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Artigos-->O Meu amor Lúbrico -- 10/05/2002 - 17:08 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
AMOR LÚBRICO

(por Domingos Oliveira Medeiros)



Estudávamos na mesma faculdade, porém em cursos distintos. Uma vez por semana, no entanto, eu fazia uma disciplina opcional, na mesma sala onde ela estudava.. Foi quando a vi pela primeira vez. A sua entrada na sala deixou-me um pouco nervoso. Um leve nervosismo.. Vi primeiro o seu vulto, e arrisquei um rápido olhar. Desses olhares que quase nada a gente consegue ver. Um olhar entre a curiosidade e a indiferença. Mas quando ela caminhou em direção à carteira, para acomodar-se, seu andar me envolveu. Seus movimentos, suas mãos, sei lá, havia alguma coisa especial, diferente.



Quando ela sentou não resisti a tentação. E meu olhar esgueirou-se, sorrateiramente, na direção do seu rosto. E nos olhamos, sem querer, e ao mesmo tempo. Como se tivéssemos combinado. Mas foi um entreolhar rápido. O suficiente apenas para esboçar um leve sorriso. Esboço que, por alguns segundos, confesso, me deixou apreensivo. Qual seria o retorno? Mil coisas se passaram em meus pensamentos. Eu deveria? Não seria precipitação?Seria ela casada ou compromissada? Mas, espere um pouco, você não matou ninguém! Foi apenas um olhar.



Enquanto eu me debatia com os meus pensamentos ela resolveu tudo: retribuiu o sorriso. Fiquei aliviado. E voltamos nossa atenção para a aula. Que olhos! Que cores seriam? Não deu para ver direito. Mas eu achava seus olhos muito bonitos. Seriam pelo brilho? Enfim, a aula terminou e eu fiquei sem saber se havia tido aula. Nem vi o professor ir embora. Quando olhei para trás, ela tinha saído. Talvez ido ao banheiro. Resolvi ficar na sala. Novo professor. Sentei-me ao seu lado. Com sua permissão. E disse que gostaria de conversar com ela mais tarde. Depois da aula. Ela perguntou de que se tratava. E eu disse que precisava, se fosse possível, de alguma orientação a respeito daquela disciplina que ali cursava. Ela prontificou-se a me ajudar. E marcamos logo um encontro. Na outra semana.



E assim, de encontro em encontro, de conversa em conversa, começamos a nos conhecer melhor. Já nos identificávamos em muitos aspectos. Fomos ao cinema, andamos no parque, fomos a vários lugares. Éramos, no início, bons amigos. Eu não a forçava a nada. Não tinha coragem. Tinha medo de perdê-la. Ela deixava bem claro que não fazia parte de um grupo de jovens vulgares. Imediatistas sexuais. Sem sensibilidade. Sem princípios. Vazias. Era uma situação meio careta, confesso. Eu nunca tinha passado por uma experiência igual. A rotina era sempre a mesma. Troca de olhar. Conversa maliciosa. Cinema ou bar. E motel.



Mas agora parece que eu tinha esquecido de todas as estratégias. E o pior é que eu estava gostando daquilo. Mais tarde, bem mais tarde, descobri. Estávamos apaixonados. E resolvemos nos confessar. E assumimos a situação. Ela não tinha parentes na cidade. E poucos na cidade de origem. E resolvemos casar. Ou melhor, fizemos uma experiência. Fomos morar juntos. E estamos assim até hoje. Mas não esqueço a primeira vez que dormimos juntos. Ela estava muito bonita. E muito nervosa. Apesar de a gente ter desenvolvido uma relação muito franca. Muito respeitosa. E muito amorosa, também. Ninguém fazia tipo um com o outro. Éramos, digamos, autênticos, no sentido exato do termo, ou seja, verdadeiros. E, por isso, levamos para a relação nossos defeitos e nossas qualidades, com a promessa de tolerância. Sem forçar a barra um do outro. E assim vivemos muito tempo.



Mas a primeira noite ninguém esquece. Principalmente se ela atendeu às nossas expectativas. Entramos no apartamento. Fechamos as portas e acendemos as luzes; era uma iluminação discreta. Coloquei um CD de nossa preferência. Tiramos o excesso de roupa e ela sentou-se no sofá. Estava um pouco cansada. Eu também. Tínhamos ido dançar e jantar fora. Uma espécie de comemoração. No apartamento eu preparei uma bebida suave, como era de seu gosto, e outra para mim, além de alguns salgados para beliscar. E sentei-me ao seu lado. E ali ficamos desligados do mundo. Conversando. Relembrando fatos. Comentando o baile. Sorrindo e relaxando. A música começava a ser notada, primeiro com mais força, depois foi baixando, e nossa aproximação física foi aumentando. Abraçamo-nos. Trocamos algumas carícias. Mãos entrelaçadas. Vozes baixas, sussurros. Declarações de amor. De felicidade. Promessas. Algumas bobas, outras nem tanto. Seus olhos brilhavam com muita intensidade. E diziam tanta coisa!



Meu coração anunciava um ligeiro aumento de seus batimentos. Ou seria o dela encostado ao meu? Àquela altura resolvemos sentar no tapete. No chão. E voltamos a ouvir a música, que havíamos esquecido de ouvir. E nos beijamos. E nos acariciamos. Várias e várias vezes. Era o prelúdio. A fase mais importante do amor. Aos poucos e aos beijos fomos tirando nossas roupas. Fazia um pouco de calor. E nos levantamos. Fomos dançar. Bem juntinhos. Seu corpo passou refletido no espelho, quase um vulto, na pequena escuridão da sala. Começava a sentir o seu cheiro, depois o meu, e mais tarde era o nosso cheiro que tomava conta do ambiente. Beijos, muitos beijos. Abraços, muitos abraços. Carinhos, muitos carinhos. Sussurros , muitos sussurros. Quase não entendíamos o que dizíamos. Mas sentíamos o que falávamos. Declarações. Sentimentos. Promessas. E fomos para o quarto.



Estávamos completamente nus. As roupas ficaram pelos caminhos. Deitamos. Mais beijos, mais abraços, mais carícias. Eu apertava seu corpo, com suavidade, contra o meu. Ela me puxava contra o seu. Nossas mãos, vez por outra, se encontravam e se apertavam. Falavam, na sua linguagem, o quanto nos queríamos. Notei que ela estava aflita. Uma aflição consentida. E fomos para o ato do coito, propriamente dito. Sempre devagar. Sempre com cuidado. E nos misturamos. Nos entrelaçamos. E ficamos algum tempo parado, depois vieram os movimentos leves, nova troca de beijos, de carícias, de frases incompletas e, de certa forma, sem sentido, e fomos aumentando nossos movimentos.



Até que ela deu um leve grito e veio um suspiro junto com a frase “eu te amo”, o sinal por mim entendido, que nem sequer cheguei a responder, “eu tam.....’, e terminamos este nosso primeiro encontro. Esta nossa comemoração de um grande amor. E ficamos deitados. Sua cabeça encostada no meu peito. E conversamos muito e baixinho. Sobre tudo. Assuntos que fluíam naturalmente. E sempre tinha alguma coisa em comum com a gente. Enquanto conversávamos, notamos , de repente, que não havia mais ninguém além de nos dois. E não ficamos com medo. Ninguém do lado de fora do apartamento. Ninguém na rua onde morávamos. No bairro todo. Na cidade. No país? No mundo? E rimos bastante de nossas bobagens. E pegamos no sono. Coisas do amor. Do amor lúbrico.



DOM. 09 de maio de 2002 –atal.

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