Suicídio*
Suicídio: precisamos falar sobre isso.
"... Deixar de viver é uma saída considerada por muitos em momentos de crise. Embora ainda seja tabu admitir isso, a ideia de abandonar a vida aparece em pessoas de todas as idades. Em estudo com mais de 1.000 adolescentes em Santa Catarina, por exemplo, 14% admitiram já ter pensado seriamente em não mais viver. E esse número preocupante está abaixo do índice mundial, de cerca de 20% da população jovem. É evidente que há uma distância entre considerar o ato e tentar efetivamente executá-lo.
Entre profissionais de saúde mental, costuma-se falar em passos em relação a comportamentos suicidas. O primeiro é ter desejado estar morto ou ir dormir e não mais acordar (o que chamamos de ideação suicida passiva, considerado um sinal, mas de baixo risco, principalmente quando o pensamento é eventual. As perguntas para identificar o risco vão então em um crescente, que incluem pensamentos de se matar e a organização de planos para a realização desses pensamentos; e, depois, a intenção com data marcada e comportamentos concretos para terminar com a prória vida -- o que seriam as situações de maior risco.
A ligação do comportamento suicida com doenças mentais -- principalmente depressão e uso excessivo de bebidas alcoólicas -- é algo bastante estabelecido. Outros fatores relacionados incluem a exposição a situações de abuso, violência, isolamento emocional e dor crônica, assim como momentos de crise, icluindo término de ralacionamento, morte de pessoas próximas e até problemas financeiros -- todos relacionados com a sensação de falta de esperança.
Em resumo, o suicida tem determinantes complexos e não é incomum que características impuilsivas façam parte da equação, particularmente em homens, principalmente quando conjugadas ao consumo de álcool e outras drogas. Ao que parece, a impulsividade faz com que os homens, embora tentem menos do que as mulheres, sejam mais eficazes ao realizar o ato suicida do que elas..."
* Ilana Pinsky, psicóloga clínica, mestre, doutora e pós-doutora em psicologia médica, foi professora associada da Colúmbia University, e é pesquisadora visitante na City University of New York (Cuny), CB, 24/05/2020, Visto, lido e ouvido, p. 13.
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