A minha alma beija tão de mansinho
A tua alma, sem que mesmo te apercebas...
E, leva a ti, com todo meu carinho,
Sobras do sonho que se avolumou,
Gotas da aurora que nos transbordou
No tempo, que vai longe no caminho!...
Que momento sublime ao nos cruzarmos!
Final de tarde morna... Lá na serra...
Eu surgi diáfana, branca e bela,
Tendo as estrelas nos longos cabelos!
Tu te exultaste ao me ver tão simples!
Enrubesceste afogueando o céu...
E, ao te ver, meu rosto avermelhado,
Nós refletimos como enamorados
As duas faces dos grandes amores!
Comigo vinha a paz dos sonhadores!...
E formamos, então, nesse momento,
Um grande laço envolvendo o mundo,
Como a cingir num entrelaçamento,
Início e fim, razão e sentimento...
Missão maior movendo nossa vida...
Lição igual, também nos separando...
E desde então,
Chegas bem cedo para me ver partir...
Estou desperta quando vais dormir...
Sempre alternados são nossos momentos!
Umas vezes, nós dois mais fulgurantes...
Outras vezes, mais tristes, apagados...
E, então, o céu derrama nossa lágrima,
Deixando a vida toda acinzentada!
Muitas vezes vaguei pelos espaços,
Iluminando os rios,
Devassando a mata!
Buscando a aurora após um céu de prata!
Tremi de frio num imenso vazio
Ao ver as folhas tapetarem o chão...
Mas, sempre volto dentro de um clarão!
Ora plena de luz, ora tremente,
Buscando as tardes densas, coloridas,
Mostrar-me a face mais forte da vida,
Encher de luz o mundo e o coração!...
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