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Contos-->Mãe, onde está você? -- 10/04/2003 - 13:29 (Fada Fadul) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"... A tempestade varrera a pequena cidade onde viviam pequenos lavradores do Oeste. O trabalho fora feito para limpar os últimos vestígios de mata queimada e de galhos secos, fontes da destruição do incêndio que assim se fizera. Muitos emigraram para outras terras em busca de novas atividades que lhes garantissem a sobrevivência. Papai nunca soubera do quanto chorei e do quanto me sacrefiquei para recomeçar uma outra vida, ao lado dos meus dois únicos filhos - Marta e Jairo..."
Eram começos de enormes fadigas, de grandes martírios e de loucas aspirações por uma vida melhor. Pequei muitas vezes por pensamentos. Estes, que jamais vieram à minha mente, brotavam como se fossem lampejos invisíveis e de grande intensidade, ao ponto de eu tomar uma decisão: entregar os meus únicos e amados filhos, aos cuidados de uma aristocrática e preconceituosa família de nobres.
Pequenos e tão inocentes que eram, não podiam avaliar o significado do meu pecaminoso ato. Como fui covarde e como sofri quando percebi que eles já não me amavam como outrora. A verdade fere no fundo do nosso âmago e destrói o que mais pesa na consciência de cada mente: o raciocínio.
Sem saber o que fazer e sem contar com o apoio sincero e amigo dos que me foram queridos, abandonei-me aos prazeres do mundo hostil, mundano e doentil. Joguei-me sem escrúpulos aos amantes do jogo e do sexo, destruindo o mais importante e valioso tesouro que eu possuía - o meu corpo! Este, aqui na Terra, não vale nada! Dizia a mim mesma para me desculpar dos desvios a que sofrera. Se este corpo que eu tenho não valia nada, dizia a mim mesma, então, para que guardá-lo como se fosse uma pedra preciosa?
Mais, o tempo passa e só agora entendo o quanto fui burra, o quanto fui covarde e desalmada. Se o meu corpo não valia nada, como eu pensava que fosse, como explicar os frutos que dele brotaram, os dois pequeninos frutos, fonte de um amor sincero? Como eu fui tola! Irracional, estúpida, sádica e má.
E me pergunto: será que valeu a pena todo o meu sacrifício em querer ter mudado a minha vida? Será que eu ainda mereço um pouco de compaixão? Me responda, meu Deus!
Hoje olho estas iniciantes da vida fácil e sofro por não poder freiar estas almas doentes. Como pode uma mãe, largar o seu fruto ao sabor daqueles que não possuem o verdadeiro paladar, o verdadeiro dom do sabor, ou seja, o amor?
E aqui neste quanto seco, escuro e úmido, passo as noites com homens de todas as classes e, depois da luta desenfreada, vago nas ruas procurando uma resposta para as minhas perguntas.
Se existe um DEUS e se existe o verdadeiro amor, porque me entreguei a esta vida, porque larguei meus únicos filhos como se fossem lixo?
Perguntei a ELE se realmente eu existia pois, eu mesma, já nem sei quem sou. Não me reconheço como mulher e nem como ser humano. A única certeza e esta eu não nego, é que ELE saberá me perdoar.
Vivo sem objetivos e sem esperanças, louca e desbaratinada como um pato selvagem. Mas, lá no fundo do meu ser, bem lá no fundo onde ninguém poderá penetrar, jaz um límpido e profundo sentimento que nunca deixou-me suicidar: é o AMOR! Sim, o amor; o amor dos meus filhos, que, apesar de não terem me conhecido, ainda pensam em mim. E o lampejo, o simples lampejo desse amor que, apesar de não ter vibrado, brilha longe mas com tanta intensidade, que faz com que eu adormeça feliz nas mansões escuras do beco onde eu moro.
Pergunte a ELE, e ELE responderá onde estão os meus filhos!
Pergunte ao PAI e ELE saberá lhe dar alguma resposta!
Mas não pergunte a MIM porque EU não mais existo.
Vivo, sem estar viva e sofro, sem estar morta.
No meu coração de mãe, ELE saberá lhe responder e,
Com minha oração, ELE saberá me renascer pois,
Na fria tempestade do meu santuário,
Brilhará o amor que nunca vi florescer!

Fada Fadul
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