Não se preocupem. Hoje é sábado e não vou falar sobre a caminhada da vida, os obstáculos a ultrapassar, as alegrias das missões cumpridas, as tristezas e decepções que nos esperam ao longo das décadas e todas estas coisas que se falam nestas ocasiões. A caminhada e que trato hoje é a caminhada do Juarez.
A questão é que Juarez tem mania de caminhar. Ele acha, não sem razão , que suas caminhadas são um grande lenitivo seja para a diabete, seja para a hipertensão. Bem, vale dizer que ele não é diabético nem hipertenso. Não é, mas não nega uma certa frustração nas conversas de bar. Ele nem sabe sua taxa de açúcar. Vive dizendo que vai fazer um exame mas ou não faz, ou não conta o resultado. De qualquer forma, ele é muito saudável, mercê de seus cuidados e, sobretudo, das caminhadas.
Assim, para prevenir isto e aquilo, sai a caminhar por aí feito um louco, como se fosse paciente do Dr. Camarinha. Caminha, caminha, caminha, volta todo suado e não há camisa que consiga conter, melhor dizer acomodar, o suor de Juarez. Quando sai de casa, sai todo engomadinho, com bermuda, tênis, camiseta limpa e passada. Com a moda das mensagens em camisetas, mandou fazer algumas com suas principais frases. Algo como "eu caminho por me amar" ou "andando eu vou longe (depois minha filha me busca de carro)", entre outras menos geniais. Mas anda um quilómetro e já está todo esculhambado. Cabelo em desalinho, a barba cresce (incrível como a barba do Juarez cresce quando ele caminha), o tênis fica desamarrado, um horror. Perde a pose, vira um trapo humano. Mas continua caminhando.
Outro dia, mergulhado em seu profundos pensamentos, não viu o obstáculo, pisou num cocó. Até parece que não sabe que cachorro faz cocó. Como na vida, quem caminha tem que ter certos cuidados, tem que observar por onde anda, não pode ficar pisando em qualquer lugar. Muito menos quando sai com tênis novo. Quando se deu conta, ficou esfregando o tênis na grama de modo a amenizar os efeitos da distração. Melhorou um pouco, mas não ficou limpo como ao sair de casa. Juarez ficou chateado, mas continuou. A caminhada não pode parar, mesmo que se pise em um ou outro cocó.
A grama não resolve de todo, mas ajuda muito.
Escrito em 07.09.2002 |
