O dia nasce do amor e da paciência,
boa existência a todos!
Diria de bom grado um santo
a outro.
E como aqui eles se fartam,
cheio de ninhos e calcinhas,
já não sei se passo ao largo do dia
ou me entrevo neste ninho.
Mas de minha paciência, não arredo!
Há mortos em minha porta.
Sinto que há, pois não sou lerdo!
Há sonhos não despertos,
há imagens tortas,
Ah! ela, ainda não está perto
pois dorme igual a uma porta!
Dormem na alcova do pecado,
enquanto eu,de paciência,
digo,
bom-dia a todos,
mas há mortos em minha porta!
E um outro homem nas minhas costas!
São farpas argutas
que todo homem carrega
no coldre,
quando ele resolve dormir
com uma ruga!
Mas não largo da vida:
tenho a mulher dos meus sonhos,
atiça e serviçal,
mas atirada na cama
como uma espiral,
dormindo com um homem de bom
assanho, que não tem nada
de dama!
Mas não largo dela,
nem por acaso,
nem por pura reza!
Ela é mulher certa!
Hoje é dia de festa no meu corpo
que ainda sobrevive!
Só vivo dele,
porque se me larga viro morto de porta!
Bom-dia a todos;
minha mulher dorme com
meu conforto;
eu vou pro jardim
colher flores desaparecidas,
enquanto teimo que:
há um morto em
minha porta !
E, de repente,
todos gritam:
há um morto na casa
do Zé Maria!
- Corram que dá azia
ver o morto sem Maria
e de estômago vazio!
Ave Deus!
Nunca misture sexo com
dois sexos:
é azar pro resto do dia e,
por isso, vou voltar
prá minha alcova,sem nexo.
Pois lá tem mulher e um homem,
mas se olhar bem, eles são ótimos,
mas se parecem também
mais com dois mortos!
E, eu,um totem!
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