Perambulando
Às vezes eu me pergunto se viver não seria o mesmo que perambular. Perambulamos por vielas, longas e estreitas, ou por trilhas indecisas, perdidas numa mata escura, temendo onde daríam. Vagueamos marginando riachos de águas claras, apreciando o belo e o profundo e esperando que jamais cheguem a seu destino. Vagabundeamos por praias desertas, sentindo a areia quente na sola do pé e a brisa reticente nos cabelos, perguntando se vale a pena voltar.
Perambulamos também pelos braços de tantas mulheres! Todas especiais, todas com seus mistérios. Todas que deixam saudades. Cada uma, a seu tempo foi perfeita. Mesmo as mais imperfeitas delas, que se ajustaram na mais perfeita precisão com nossas imperfeições. Todas sonhadas, todas fantasiadas. Cada uma foi a mulher ambicionada, desejada, ansiada. Vagabundeamos em seus leitos, em seus corpos suados, encantados com seus gemidos, perdendo-nos em seus olhares amorosos, em seus doces lábios.
Você, descobri enquanto eu serpenteava meus labirintos. Estava só como sempre se está. Você, como estrela matinal, mostrou-me o caminho. Pelos corredores escuros da minha jornada, a sua luz indicou a pisada. Sem perguntar, sem olhar para os lados eu a segui. Perambulador experiente, segui com o coração. O restante de mim veio atrás. Alimentado por pequenas sinais, pequenos gesto...(pequenos! como se existissem coisas maiores! ...). Um olhar furtivo, acumpliciado … um sorriso solitário, à distância…um bilhete.
Assim, eu me tornei absolutamente condenado a amar você pelo resto das minhas perambulações. Esse amor aquece meu vagar pelo mundo. Por isso, eu lhe sou grato. Eternamente.
Heros Miller
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