Passamos...
A infância dos sonhos,
A juventude... Depois a mocidade...
Nada notamos... Só passamos
Como águas trêmulas, derramando
Seus receios por entre as pedras dos caminhos,
Cobrindo as ervas tão pequenas,
Desaparecendo entre os matagais...
Mas, seguimos, inquietos, deixando pelos lados
As coisas que não nos podiam pertencer:
Lembranças queridas, amizades, ansiedades...
Os sonhos, aquela miragem que nos impulsionava
E sempre nos fugia... Esses, cintilavam
Como estrelas, nas nossas noites mais densas.
Passamos por entre as nuvens, a rodopiar
Com o vento, subindo, subindo
Com as nossas aspirações,
Para, às vezes, numa parada, cansada,
Descer em vertigens, quase a desintegrar...
Somos como a folha que se desprendeu,
Sem pouso, sem rumo, vagando pelo espaço...
Somos como a borboleta, irisada de cores,
Alada e sonhadora, a se desprender
Da lagarta do mundo...
Somos o vagalume pequeno e inquieto,
De quando em quando imitando uma estrela,
Cintilando pela vida.
E, voando e pousando, rolando e correndo,
Indo e voltando, passamos...
Com o tempo, com as coisas... As pessoas...
Passamos nós mesmos!...
É um passar infinito!...
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