Deixemos de lado o tempo,
Pensemos em qualidade.;
Que coisa melhor existe
A nos dar felicidade?
Querido amigo escrevente
Não fique assaz ufanoso.;
Saiba que, dando motivo,
Vamos chamá-lo vaidoso.
— Estou tremendo de frio.
Quem me põe um agasalho? —
É bem isto que pedimos,
Quando de nosso trabalho?
Mais um pouco e terminamos.
Não nos apresse, contudo,
Pois nada existe perfeito
Que não tenha conteúdo.
Nosso trato é permanente,
Nosso serviço não erra.
Se não formos convincente,
O que mais será na Terra?
Aos poucos, vamos chegando
Ao final dos nossos versos.;
Por isso, estamos contentes:
Não somos seres perversos.
Não podíamos deixar
Passar a oportunidade:
Era preciso marcar
Nossa personalidade.
Aos poucos, os versos vão
O seu padrão melhorando,
Para alegria do irmão,
Que já já estará chorando.
Estou muito satisfeito
Com esta minha conduta:
Sinto o mundo, abro o peito.;
Corajoso, vou à luta.
Vamos terminar a décima,
P ra que possamos dizer
Que foi há quinze minutos
O começo do escrever.
Se não tivermos razão
Em ter de nos gloriar,
Esteja à vontade, irmão,
Para nos crucificar.
Estas quadras que fizemos
De modo tão escorreito
Demonstram, com esperteza,
Que algo temos dentro ao peito.
Vou terminar, amiguinho,
É hora das despedidas.;
Fique só mais um pouquinho:
Diga suas preces sentidas.
Agradeça a Deus por nós,
Fale deste nosso esforço,
“Dê que ouçamos sua voz”:
— É por vocês que eu mais torço.
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