Sábado, dia de ler um pouco mais que nos outros, li a crónica do Veríssimo no O Globo como faço todo dia. Desnecessário dizer que ele é o meu herói. A barriga e a careca eu já tenho, o resto vem com o tempo (duas ou três encarnações). Mas bem, procurando pelos cronistas do Jornal do Brasil esbarrei o mouse na Zero Hora e, quando vi, estava de novo na crónica do LFV (parece fixação). Como era diferente da que tinha lido antes, iniciei novamente a leitura. Mas para minha surpresa, notei que a data era 11.07.99. Ocorre que hoje é 10.07.99 e o bug do ano 2000 ainda não atacou. Ou atacou e eu não sei?
Lembro então de um velho hábito da Zero Hora que, sinceramente, não sei se virou moda. A edição dominical está disponível nas ruas por volta de 14:00 (ou já foi adiantada ?) de sábado. Há um tempo atrás notei que os assinantes do Correio Braziliense estavam recebendo a edição dominical por volta da meia noite. Ou pelo menos o pessoal da distribuição já estava se preparando. Algumas vezes consegui comprar em um posto de gasolina por volta de 2:00. Mas isto já não é possível, não sei porque. Achei que era a moda chegando aqui, mas depois vi que não.
Este adiantamento vem ocorrendo há pelo menos duas décadas e, lentamente, chegarão a eliminar a edição de sábado, pois não terá o menor sentido ler o jornal de sábado se o de domingo já está disponível. Acho que compraram uma fórmula de modernidade mas não souberam traduzir a receita. Ou será que estão em fase com o Japão? Cuidado, talvez aí esteja o dedo de alguma multinacional nipónica e assassina querendo nos desviar de nosso próprio fuso horário. Mas logo em Porto Alegre onde são tão ciosos de suas raízes.
Lembro que meu sogro se recusava a aderir. Comprava no sábado para não ficar sem, mas deixava o jornal intocado até a manhã de domingo, a melhor hora para a leitura dominical. Devo confessar que ler o jornal de domingo no final da noite de sábado pode ser interessante, mas o que ler no domingo? A Veja de terça?
Lembro do seriado Early Edition em que o protagonista sabe com antecedência os acontecimentos e corre para evitar catástrofes e me pergunto se aquelas notícias todas já efetivamente aconteceram ou são premonições. Talvez seja uma franquia, se bem que no seriado, a edição adiantada é privilégio (ou sina) apenas do protagonista. No seriado as notícias vão mudando ao longo do dia, na medida em que ele atua para contornar as situações desagradáveis. Será que isto também ocorre com a Zero Hora?
Será que as demais edições também estão sendo adiantadas? Se isto for verdade, corre-se o risco de se comprar hoje o jornal do próximo domingo. Fenómeno. Aliás este é um fenómeno parecido com os modelos de automóveis. Na falta do que anunciar, pois os carros durante muito tempo foram iguais, em outubro anunciavam o modelo do ano seguinte. A concorrência foi se acentuando e hoje, em julho, talvez já seja possível, comprar um automóvel do ano seguinte. Agora quando se fala em modelo de automóvel é necessário especificar o modelo (que perdeu o sentido) e o ano de fabricação. "Vendo Corcel II 99 98...", onde a segunda referência é o ano da efetiva fabricação. Da forma como anda a competição este ano compraremos automóveis 03 99, devendo-se observar que o bug do ano 2000 pode nos confundir. A diferença a que me refiro é de apenas 4 anos e não de 96.
De minha parte não vejo maiores problemas mas, só para evitar o pànico, talvez a Zero Hora pudesse colocar no jornal a data da impressão ou adotar a dupla anotação como nos automóveis.
