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Artigos-->O BEIJO PERDIDO, de Von Steisloff -- 04/05/2002 - 16:34 (Paccelli José Maracci Zahler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O BEIJO PERDIDO, de Von Steisloff



(Posfácio)



Paccelli M. Zahler1



Eis que, depois de muito andar pelo mundo em cumprimento à sua missão cármica de mostras e demonstrar o valor das virtudes aos poderosos, von Steisloff nos brinda com a revelação de um segredo do passado.

Piazito de São João Del Rei, MG, em tenra infância radicou-se em Ouro Fino, cidade mineira próxima da fronteira com o Estado de São Paulo, onde o pai fora servir como militar do Exército Brasileiro durante a Revolução de 1930.

Lá pelo início da década de 1940, em aulas de natação ministradas por professores germânicos, ele conhece Paola.

O contato semanal dos dois cria um vínculo muito forte de amizade, mais tarde transformada em um amor pueril, virginal, puro, tragicamente interrompido pelo naufrágio do navio de passageiros Baependi, torpedeado por submarinos alemães na costa do Estado de Sergipe em 1942.

Morre Paola sem cumprir a promessa de dar um beijo no menino Steisloff como presente de aniversário.

O guri cresce jurando vingança, sabedor que,um dia, iria encontrar-se com o comandante do submarino alemão responsável pela tragédia que abalou sua vida e fazê-lo pagar a perda de sua bem-amada Paola.

Já na meia idade, vivendo no Rio de Janeiro, é convidado a participar de uma festa promovida pela comunidade judaica.

Qual não é a sua surpresa ao deparar-se com aquele que havia contribuído para a morte de Paola por afogamento a bordo do navio Baependi.

Sim, era ele mesmo, o comandante Harro Schacht!

Todo o seu ódio aflorou e todo o seu passado voltou ao ver o culpado ao alcance de suas mãos.

Como o Destino havia sido tão sábio ao colocá-los frente a frente?

A resposta parece simples, pois os judeus também queriam vingar-se do comandante germânico. Friamente, eles pretendiam usar von Steisloff como instrumento de vingança e jogá-lo fora depois.

Von Steisloff descobre-se usado, “coisificado”, descartável, e comprova que o Fatalismo nem sempre é uma Lei Universal, pois o livre-arbítrio pode mudar o curso dos acontecimentos como o comandante de um navio singrando os mares mesmo revoltos.

O comandante alemão, por sua vez, cumprira ordens do Führer e, talvez, em seu íntimo, nunca desejara torpedear um navio de passageiros como o Baependi na madrugada de 16 de agosto de 1942.

Os judeus nunca perdoaram os alemães pelas atrocidades cometidas nos campos de concentração nazistas e estavam sempre dispostos à vingança, não importando os meios para atingir os seus sórdidos objetivos.

Graças à sua inteligência e sagacidade, von Steisloff soube distinguir o Bem e o Mal e, demonstrando uma grandeza de alma, perdoou e salvou a vida daquele odiado comandante que fora o pivô do afogamento de Paola.

Com esse gesto, certamente recebera de Paola, de onde ela estivesse, o beijo que imaginara perdido.



1 Membro da Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias, da União Brasileira de Escritores e da International Writers and Artists Association.

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