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Cordel-->Nadando nas ÁGUAS DA POESIA -- 18/09/2004 - 18:43 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

NADANDO NAS ÀGUAS DA POESIA
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Faço uso do recurso das metáforas para mergulhar no encontro de dois rios- caudalosos e cristalinos -, ao mesmo tempo em que, emocionado, por força da correnteza de suas águas, confesso ter sido arrastado, e, agarrado aos galhos de doces lembranças, onde pude chegar, são e salvo, até o lugar mais profundo do meu tempo de menino.

Assim, pude recordar as boas alegrias da infância, da adolescência e juventude, que já tive um dia. Junto de meu pai, que também foi rio perene, e que hoje, encontra-se temporário, correndo nos céus, rumo à eternidade prometida pelo nosso rio maior: JESUS CRISTO.

Papai, se vivo fosse, certamente iria emocionar-se com a força das ÁGUAS DA POESIA, de José de Sousa Dantas, primeiramente. Por se tratar de um poeta de Pombal; e porque, seguramente, possui no corpo e na mente, refrescadas, as mesmas lembranças dos dias de banho no rio Piancó, na certa, afluente, de mesma nascente, das ÁGUAS DA POESIA.

As mesmas águas em que meu pai, tantas vezes, mergulhou com sua juventude e com os seus sonhos; águas encantadas que ali passavam, e ainda passam; que lhe rendeu histórias, que me contou, que me encantava; e ainda encantam.

Depois, na outra margem, papai agradeceria a DAUDETH BANDEIRA, por ser paraibano, como ele. Rio tão caudaloso e cristalino como o de DANTAS. Rio que corre na mesma região da criatividade e do apego ao belo. Rio que se renova, a todo instante. Águas que se misturam e se confundem com a própria essência da vida. A vida bem vivida. NAS ÁGUAS DA POESIA.

Águas profundas. Misteriosas. Exuberantes. Que despencam nos precipícios de nossas vidas. De nossos obstáculos. De nossas barreiras. Que só os poetas tão bem transformam-nos em belas cachoeiras. Aproveitando o mesmo curso das corredeiras. Criando formosas paisagens, para a vida inteira.

NAS ÁGUAS DA POESIA é um convite para nadar na imaginação e na reflexão harmônica e poderosa de seus versos. Um estrondo de contos e histórias de paixões grandiosas. Que fala de homens e mulheres.

E de coisas do sertão e do agreste. Dos impulsos incontidos do bom cabra-da-peste. Que enchem os pulmões e volta ao fundo do rio para buscar mais poesia. E mostrar ao mundo o quanto é bom sonhar. O quanto é bela e real a nossa fantasia. O elixir milagroso para a cura de todos os males. O remédio caseiro e homeopático que dá sentido à vida. Que nasce no meio do mato. No interior deste país grandioso, de fato. Vindo da serra altaneira. A sua história primeira. Que conto, agora.

Era uma vez, dois meninos. Dois rios pequeninos. Que cresceram e que cursos tomaram. E com o tempo, se aproximaram. E um grande rio, juntos, formaram.

Essa história está contada no livro “NAS AGUAS DA POESIA”, de DANTAS E DAUDETH.

Livro que, não posso deixar de registrar, patrocinado pela CAGEPA, a Companhia de Águas e Esgotos do Estado da Paraíba. Mas, é preciso ressaltar, não se trata de um patrocínio como outro qualquer: a oferta, pura e simples, de recursos para cobrir custos.

É muito mais do que isso. Há evidente envolvimento do Diretor-Presidente daquela Autarquia, o Sr. MANOEL DE DEUS ALVES, com o seu conteúdo.

Banhista, como todos nós, o citado diretor também mergulhou seus sonhos e suas impressões nas ÁGUAS DA POESIA. Nadou além dos simples objetivos da empresa. Foi ao fundo: Mostrou, acertadamente, que uma empresa, além dos aspectos de ordem meramente administrativos e econômicos, a par, repito, de seus objetivos traçados pelas diretrizes governamentais, possui uma função social. Diria, mais adequadamente, uma missão. E esta missão, de ordem cultural, é que dá o tom da grandeza de uma organização. Parabéns ao nosso MANOEL DE DEUS ALVES. E o nosso muito obrigado.

Ao DANTAS e ao DAUDETH,

Poetas bem formados e nordestinos. Escritores e amantes da cultura. Criados com farinha e rapadura. São dois rios, suntuosos, dois meninos. Representantes da poesia. Genuínos. Trazem, nas veias, a pura rima, a verdadeira. Dois astros, cordelistas de primeira.Rios perenes, que caminham o ano inteiro.Molhando o chão, regando a vida, nosso celeiro. JOSÉ DANTAS E DAUDETH BANDEIRA.

Resumo, finalmente, os pensamentos e as lembranças trazidos pela correnteza das ÀGUAS DA POESIA, desde os rios Tigre e Eufrates, nascedouro e berço da civilização ocidental, da escrita, da poesia e da comunicação, em geral; que deixaram escorrer suas águas pelo mundo afora, até Pombal, no rio Piancó, no mesmo Piancó, que, na liberdade envolta pelo imaginário de nossas mentes, fez, com o tempo, confluência no alto do Riacho da Boa Vista, em são José de Piranhas, no estado da Paraíba, berço natal de José de Sousa Dantas e de Manuel Bandeira de Caldas (Daudeth Bandeira), respectivamente, autores do livro de que se fala, NAS ÁGUAS DA POESIA.

Lembranças que remontam ao ano de 1908, de nascimento do meu companheiro (já falecido) e autor de meus dias, Anízio Medeiros. Pombalense, mestre de alfaiataria, músico (trombone de vara e violão).
Poeta e sonhador, que passou grande parte de sua vida “assobiando” para o destino, com seus amigos boêmios, políticos e componentes do Bando da Lua, orquestra que levou alegria para tantas cidades paraibanas.

Foi assim que, em Sousa, por ocasião das comemorações da festa de sua padroeira (NS dos Remédios, se não me falha a memória). Papai, então viúvo de sua primeira esposa, Anatildes Gadelha, tocava no coreto, em forma de cilindro, de cor verde, desbotada pelo tempo e pelas águas da chuva, na praça principal daquele município, próximo à igreja local, quando enamorou-se de minha mãe, sua segunda esposa, Maria do Socorro.

Uma menina, que vestia, ainda, a farda do colégio normal. Filha de Francisco Pereira, Chico Pereira, ou, para os mais íntimos, “Seu Xixi”. Um pequeno comerciante, que tinha uma pequena propriedade, onde criava boi, carneiro e porco para vender a carne no açougue de sua propriedade. Chamavam-no de “machante”, pessoa que meche com carne.

Vovô Xixi, conforme dizia papai, era parente dos “Pereira”, dos cangaceiros. Na sua casa, a mesma da mamãe, obviamente, recebia, com freqüência, os cabras de Lampião, dando-lhes de beber e de comer, toda vez que por aquelas bandas o grupo (e seu chefe) passava nas investidas contra os seus desafetos.

Papai morou em Sousa algum tempo. Mas, logo em seguida, não resistiu às saudades, e voltou para Pombal. Ali, como sempre, viveu de sua arte, a alfaiataria, com quatro ou cinco empregados. Vez por outra, fechava o recinto, e ia com eles tomar banho no rio Piancó, levando “arribaçã assada”, como tira-gosto; e sua garrafinha de cachaça, “da boa”, como sempre, que ninguém é de ferro; além, é claro, do seu violão.

Ali ficavam até o anoitecer, cantando, recitando versos e proseando. “Brincando”, como papai costumava dizer. É de lá algumas poesias que recitava para mim, várias vezes, sempre que me contava suas histórias.

Uma delas, “Cacimba”, que falava do mesmo tema, ÁGUA, atribuída ao poeta de nome Zé da Luz que, a seguir rememoro:

“Tá vendo aquela cacimba? Que fica na ribanceira? Que fica pru dibaixo. De um pé de tamarineira? Pois toda dimanhãzinha, De moça forma aquela tuia. Prumode na cacimbinha. Tomar banho de cuia.

Eu não sei nem lhe dizê. Pruquê as água daquela nascente. Tem um gostim diferente. Das águas de si bebê! Nem é saigada, nem é inssôssa. Tem um gostim de suor. Dos suvacos dessas moça.

E quando ispio minha cara. Naquela água tão clara. Que vejo, torno a ispiá. Desejo, pra que negar? Desejo ser um cassote, (sapo). Dos óios desse tamanho! Só pra vê esse magote. De moça tomando banho.”

Outra que papai gostava de recitar, no dizer do matuto:

“menina me arresponda. Sem se ri e sem chorar. Pruquê vancê se arremexe. Quando vê homem passar? Fica toda remexendo. Remexendo sem parar
Tu pensa que nóis homem. Num tem ôi (olho) e num tá vendo? Mas se eu fosse artoridade. E tivesse argum valor. Eu butava na cadeia. Esse teu remexedô. E depois que ele tivesse. Lá dentro, bem amarrado. Eu dizia: minha neguinha! Remexe pro delegado!..”

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“NAS ÁGUAS DA POESIA”, é mais uma obra dessas que não pode deixar de compor o acervo das pessoas que admiram a boa arte do dizer em versos. Um deleite para quem gosta da boa rima, com harmonia e com inteligência. Sem retirar os pés do chão da humildade e da simplicidade, irmãs da sabedoria.

Além disso, trata-se de um manual, para quem gosta, e é iniciante na arte de escrever poesia. Pela diversidade de frases, de temas, de rimas, de orações... é, finalmente, um mar de pensamentos e de reflexões para todos nós, que olhamos a vida pelo borbulhar das águas calmas e serenas dos rios que passam em nossas vidas, arrastando, em correntezas cada vez mais depressa, o tempo presente, passado e futuro, que irá desembocar, um dia, no oceano de nossos últimos sonhos.

Que Deus continue, como até agora parece, parceiro de seus versos. Como, de resto, de todos os poetas

Obrigado aos companheiros e conterrâneos DANTAS e DAUDETH.

18 de setembro de 2004










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