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Artigos-->Os caminhos da poesia -- 01/05/2002 - 23:05 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS CAMINHOS DA POESIA



Francisco Miguel de Moura *



Pelos caminhos da poesia e da literatura é que os homens se encontrarão no futuro próximo, não pela política, não pela economia, não pela globalidade. E não é necessário que tenhamos uma língua única. Na literatura, a diversidade é o que deve comandar; uma diversidade que se unifique no bem de que a arte é mensageira, no sentimento de paz, na glória da solidão com muitos: os personagens, os autores, a comunidade de leitores.

Mas não fiquemos só nas generalidades, vamos à prática. Se tomarmos o passado recente como exemplo, Joaquim de Montezuma de Carvalho nos indica em anotações à margem da cópia de um poema que me mandou, recentemente. De autoria de Eugênio de Castro (nascido em Coimbra, em 1869, e falecido em 1944), está no seu livro “CANÇÕES DESTA NEGRA VIDA”, 1ª edição, 1922. “Canção da Espada de Toledo” é o nome do poema. Singeleza a toda prova, delicadeza impressionante e simplicidade que nos atrai qual se fosse uma obra da natureza, uma fonte deslizando em queda livre a levantar nuvens de ar fresco, flor espargindo perfume e atraindo borboletas, para que as almas descansem da áspera vida – são essas as imagens que me ocorrem. Ele foi dedicado, assim está no livro, a Joaquim de Carvalho, filósofo e historiador português, nascido em Figueira da Foz, no ano de 1892, e falecido em Coimbra, em 1958. Joaquim de Carvalho, pai de Montezuma de Carvalho, é objeto de uma tese de doutorado no Brasil, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que deu título a uma obra recentemente editada, a “História da Filosofia e Tradições Culturais”.

Joaquim de Montezuma de Carvalho, meu correspondente, mora em Lisboa, é advogado de profissão historiador e jornalista, autor de, entre outros livros, “SOR JUANA INÊS DE LA CRUZ E O PADRE ANTÓNIO VIEIRA”, editado por VEGA/Frente de Afirmación Hispanista, A.C., México, 1998, o qual trata de forma contundente de muitas questões que interessam não somente à literatura como à história dos dois países latino-americanos: Brasil e México. Montezuma de Carvalho não somente é curioso, inteligente e pertinaz pesquisador, escritor de bom estilo (um tanto barrroco, mas gostoso), assim como apreciador da boa poesia e da arte de modo geral. Não são qualidades para qualquer um.

Porém, falar de poesia e não mostrá-la é um pecado capital. Não vamos cometê-lo, principalmente porque temos em mãos o poema “Canção da Espada de Toledo”, de Eugênio de Castro. “Feita do aço mais puro, / Forjada fui em Toledo, / Onde este lema adotei: / Nem injustiça nem medo.// Meu punho d’oiro lavrado / Verde esmeralda exibia: / O moço que me comprou / Mais do que à amante me q’ria. // Trazia-me sempre à cinta, / Capitão e namorado; / E à noite no seu castelo, /Dormia tendo-me ao lado. // Na tarde em que a sua noiva, / Cedendo, o beijou enfim, / Depois de o beijar a ele, / Beijou-me também a mim.”

Mais 12 estâncias de quatro versos em setissílabos, o desfecho se dá assim: “Homem mortal, não te rias / Com desdenhosas risadas: / A ferrugem come tudo, / Os corações e as espadas!”. Eu diria que esse poema é a cara de meu amigo Montezuma de Carvalho, filósofo como seu pai e como eu – nós últimos, filósofos da vida.

Conta-me Montezuma de Carvalho, entre outras anotações, que “Joaquim de Carvalho e Eugênio de Castro eram amigos e colegas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Passeavam muito junto ao rio Mondego para conversarem a pé. Em 1917 viajaram a Granada para participarem do Centenário da morte do padre jesuíta Francisco Suarez (Granada, l548 – Lisboa, 1617), altura em que um jovem poeta se lhes apresentou frente a frente. Era Frederico García Lorca”.

Escritor de sensibilidade.

Jorge Luís Borges coloca muitos dos seus contos como acontecendo em bibliotecas enormes, fantásticas. E ele é um dos maiores escritores e poetas do século passado, quiçá de todos os séculos, desde que se descobriu a América. Por que não podemos nós, eu e Montezuma de Carvalho também fazer nossas crônicas falando em livros, cartas, conversas de literatos, encontros de poetas como esse com o divino Garcia Lorca?

Esses são os caminhos da poesia.

___________________________

Francisco Miguel de Moura é escritor, membro da APL, do Conselho Estadual de Cultura e presidente do PAN (Partido dos Aposentados da Nação).Endereços: Av. Juiz João Almeida, 1750-Teresina. E-mail; franciscomiguelmoura@ig.com.br e pan1.hapg.com.br



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