A LUZ QUE ME ACOMPANHA
Corri muito na vida,
atrás de tudo que seduz:
sonhos e amores,
glórias e vitórias,
sempre em busca de luz.
Acho que não deveria ter corrido tanto.
Era só esperar que tudo chegaria.
E chegaste, meu tudo.
Doce e lindo,
no auge da juventude,
transbordando alegria,
correndo atrás de sonhos e glórias,
como eu corri um dia.
Mas te detiveste de repente,
contra todas as perspectivas da corrida,
no amor com jeito de verdade,
com cara de único
e sabor de vida.
Pousaste em mim,
- a velha árvore
em cujo tronco o musgo se acumula,
cujos frutos não são mais saborosos,
e que tem pra te dar
apenas sombra,
- a sombra do que foi.
A velha árvore que sente saudade
dos frutos que produziu,
dos amores tantos que pariu,
da seiva forte e essencial
que já não corre em suas veias.
E a velha árvore que te acolhe,
tão carinhosamente,
quer te pedir,
mesmo que injustamente,
não que deixes de correr,
mas que, por um instante,
interrompa a corrida
e à sua sombra venha repousar
na contramão da vida.
E apenas num momento,
com o poder criador
de teu sentir enorme,
liberte, em doce encantamento,
inteiro e para sempre, o amor,
antes que a vida em cinzas se transforme...
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