Prezadíssimo escrevente,
Eis-nos aqui de novo,
Trazendo os nossos versinhos
P’ra alegria deste povo.
Precisamos afirmar
Que este dia está propício.;
Então, não vamos parar:
Poetar já é um vício.
Queremos que tenha o amigo
Muita confiança em nós,
Que nos ouça suavemente:
Preste atenção nesta voz.
Sabemos que a qualidade
Dos versos que lhe ditamos
Carece de perfeição,
Mas nos esforçando estamos.
Este é sempre um bom começo:
São milhares de quadrinhas.;
Ficaremos satisfeitos
Com vinte mil bem feitinhas.
Fez bem nosso bom irmão
Em passar rápido avante.;
Dói-lhe muito o coração
Não ser o tema importante.
Não vamos perder mais tempo
Com assuntos despiciendos,
Nem em corrigir as falhas,
Colocando-lhes remendos.
O bom de toda esta história
É que as quadras vão crescendo:
Aumenta a nossa memória.;
Nossas rimas vão nascendo.
Foi por pouco que não vimos
Outra falha clamorosa.;
Entretanto, esta quadrinha
Recendeu olor de rosa.
Os dias vão-se passando,
O escrevente fica esperto,
Aguardando esperançoso
Que o sucesso esteja perto.
Raramente são ditadas
Quadras belas como estas.;
Tão-somente para treino,
As quadras são indigestas.
Vamos, querido amiguinho,
Fique firme mais um pouco.;
Não pense que estamos vendo
Se vamos deixá-lo louco.
Não adianta experimentar
Outra forma de escrever:
Este dia irá passar,
Outro dia irá nascer.
Estamos chegando ao fim
Deste dia de trabalho.;
À noite, cuido de mim:
De folga, jogo baralho.
Vou descansar minha mente,
Esquecendo-me do malho.;
Amanhã ‘stou, novamente,
Me esforçando no trabalho.
Gostaria de escrever
Textos de categoria,
Para dar ao nosso médium
Outra tremenda alegria
Pergunta o amigo leitor
Onde ficou a primeira.;
Respondemos, com amor,
Em cima da prateleira.
Realmente, o bom amigo
Conosco se sente bem,
Pois sabe que, todo dia,
Se procurar, aqui tem.
O cansaço desta espera
Irá ser recompensado:
Quem tem fé, confia e reza,
E alcança o melhor do fado.
Estamos bem disponíveis
P’ra deixar nosso recado,
Por isso, vamos dizer:
— Poetar não é pecado!
Queremos dizer adeus.;
É hora da despedida:
Fique este amigo com Deus,
Se quiser melhor a vida.
Vamos sair rapidinho,
Arejando este ambiente,
Deixando nossos bons fluidos
P’ra despertar o escrevente.
Como de costume, o irmão
Vai ficando mais um pouco,
Esperando acrescentemos
Outra quadrinha de louco.
Pois veja só no que deu
Teimar em obter mais uma.;
Não seria preferível
Pedir p’ra turma que suma?!
Só desejamos dizer
Para o irmão ficar bonzinho:
‘Tá na hora de fazer
Algum verso bonitinho.
Não pretendo interferir
No verso do meu irmão.;
Isto digo eu, Wladimir,
Com amor no coração.
‘Tá na hora de parar
De treinar esta poesia,
Apesar de nos ter dado
Cataratas de alegria.
Toda vez que pego a pena,
Tenho medo de escrever,
Mas, no fim, não é pequena
A gana de me estender.
Parece que vem faltando
Mais imagens na poesia:
Dizer as coisas às claras
É ter pão na padaria.
Veja o versinho anterior,
Como ficou mais formoso.;
Parece até que seu brilho
Vai produzir forte gozo...
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