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cronicas-->Cadeira do papai -- 25/12/2002 - 20:22 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Outro dia visitei um amigo e vi que ele tinha uma cadeira, poltrona na verdade, muito confortável. Logo vi que se tratava da boa e velha cadeira do papai em versão revista e ampliada. Uma beleza. Devo confessar uma certa inveja. Eu que achava um luxo minha Berjeire no quarto, com direito a abajur para leituras noturnas, como se o televisor ficasse desligado. Não, ele tem uma ampla, confortável e legítima cadeira do papai.

Lembram da cadeira do papai? Era uma poltrona especial destinada a sua Excelência o Chefe de Família. Poltrona ampla, confortável, reclinável, ajustável, insuperável, oferecida pelo comércio em diferentes padrões e preços, mas todas com a mesma empáfia, a mesma realeza. Eram chamadas Cadeiras do Papai. Cadeiras de Primeira Classe, de uso privativo do comandante em chefe que, ao chegar em casa, cansado da luta pela sobrevivência e sustento da família, merecia a distinção e o cuidado. O pai, em casa, era muito respeitado, por toda a família. Não raro, temido.

- Não faça isto que eu vou contar pro teu pai

ou

- Espere para ver quando teu pai chegar.

O pai, reinava absoluto. Se todos achavam isto justo, ele ainda mais, de modo que desfrutava do privilégio como um direito divino, sem preocupação ou remorso. Nada mais natural que uma cadeira especial, confortável, privativa, de onde ele pudesse controlar todo o movimento da casa e assistir à novela em primeiro plano. Ou ao futebol, que pai não gosta de novela.

As cadeiras ainda existem, se procurarmos no comércio vamos achar várias. Mais modernas, mais confortáveis. Informatizadas e motorizadas oferecem serviços variados. Massagens, posições exóticas, programação de movimentos, memória de posições anteriores, ligações à internet. Só não chamam daquela forma. Agora são cadeiras anatómicas, ergonómicas, faraónicas.

Já não são chamadas daquela forma por não ser politicamente correto. Hoje já não há o culto ao provedor como ocorria trinta ou quarenta anos atrás, quando mais não seja por já não ser o homem o único provedor da casa. A tarefa ficou muito mais difícil e foi necessário convocar a brava participação feminina. Seria justo não tivessem elas a desgraça da dupla jornada. Trabalham o dia inteiro e em casa continuam, se não com todo o trabalho, pelo menos com a responsabilidade da administração. Ninguém corre para o pai e reclama que o uniforme do colégio não está bem passado.

Sendo assim, proponho a criação da cadeira da mamãe.

Por último, com a proximidade do dia dos pais, sempre é oportuno lembrar que eu ainda não tenho esta tal cadeira.




Escrito em 20.07.2002
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