Vou aqui reproduzir um conceito muito bonito a respeito do que alguns filósofos denominam "música das esferas celestiais". Kepler, ao elaborar suas leis dos movimentos planetários, estabeleceu relações matemáticas que demonstravam a harmonia de toda essa física dos corpos celestes com a escala musical. Ou seja o Universo vibra, não há dúvida, mas suas vibrações são verdadeiros cantos, melodias celestiais, harmonias... Tudo é vibração, tudo é música...
O poder sedutor da música celeste, com sua beleza ao mesmo tempo divina e intangível, inspirou vários poetas , entre eles, Shakespeare e Milton:
Como dorme docemente o luar nesse canteiro.
Vamos assentar-nos aqui e deixemos os acordes da música
Deslizarem em nossos ouvidos. A calma, o silêncio e a noite
Convidam aos assentos de suaves harmonias.
Assenta-te Jessica. Olha como a abóboda celeste
Está perfeitamente incrustrada com luminosos discos de ouro.
Até o menor daqueles globos que contemplas,
Quando se movimentam, produz uma melodia angelical,
Em perpétuo acorde com os querubins de olhos
Eternamente jovens!
Uma harmonia semelhante existe nas almas imortais.;
Mas enquanto essa argila perecível
Cobrí-la com sua veste grosseira, não poderemos escutá-la
Shakespeare
Ressoem esferas de cristal,
Abençoem ao menos uma vez nossos ouvidos humanos
(Se vocês puderem assim tocar nossos sentidos)
Permitam que seu badalar prateado
Flua em melodias temporais.;
E, ao soar o órgão celestial,
Façam suas harmonias em nove níveis
Acompanhar a sinfonia dos anjos
Milton
Ouso acrescentar que não são
Apenas os corpos celestes a entoar
Melodias que tocam fundo o coração.
Mineral, vegetal, animal, toda a Natureza,
Estão sempre harmonicamnete a vibrar,
Emitindo sons de incomparável beleza,
Que nem todos podem escutar.
Um estado de completa harmonia,
De paz, de amor e de pureza,
É preciso para que se possa um dia
Ouvir os mais harmônicos e belos corais
Com os sentidos da alma e em sintonia
Com a música das esferas celestiais
Ernane |