Em política, as previsões nada mais são que meros palpites e divagações conjunturais. A sucessão presidencial brasileira começa a tomar contornos com a definição dos potenciais candidatos e as nossas conjecturas podem ser factíveis.
Faltando cinco meses para o pleito, o quadro eleitoral para 2002 ainda é prematuro para previsões. As análises políticas estão voltadas para os movimentos que o PT venha a fazer, pois no entendimento de alguns analistas a esquerda nunca esteve tão próxima de vencer uma eleição. Por enquanto temos ao nosso alcance, apenas, as primeiras pesquisas e algumas faces que começam a tomar conta das telinhas nos programas e noticiários. Percebemos muitas conversas nos bastidores de Brasília e perspectivas de possíveis acordos.
A cara do PT para o pleito e a tática para este jogo é a mesma das últimas três eleições. Os argumentos serão parecidos com os anteriores, se for diferente, será em direção ao centro, mais moderado, com propostas e acordos impensáveis há quatro anos. Confirmando-se o acordo com o PL, uma boa quantidade de militantes estarão desconfortáveis em alguns palanques. Para quem foi exilado, sofreu as agruras do cárcere ou foi torturado pela ditadura, explicar esta guinada à direita para chegar ao poder, é muito difícil.
O PT fará uma campanha muito bem planejada, com marqueteiros experientes e competentes, mas será igual ao demais candidatos que também terão mídia profissional. Sinto um certa previsibilidade política, só que com uma barba um pouco mais grisalha. Arrisco a dizer que Lula, nos programas de televisão, estará impecável e será um dos mais elegantes candidatos.
Lula é um excelente candidato e um cidadão honrado, já deveria ter sido presidente do Brasil na primeira eleição que participou, mas a malfadada edição do Jornal Nacional passou uma rasteira na consciência dos brasileiros e nos anseios de mudança do PT. É possível que nos próximos 20 anos não apareça um político da envergadura de Lula.
Entretanto, a candidatura Lula passa por duas análises:
Primeiramente: Lula arranca com 30% dos votos. O primeiro nas pesquisas espontâneas e induzidas. Estimamos que Lula ganhará as eleições pois a vantagem inicial fará a diferença. Num provável segundo turno é praticamente imbatível com as ruas e praças das cidades tomadas com as bandeiras vermelhas.
Segundo: Lula arranca com os 30%, mas não decola. Estaciona nas pesquisas e os votos agregados durante a campanha não são suficientes para sua eleição. A classe dirigente brasileira acorda num último momento e na undécima hora inventa um fato político e derruba a candidatura de Lula no segundo turno. Será, novamente, o melhor candidato, mas derrotado. Alguém duvida?
O povo brasileiro consciente ou não continuará sonhando com outro Brasil.