dos seus poemas: “Eu contava dous lustros, tu dous anos / Quando nosso himeneu foi resolvido”.O casal teve 5 filhos: Ana Rosa, Maria Gerson, Joana, José Coriolano e Josefa. Os 2(dois) últimos faleceram ainda crianças; os 2 (dois) primeiros tiveram descendência e Joana era paralítica e faleceu solteira.         

          J. Coriolano conclui o curso de Direito, em Recife, recebendo o diploma de bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas, no dia 15-12-l859, logo retornando ao Piauí. No ano seguinte foi eleito Deputado, tornando-se Vice-Presidente da Assembleia Provincial. Indicado para Promotor, vai exercer o cargo em Piracuruca-PI, em 1862, e tornou-se Juiz Municipal em Codó – MA, mudando-se depois para Pastos Bons, em 1864. Em 1865, novamente foi eleito Deputado, quando outra vez ocupa a cadeira de Presidente. Somente após o encerramento do período, assumiu sua função de Juiz, em Pastos Bons MA - deixando-o por motivo de doença. Em busca de saúde, volta para sua terra amada, Crateús, vindo a falecer em 24 de agosto de 1869. Seus restos mortais repousam na Matriz da Diocese de Crateús.

          Aqui encerraria o resumido relatório biográfico, não fosse necessidade de apontar 4 (quatro) fatos importantes de sua vida como poeta. A parte mais produtiva poeticamente se deu nos anos de Olinda-Recife (PE), onde publicava na imprensa da época.  1º) Foi em Recife que escreveu sua obra prima “O Touro Fusco”, um primor de poesia, igualável ao que houve de melhor no seu tempo e que é indelével para todos os tempos. 2º) O poema, sob a forma de folhetim, foi publicado em Recife, em 1859, tornando-se assim, a partir daquela obra, o único e grande poeta piauiense a disputar a primazia de haver publicado em outro Estado, justamente em Recife, considerada a capital da cultura do Brasil da época. 3º) Foi o primeiro piauiense a ser citado na História da Literatura do Brasil, de Sílvio Romero.  4º)   Outro fato digno de nota é que, não obstante vir publicando vários poemas na imprensa do Piauí e de Recife, sua obra “Impressões e Gemidos” só veio a lume em 1870, depois da morte do autor, por virtude e reconhecimento do jornalista e intelectual David Moreira Caldas, que também fez o prefácio, uma apresentação digna de um grande intelectual e crítico literário. A partir daí a literatura do Brasil passou a existir em pé de igualdade como as outras, a nacional e as regionais.

                                      

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