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Contos-->Wasso@bol.com.br -- 08/04/2003 - 09:27 (Clodoaldo Turcato) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Eram nove horas quando abri meu email e lá estava a mensagem:
“Querido, que bom vê-lo hoje em meu prédio. Minha admiração por você é cada vez maior. Faz tempo que te vejo e só hoje tive vontade, digo, coragem para te escrever. Eu sei que és casado e tens família, porém o meu amor por você cresce a cada dia e fica cada vez mais amarrada em ti”.

Beijos


Wasso

Fechei imediatamente e deletei a mensagem, não sem antes anotar devidamente o endereço, wasso@bol.com.br, em papel miúdo, esperançoso de um novo contato;longe dos olhos enciumados de minha esposa.
No outro dia, a mesma coisa:
“Querido, por que não respondeu? Fiquei chateada, puxa vida! Custava você me dar um sinal de vida? Não sabe que machuca meu coração deste jeito? Vai... responda, por favor! “
Beijos

Wasso

Eu sempre abria minhas mensagens naquele horário. Normalmente minha esposa ficava rondando a mesa, ou até mesmo abria a caixa de entrada; não tínhamos segredos. Porém se ela abrisse um daqueles emails eu estaria em maus lençóis. Iria ser difícil explicar que eu não tinha nada com aquilo, que tudo era fruto de alguma engraçadinha, sem minha permissão, estaria me aplicando um trote. Com certeza viria a pergunta: por que não a chamei desde a primeira mensagem? Relutei alguns instantes e decidi partir para a patifaria. Deletei novamente a mensagem e guardei meu segredo.
Instantes depois minha esposa chegou, com fazia todas as noites:
- Muitas mensagens, querido?
- Algumas...como sempre – respondi, ansioso
- Alguma especial?
- Não, não, imagine. Apenas estou meio cansado.
- Há! sei – me abraçando por trás – que estranho; uma mensagenzinha deixou você assim? Quem foi a remetente?
- Quem... como? Quem disse que foi mulher?
- Quer dizer então que tem uma mensagem?

Só ai percebi que tinha caído numa cilada.
- Ora Maria! Não tem mulher, nem mensagem. Olha... pare com isso!
- Calma querido, eu sei que é só um mal estar...não é? Vou fazer um chá pra você.

E saiu para a cozinha.
Estava desconfiada, devo ter dado bobeira. O meu temor era que ela invadisse meu correio, sendo especialista em processamento de dados, qualquer falha eu seria descoberto.
Na manhã seguinte, do escritório, enviei a seguinte mensagem para minha namorada misteriosa:
“Criei um outro endereço alternativo, para que minha esposa não descubra. Por favor, mande seus recados por ele.”
E assim, a terceira mensagem foi direcionada para meu novo correio:
“Que bom que me respondeu. Como foi esperto criando um cantinho só pra gente. O endereço é legal e sugestivo. Quem além de tu para ter uma idéia de um nome como aquele. Cantinhosex foi demais. Além de lindo é esperto. Será que a gente pode se encontrar?”
Um beijo

Wasso

Daí em diante começamos a nos encontrar, com suposta total segurança, pelo endereço alternativo.
Na mesma tarde ao chegar em casa peguei minha esposa lendo minhas mensagens. Que sorte!, imaginei.
- Abri sua caixa de mensagens, querido...
- Claro meu amor; alguma novidade?
- Não, somente as de sempre.
- Anote tudo que eu vou para o banho.

Cinicamente fui para o banheiro.
Na manhã seguinte recebi uma nova mensagem:
“Poderíamos nos vermos hoje?
Responda logo, gostoso!”

Respondi:
“Esteja no Mc Donald’s da Anhanguerra hoje às 14 horas”

Um beijo

Carlos

Em poucos minutos veio a resposta:
“Estarei lá.

Beijos”
Wasso

Informei à secretaria que não retornaria naquela tarde; se minha esposa me procurasse a informasse que eu estava num almoço de negócios.
Cheguei ao endereço combinado meia hora antes. Procurei um local bem visível, para que minha amada secreta me encontrasse com maior facilidade. Minha expectativa era enorme. Cada mulher que chegava eu firmava o olho, afinal poderia ser ela. Muitas chegaram, mas nenhuma chegou à minha mesa. De repente eis que entra pela porta da frente minha esposa. Meu coração foi à boca. Procurei algum canto para sair, me esconder, mas já era tarde demais, fora descoberto.
- Oi querido! O que faz aqui? Liguei para o escritório e disseram que não voltariam pois estaria em uma reunião importante.
Eu quase tive um ataque cardíaco. Nem imagino como ficara meu rosto. Automaticamente pedi que sentasse.
- Quem são as pessoas para a reunião?
- Empresários, amor. Gente querendo levar a contabilidade para o escritório.
- Estranho! Eu não vi ninguém diferente procurar você nos últimos dias, nenhuma carta, nada. Quem são estes clientes?
- Bom, querida...são investidores suecos ...
- Suecos?
- É...meu bem. Gente graúda, coisa muito sigilosa; por isso de tanto segredo.

Ela me olhou com cara de descrença e ponderou:
- Mas você nunca quis estrangeiros no escritório. Por que essa mudança agora?
- Bom, eu achei que era hora de expandir. A Alca logo chega e a gente precisa crescer...
- Há! Por que não escolheram um restaurante melhor? Este não é exatamente o melhor local para se tratar de negócios...
- Eles é que pediram, eu não quis discutir.
- Bom... você se importa se eu esperar contigo? Estou doida para conhecer os novos clientes.

Neste instante eu me arrependi amargamente do dia em que não cortei imediatamente o contato, quando da primeira mensagem. O problema já não era ela só aparecer, mas principalmente ela não aparecer... E aí como explicar o almoço, já que os suecos não existiam. Tudo isso se passou pela minha cabeça em um segundo. O que fazer?
Diante de minha demora, ela voltou a perguntar:
- Posso almoçar com vocês?

- Cla... claro querida, à vontade.

Sentamos os dois.
Já se passavam das três e nenhum sinal dos clientes. Eu suava frio e a todo momento puxava uma nova conversa, tentando amenizar o ambiente. De vez enquanto ela perguntava pelos estrangeiros. Eu inventava toda a sorte de desculpas.
- Ligue para o contato – sugeriu
- Não tenho anotado aqui.
- Veja com a Sandra – insistiu
- Que nada. Se eu ligar vai dar a impressão que estamos mendigando. Aí o preço cai lá embaixo. Vamos esperar mais um pouco.

E ficamos mais meia hora, quando minha esposa levantou-se e decidiu ir embora.
- Bem querido, creio que os suecos te deram um trote. Eu vou voltar para o escritório. A gente se vê mais tarde.

Aliviado, aguardei mais meia hora e deixei o restaurante e fui até o Shoping Tatuapé de onde, utilizando internet local, enviei a seguinte mensagem para wasso:
“Me perdoe, eu não sabia que minha esposa estaria lá. Me desculpe.

Um beijo

Wasso “
Passaram-se três dias e nenhuma resposta. Provavelmente ela estava furiosa comigo. Paciência, era melhor assim.
No quarto dia chegou uma mensagem:
“Estive no local marcado e te vi com outra. Pensei que estivesse me enganando, mas hoje me disseram que era sua esposa. Agora me diga: como ela soube? Eu sei que tu não iria fazer de propósito. Eu estou morrendo de vontade de ter você, é tão difícil estar tão perto de ti todo o dia e não poder tocar seus lábios; agarrar teu corpo... oh! Amor, como eu sonho com isso.
Vamos nos ver logo.
Até mais tarde, no trabalho.
Beijos
Wasso “

Até então eu nem desconfiava quem seria Wasso. Mas agora ela me dava uma pista: trabalhava em meu escritório, era uma de minhas doze meninas; mas qual delas?
Tive uma idéia: expedi um memorando interno exigindo que todas, exceto minha esposa, me passassem diariamente relatório de todos os emails recebidos e expedidos. Assim, imaginei ter em poucos dias o nome de minha amante virtual. Caso não descobrisse o nome, pelo menos a faria cessar.
A medida não surtiu efeito algum, Wasso continuou com suas mensagens; ao final do dia estava eu com um relatório de emails em minha mesa sem descobrir a autora. Conclui que as mensagens não eram expedidas do escritório, mas sim de alguém de fora; até que recebi a seguinte mensagem:
“Como estás lindo: terno azul marinho, sapato preto, camisa branca e gravata lisa. Como tens bom gosto, meu gato. Como eu gostaria de tirar essa roupa toda.
Não conseguiu me descobrir ainda? Nem vai.
Wasso “.
Os detalhes de minha vestimenta estavam corretas. Só alguém que estivesse no escritório poderia dar uma descrição tão fiel. Fui ao computador de todas minhas funcionárias e vasculhei os computadores, nada encontrei.
Na segunda-feira uma nova mensagem:
“Querido, preciso te ver hoje. Vê se arruma um tempo pra gente.
Beijos

Wasso”

Respondi:
“Esteja no Motel Calibú às 15 horas. Reservei a suíte 10. Confirme”
Em meia hora ela confirmou.
Tornei avisar minha esposa que iria ficar fora; mais um cliente.
- Os suecos de novo?
- Não querida, hoje serão brasileiros mesmo.

Saí eram quatorze horas. O motel ficava cerca de trinta minutos do escritório, mesmo próximo não haveria problema algum com minha esposa, que naquela tarde estava envolvida com o fechamento de balanços. Me instalei na suite, tomei um banho e aguardei ansioso. Enquanto esperava , iniciei uma aposta interna pra tentar descobrir qual das funcionárias seria Wasso. Eliminei logo as feias; ao todo foram oito. Das bonitas restaram quatro: Lúcia, uma loira, alta de olhos verdes; Regina, magricela, olhos castanhos e cabelos crespos; Magarete, essa eliminei logo, pois não teria inteligência para tal; e por fim Livia, uma loira de para o trânsito. Se fosse, como algo me dizia que era, eu estaria bem, muito bem .
O tempo passou e chegou dezoito horas comigo só, esperando. Mais um trote. Paguei a conta e fui embora, irritadíssimo. Conjeturei as mais diversas desculpas pelo não comparecimento dela: medo, doença, acidente... ou estava me fazendo de idiota . Na manhã seguinte acabaria com aquela palhaçada, já estava ficando perigosa demais, qualquer dia minha esposas descobriria, além de que estava correndo riscos à toa, pois Wasso não aparecia.
Fui direto pra casa. Minha esposa já tinha retornado também.
- E aí, como foi?
- Mal, nenhum avanço. Um pessoal estranho!
- Que pena...
- É, mas deixa estar. Amanhã eu entro em contato com eles e acabo com tudo.
Ela pacientemente abriu um envelope branco que carregava, me olhou bem no fundo da alma e falou:
- Querido, Kalibú se escreve com K e Y e não como você escreveu pela manhã...
Me entregou o envelope contendo todos os email trocados entre Wasso e eu, foi pro banho, sem olhar pra trás.
Finalmente tinha descoberto Wasso.

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