Precisamos compreender
Que poesia é coisa séria.;
Ao começar a escrever,
Reneguemos a miséria.
Vejam os versos acima,
Como se fazem pequenos,
Perto das várias poesias
Dos grandes mestres helenos.
Contudo, os nossos versinhos
Estão até que bem feitos,
Já que, p’ra simples treininhos,
Estão p’ra lá de perfeitos.
Não vamos doirar as rimas
P’ro leitor as engolir.;
Limitemos nosso gosto
Pelo do irmão Wladimir.
O bom amigo escrevente
Mexe-se em sua cadeira:
Se poesia é “coisa séria”,
Deixemos de brincadeira!...
Eis aí, caro irmãozinho,
Bem expressa a nossa idéia:
Foi preciso muito treino,
Exercício de “paidéia”.
Deixemos para depois
Completarmos a quadrinha.;
Vamos seguir, “ao de leve”,
Levando esta ladainha.
Aos poucos, nosso irmãozinho
Vai criando confiança.;
Isto lhe vai dar novo ânimo,
Mais vigor e segurança.
Não vamos atrapalhar
As idéias de sucesso,
Mas, para até lá chegar,
Vamos medir o progresso.
Nossos versinhos de agora
Não se fazem facilmente:
O metro não vem contado.;
A rima “mata” o escrevente.
Apesar disso fizemos
Dez quadrinhas imperfeitas,
Deixando o pobre do irmão
Às voltas com as receitas.
Se prosseguirmos assim,
Deixando as coisas no ar,
O final será ruim,
Depois de muito penar.
Diz nosso irmão escrevente
Ser ele muito capaz
De fazer quadras melhores,
Sem perturbar nossa paz.
Acreditamos, deveras,
No que diz o caro irmão,
Porém, concorde conosco,
Ia ser embromação.
Não é bem esse o sentido
Do que ele havia pensado.;
É que a tal mediunidade
Merece o maior cuidado.
Nós concordamos com ele.;
Tem ele toda razão,
Contudo, vai ser preciso
Formular nosso padrão.
Vão as coisas, finalmente,
Ajustando-se uma a uma,
Até que quadra imperfeita
Não há de ficar nenhuma.
Aí vai ser esperar
A chegada dos poetas,
Para a quadrinha ficar
Com bom sentido e completa.
Se estamos já terminando
É sinal para alegria:
Hoje, o sol iluminou,
Esplêndido, o nosso dia.
É preciso agradecer
Estes momentos de paz,
Porquanto os irmãos do etéreo
Descartaram o seu ás.
Não vamos aborrecer-nos
Pelo insucesso de agora:
Pensemos em que amanhã,
Voltaremos nesta hora.
Querido Pai e Senhor,
Receba todos os filhos,
Que buscam o seu amor,
Até saindo dos trilhos.
Deixemos para depois
O sério burilamento,
Concentremos as idéias,
Todos num só pensamento,
E oremos ao Criador,
Mostrando agradecimento,
Pelas coisas de valor
Que vêm a cada momento.
Uma hora se escoou,
Desde quando começamos.;
Pareceu-nos um instante:
São gênios que atendem amos.
Ainda nos resta um pouco
De suave inspiração,
O suficiente, diríamos,
Para abraçar nosso irmão.
Fique em paz, bom amiguinho,
Nas ternas mãos do Senhor:
Tudo que faça na vida,
Faça com bastante amor.
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