UM GATO FEROZ
Raul Pereira Monteiro
A minha filha Ana Rosa, A onça se sacudiu
Que é louca por passarinho, Pra testar o aprendizado,
Arrumou ruim vizinho, O gato em pulo estudado,
Um tal gato “coca-cola”. Qual meteoro fugiu.
Disse ser um bicho réles, Agora a rixa aumentou:
Mas seu tio Zé Monteiro, A onça se viu lesada,
Examinando o matreiro, Porque foi mal-ensinada,
Constatou que é o Gato-Félix. E o Gato-Félix “zarpou”.
O “Gato-Félix da Serra”, Essa estória Zé Monteiro
Como tal é conhecido, Narrou depressa a Ana Rosa.
Não será nem foi vencido Numa rica e doce prosa
Por nenhum bicho da terra. Pelo Gato feiticeiro.
A onça do Boqueirão, Chamou o felino de mestre,
Que é sua maior rival, Rei da fauna brasileira
Armou-lhe um salto mortal E ninguém dissesse asneira
Ele se sumiu do chão. Contra a vida do silvestre.
A onça num trato idiota, Ana Rosa revoltada
Propôs ao gato um acordo: Com a paixão de Zé Monteiro,
Pagar-lhe um enorme soldo Disse num ódio guerreiro
Por aulas de cambalhota. Por demais arrebatada:
O gato-mestre aceitou. Ele é mestre, eu professora.
Fez muita demonstração. Raça dele, aqui não medra:
Mas ocultou uma lição Inda que me falte pedra,
E depois se separou. Mato-o a cabo de vassoura.
Zé Monteiro, com tristeza
Me disse que estava só.
E tornava a Maceió,
Bem depressa, com certeza
Raul Pereira Monteiro (80 anos) Alegre e brincalhão. - Alagoano de Santana do Ipanema, radicado na Paraíba. Primeiro em Campina Grande depois em João Pessoa-Pb, onde reside atualmente. Agente Fiscal do Estado da Paraíba. Formado em Ciências Jurídicas. Poeta e escritor, com obras publicadas, inclusive um romance: “Quando a vida era mais doce”. Faz trovas, sonetos e poesias rimadas em geral. Obras: Mosaico Poético (poesia); Imagens do meu Caminho (poesia); Espinhos na Estrada (estórias diversas em prosa); Lembranças ( histórias do passado). No prelo: Nunca mais e Arengas Mesquinhas.
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