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Artigos-->Poetas e heróis -- 01/05/2002 - 23:23 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
POETAS E HERÓIS

Francisco Miguel de Moura



O mundo precisa muito dos poetas, deles e de sua poesia, em todos os lugares: na televisão, no teatro, no cinema, na música, na propaganda comercial, nos banheiros, na escola, na rua e nas praças, na igreja, nos monumentos e nos museus, na história e principalmente nos livros didáticos ou não, nos jornais e revistas, sejam de papel ou virtuais (na internet). Sem poesia a vida é insustentável. Cadê a leveza do ser?

Mas, no dia-a-dia, não precisamos de heróis. Nós já somos os heróis. O resto, que fique apenas nos livros da história. É comum repetir-se: “Triste do país que precisa de heróis!” Não lembro de quem é a frase, não sei se refere a país, nação ou povo. Não importa, o essencial está dito. Com relação aos poetas não é bem assim. Todo país precisa ter seus grandes poetas. Ter apenas um grande poeta é que pode causar espécie quando não preocupação, especialmente se países de dimensão continental como o Brasil, a China, a Índia, os Estados Unidos.

Felizmente temos nossos grandes poetas, de norte a sul, no presente e no passado, embora não divulgados quanto merecem. É verdade, entretanto, que uma turminha de “jovens” – “viúvas” de algum ídolo falecido – que vem dos anos 70, da última centúria, ainda carregando consigo os tiques adquiridos no sofrimento da ditadura militar de 64, grupo que é chamado de geração “marginal” ou impropriamente “do mimeógrafo” – que adora procurar um poeta para endeusá-lo. Essa turma gostaria de ter um ídolo, o poeta maior. Seria melhor que divulgassem nossos grandes poetas, todos. Temos bons poetas às centenas.

No passado, o Brasil teve muitos grandes poetas, ao mesmo tempo, ou quase. Citemos Castro Alves, Álvares de Azevedo, Gonçalves Dias, Olavo Bilac, Raimundo Correia, Vicente de Carvalho, Augusto dos Anjos, Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens, Manuel Bandeira, Jorge de Lima, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, João Cabral de Melo Neto. Especialmente depois da morte de Drummond, a mídia anda meio tonta caçando um poeta maior. Não foi possível pegar o João Cabral – ele não aceitaria. Depois, já estava ruim de saúde. Na falta de quem apontar, a imprensa, ajudada por aquela turma a que me referi, começou a indicar o poeta Manoel de Barros. Há poucos dias, respondendo a pergunta de uma repórter da área cultural desta Capital, sobre a poesia de Manoel de Barros, eu disse-lhe que não achava nada de extraordinária. Um formalista, na minha opinião, com pequena obra e já esgotado, ou em fase de esgotamento, o que acontece mui freqüentemente com os formalistas. Formalista é aquele que se encanta com a forma e descuida-se da essência; por isto não se alimenta com leituras e vivências, e termina num beco sem saída: a forma pela forma. Só que as minhas palavras eram palavras de quem vive na província.

Lendo a revista “Veja”, de 12.12.2001, o que encontro? O crítico Carlos Graieb, comenta o Tratado Geral das Grandezas do Ínfimo, de Manoel de Barros, e diz o que eu havia dito. Por este pequeno trecho, os leitores tirem suas conclusões: “Nos últimos quinze anos, Manoel de Barros consolidou sua fama de grande poeta. Quanto tempo vai durar esse engano? Seria bom que ele fosse visto logo em sua dimensão exata: a de autor secundário, com talento para fazer passar por invenção o que é diluição, e por profundidade o que é platitude”. (...) “Um atalho para avaliar os méritos de Barros é contrapô-lo a seus ídolos. Com Guimarães Rosa, por exemplo, ele tomou gosto pela invenção lingüística. Mas, com freqüência, suas invenções soam canhestras – como no verso ‘dentro de mim eu me eremito’. Num poema-homenagem que recheia seu novo livro, qualifica os experimentos do autor de Sagarana de ‘graças verbais’. Em seu caso, eles não passam disso mesmo.”

Já o crítico Fábio Lucas acha acertadamente que os nossos poetas de hoje “se distinguem por duas vias tradicionais: o apuro técnico e o respeito pela tradição”. E, entre tantos, cita Marco Lucchesi, Armando Freitas Filho, Ledo Ivo, Ferreira Gullar, Affonso Romano de Sant’Anna, Foed Castro Chamma, Hilda Hilst, Renata Pallotini, Mário Chamie, Marcos Accioly, Francisco Carvalho, Jorge Tufic, Nauro Machado, José Chagas, Ruy Espinheira Filho, Ildásio Tavares, Marcos de Farias Costa, Carlos Nejar, Alcides Buss, Aricy Curvello, Yeda Pratis Bernis, Adélia Prado e o próprio Manoel de Barros.

Mas por que não falar também em Da Costa e Silva, Celso Pinheiro, Mário Faustino, Martins Napoleão, H. Dobal, Álvaro Pacheco, Francisco Miguel de Moura, Paulo Machado e tantos outros? Só por terem nascido no Piauí? Ah, gente, é muita discriminação!

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Publicado no “Diário do Povo”, Teresina, 11 de janeiro de 2002, e no “Correio do Sul”, de Varginha – MG, em 6 de fevereiro de 2002.

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