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Cordel-->UM CORDEL MAL ACABADO -- 16/09/2004 - 20:59 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

UM CORDEL MAL ACABADO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Um governo enrolado. Um cidadão aborrecido. Um eleitor traído. Um poeta indignado. Um titular convencido. Um contador de história. O homem perdeu a memória. Abandonou sua luta. E quase que eu disse agora. Aquela sua labuta. Virou apenas bravata. Mudou de opinião. Do vinho para o vinagre. Retirou o macacão. Agora usa gravata. E anda de avião. Avião particular. Já conhece o mundo inteiro. Arrumou novos amigos. Distribuiu o dinheiro. Dinheiro do pagamento. De imposto, do orçamento. Tirou da boca do povo. Pobre povo brasileiro. Que é isso, presidente? Que é isso, companheiro?

É medida provisória. Ou esforço concentrado. É emprego temporário. Nenhum programa dá certo. Nenhum projeto é votado. Nada urgente ou relevante. Segue, o governo, adiante. No clima da primavera. Vendo tudo colorido. Volta ao tempo do Fernando. Daquele e daquele outro. ACM dando as cartas. Sarney também vai jogando. Todo mundo dá palpite. E o juro aumentando. E o vice reclamando. E o Zé Dirceu já falou. Já falou e também disse. Cuspiu cobra e lagarto. Sobre a nossa economia. Que por ele, anda mal. No rumo da fantasia.

Canta o povo sofrido. Esperando o resultado. O futuro almejado. Tantas vezes adiado. Tantas vezes prometido. A todo e qualquer instante. Na fala do presidente. No futuro do presente. No particípio passado. Nunca ele está presente. Muda sempre de endereço. Cada dia mais pra frente. Espera o povo contente. Na visão do presidente.

Não importa mais o dia. Sempre há um feriado. No meio da brincadeira. Mais um dia enforcado. Na sala, a televisão. A notícia do jornal. O programa do Faustão. O churrasco e a faxina. O arroz e o feijão. A conversa na esquina. Em torno da eleição. Se o pleito fosse hoje. Eis a grande questão. Em quem você votaria? Pesquisa de opinião. Registrada em cartório. Não é brincadeira não. Aponta o vencedor. Mostra sua posição. A barbada escolhida. Com margem de segurança. Reforçada a confiança. Quem vai apostar primeiro? Vive o povo de ilusão. Vive o povo brasileiro.

Na fila da estação. Esperando pelo trem. Que chega atrasado ou não vem. Sentado no bagageiro. Sem trabalho e sem dinheiro. Pensando no resultado. De mais um comissão. CPI do BANESTADO. CPI do Waldomiro. Do morcego de plantão. O processo anda parado. Talvez até arquivado. A lista é muito grande. Tem juiz e deputado. Banqueiro e doleiro. E cargo comissionado. Mas a festa continua. Eleição Municipal. Nada de muito apressado. Tudo é negociado. O inimigo é amigo. Do peito e do coração. O Brasil acima de tudo. Só por força de expressão.

Isso irrita o eleitorado. Embora acostumado. Não acha que seja normal. É pura imoralidade. Falta de personalidade. E, no fundo, pega mal. Mas o assunto em comento. Muda o tom da rebeldia. Milagre do crescimento. Que há muito não se via. Crescimento sustentado. Por uma dívida crescente. Em progressão geométrica. Ofende a moral e a ética. O povo que se arrebente. O país endividado. E o presidente otimista. Buscando a celebridade. A sua credibilidade. Junto ao mundo inteiro. Ao mercado financeiro. Somos bons pagadores. Junto aos nossos credores. Sempre temos mais dinheiro.

Vai assim o bate-papo. Quem será o campeão? O assunto é seleção. Da camisa amarela. E do hino brasileiro. Que amarela de montão. Joga mal em amistoso. Mas é pentacampeão. No rádio a mesma notícia. Todo mundo ansioso. Esperando o resultado. Daquela reunião. Com medo do bicho papão. Com medo e muito cuidado. Sai da boca do dragão. O calor do inusitado. Aumento da inflação. Sobe a taxa Selic. Notícia da cotação. Pra agradar o patrão. O juro reajustado. E o preço da gasolina. Só depois da eleição. O boi ficará mais brabo. Derrubará o peão.

O Brasil é um celeiro. Orgulho do brasileiro. Nada falta nessas bandas. Nunca fomos tão felizes. Diz o nosso justiceiro. Só não temos liberdade. E emprego o ano inteiro. Não se faz investimento. Apesar do crescimento. Piora a economia. Distribuição de riqueza. Junto à população. Que anda com a barriga. Sem nada dentro, vazia. Sem arroz e sem feijão. Se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão!

Presídio superlotado. O crime, agora compensa. O crime dá resultado. É essa a nova crença. O criminoso é protegido. O processo é demorado. Ainda não foi julgado. Nem proferida a sentença. Se transitado em julgado. Pode concorrer à vaga. De vereador ou prefeito. E a coisa fica no jeito. Melhor que a liberdade. Passa a ser vossa excelência. E ganha imunidade. Status de ministro. Foro muito especial. Igual ao do presidente. Do nosso Banco Central. Depois chega a deputado, no Congresso Nacional. Monta a sua bancada, onde tudo é planejado. Junto à toda sua turma. A do crime organizado.

E se também for formado. For bacharel em direito. For um bom advogado. Quem sabe daqui mais pra frente, ele será nomeado, pelo nosso Presidente? Por indicação nominal, para ser o presidente do Supremo Tribunal.Assim caminha a humanidade. No clima da propaganda. Nada além da embalagem. Tudo será provisório. Em nome da politicagem. Miséria pouca é bobagem.

Viva o Duda Mendonça. Viva a publicidade. Viva o amigo da onça. Viva nossa liberdade. Viva o mundo inteiro. Viva o nosso companheiro. Viva toda a nação. O Iraque e a Palestina. E o Afeganistão. Viva o Bush farceiro. Viva o rei da invasão. Vivo é o Bin Laden. Que está fora da prisão.

Morte ao terrorismo. Ao nazismo e ao fascismo. E também ao comunismo. E a toda democracia. Que faz o povo de bobo. A criancinha e o lobo. Pra que serve essa boquinha? Falta comida no globo. A fome não se contenta. A fome não se alimenta. De palavras e discursos. A gente não quer só comida. A paz é o belo da vida. Sou pelo desarmamento. De ânimos e de canhões. Sou pela ecologia. Entre o céu e a terra.

Sou amor e poesia. Sou pela reconstrução. Pela civilização. Cultura e educação. Reconstruir nosso mundo. Sou pela fraternidade. Exercício da caridade. Respeito à diversidade. À liberdade de expressão. Cultura e religião. Às leis e a soberania. Dos povos, da comunidade. Quem sabe, talvez, algum dia. Faça-se a luz da utopia.

16 de Setembro de 2004

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