Qual a dificuldade que temos em decidir por nós mesmos? Será
a responsabilidade pessoal tão ruim assim? Não existe outro modo de se usufruir
da liberdade, de se ser totalmente livre se não for desta forma.
Hoje, quando vi um post de um amigo a respeito da atriz
Fernanda Montenegro, não pude deixar de pensar nesse assunto. Vejo muita gente
criticando a postura desta ou daquela emissora, muitos dizendo que determinados
programas de tv deveriam ser proibidos, que certas coisas não deveriam ser
mostradas, mas onde fica a própria capacidade da pessoa de dizer o que vai e o
que não vai ser assistido na televisão de sua casa, cujo controle está em suas
mãos, ou de ter pulso firme e determinar o que seus filhos devem ou não
assistir? E a sintonia que um casal deve ter para tomar esta decisão, será que
está tão enfraquecida que é preciso que tudo seja decidido por um governo e que
este intervenha em tudo em vez de cada um simplesmente decidir o que é
aceitável ou não para si?
Um povo que não consegue decidir sozinho o que é ou não
aceitável, simplesmente boicotando ou deixando de lado aquilo que não lhe
interessa, atacando brutalmente aquilo que repudia, deve se perguntar se
realmente não possui qualquer interesse naquilo que odeia ou se, na verdade,
precisa que aquilo seja destruído simplesmente porque sabe de sua própria
incapacidade de manter o que considera nocivo longe de si e de seus filhos. No
caso da emissora de tv e das novelas, qual a dificuldade de simplesmente mudar
de canal? Por que é preciso fazer uma publicidade, ainda que indireta, de
determinadas atrações em vez de simplesmente não lhes dar audiência e guardar a
própria atenção para algo mais interessante? O ataque muitas vezes gera mais
notoriedade e mais curiosidade sobre o que se odeia do que necessariamente o
boicote, pois acaba criando uma publicidade, ainda que negativa, sobre aquilo
que se quer destruir e, consequentemente, dando combustível para que aquilo que
se quer tirar do ar continue sendo exibido. Já era hora disso ter sido
percebido.
É preciso que o povo se pergunte se realmente possui
capacidade para ser livre, se precisa que um governo decida até mesmo o que
seus aparelhos de televisão vão exibir. Decidam: ou quem educa nossos filhos
somos nós... ou o governo. Mas lembrem-se que quem colocou os filhos no mundo
não foram eles...