Todos vão. Passos apressados. Em que direção? Não sei, não sabem?
Têm que desviar de um e de outro que cruzam seus caminhos.
Conversas, comentários, palavrões. Falam mal dos amigos ou dos patrões.
Rostos suados, cansados, pastas pesadas, bolsas...
O que carregam? Valores? Documentos? Objetos pessoais?
Todos andam apressados, alguns correm. As pessoas passam, o tempo passa...
Tudo é movimento, desordenado. Tensões, problemas, soluções...
Competições, compromissos, audiências...
Faz muito calor, pouco vento. Ninguém pensa, só andam, agem.
Mesmo um sol escaldante tem um lindo nascente e um lindo poente.
Não importa. O que interessa é a corrida desenfreada, para onde?
Para chegar um à frente do outro em busca dos valores materiais?
Não há tempo a perder, para pensar em quem está pensando.
Trabalho, aulas, audiências, projetos, pressa...
Preciso de calma, sem tempo, sem pressa. Preciso de ti.
Uma árvore, uma sombra, um abrigo. Paro e descanso.
Ouço alguém me chamar. Me volto, procuro e nada vejo. Novamente...
Sei que és tu, Vênus. Não te vejo, mas sinto que estás presente.
Também tenho pressa. Mas minha pressa é para descrever as visões
Que tive, no meio da multidão. |