O Próximo Dilúvio
Dentre os elementos fundamentais para a preservação e a continuidade da vida em nosso planeta a água ocupa lugar de destaque. A energia que consumimos depende da água. Com a energia, produzimos bens e riquezas de que necessitamos. Com a água tomamos banho, lavamos nossas roupas e utensílios, cozinhamos os alimentos, as plantas, as hortas e os pomares, completando nossas necessidades alimentares. E tantos são os benefícios e a importância da água para a vida que chegou-se a desconfiar que Deus era brasileiro, tal a fartura de água com que Ele privilegiou nosso país.
Mas o homem, esse estúpido, não tem dado à água a importância que ela merece. Ao contrário, com sua obsessão pela acumulação de capitais, tem contribuído para poluir todo o nosso planeta, principalmente seus rios e mares, na procura obsessiva pelo petróleo, como se o petróleo fosse mais importante do que a própria água. Petróleo não mata a sede. Bem ao contrário: além de poluir o planeta, tem sido motivo de guerras insanas, que matam pessoas indefesas, destroem sonhos e coisas belas que a natureza criou.
Não é por outra razão que o mundo está em crise. Não é por outro motivo que potências mundiais, indiferentes aos fundamentos de justiça e de respeito aos direitos humanos, invadem países, atiram bombas em todas as direções, matam crianças, mulheres e idosos indefesos, alheios aos apelos e recomendações até mesmo de organismos internacionais, como é o caso da Organização das Nações Unidas.
Enquanto tanques e soldados israelenses invadem os territórios palestinos, os Estados Unidos permanecem omissos ao verdadeiro genocídio que Israel impõe ao povo árabe. E tudo à revelia da opinião pública internacional e de costas para o legado histórico da importância do local onde se travam os embates, em cujas terras Jesus Cristo caminhou e pregou a paz entre os povos, assim resumindo-a: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.”
O combate ao terrorismo, portanto, não passa de mais um álibi hipócrita, para disfarçar o verdadeiro interesse de grandes potências, no sentido de destruir as nações onde o petróleo seja abundante. Pois não vejo o mesmo empenho no combate ao terrorismo praticado, por exemplo, na Colômbia, No Peru, na Itália, na Irlanda, em quase todo o continente africano e nem solo americano, onde os grupos de extrema direita se fazem presente na luta pró racismo. Estamos assistindo, portanto, o “não-vale-a-pena-ver-de-novo” das lutas pelo poder e pelas riquezas, que tantas mortes causaram durante as guerras travadas pelos grandes impérios, como os Persas, os Romanos e tantos outros. Por essas razões, penso que estamos próximos de mais um novo dilúvio, tal como descrito na Bíblia Sagrada: “Vendo pois Deus que a malícia dos homens era grande sobre a terra, (...) arrependeu-se de ter criado o homem no mundo” e recomendou a Noé que fizesse uma grande Arca de madeira.
“Sabe que tenho determinado mandar sobre a terra um dilúvio de águas, e fazer perecer nele todos os animais viventes, que houver debaixo do céu; e tudo que houver sobre a terá será consumido”.
Só que, desta vez, ao invés de água, o dilúvio será de petróleo. E poucos terão a autorização divina para entrar na nova arca. Pelos boatos que estão correndo, o presidente Bush, Ariel Sharon, de Israel, alguns banqueiros, políticos e empresários, e economistas, já foram avisados de que não seguirão viagem com os demais. Ficarão com todo o petróleo que jorrará durante quarenta dias e quarenta noites.
Domingos Oliveira Medeiros
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