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cronicas-->Sogra que vai -- 23/12/2002 - 21:24 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sogras são seres que vêm e vão. Elas chegam como quem está cansada da outra filha e vão ficando. Ao chegar passam uma ou duas semanas contando todo o sucedido na outra casa. É bom, pois assim as irmãs se conhecem melhor. Também os genros aprendem. Sogras não incomodam. Ao contrário, ajudam. Passam uma chuva, como se diz, e depois vão como quem cansou da filha.

Claro, as sogras não são todas iguais. Cada um tem a sua. Neste ponto poder-se-ia discorrer sobre a dualidade entre destino e livre arbítrio, mas confesso uma certa incompetência para um tema tão abrangente, de modo que esta questão fica para outro dia. Você escolheu a mulher (livre arbítrio) e não a sogra (destino ou fatalidade). Eu já declarei antes e repito: não tenho o que reclamar de minha santa sogrinha. Ao contrário. Ela já não faz baba de moça, mas eu também já não como açúcar. A torta de papo de anjo que fez um ano antes do casamento, nem pensar. Parece justo, cada coisa no seu tempo.

As sogras têm muitas idades. Tempos, melhor dizendo. Sogras jovens são ativas, cuidam de netos pequenos, fazem bolos, tortas e ambrosias. Reclamam e exigem. Mas ficam pouco tempo mercê dos chamados insistentes dos sogros, seus maridos.

Com o tempo diminuem o ímpeto e, em geral já viúvas, dedicam-se aos passeios. São milhares e milhares de ónibus por este Brasil afora, cheios de sogras a passear entre águas termais, cachoeiras, paraguais. Todas equipadas com álbuns de fotografias dos netos. Os netos já não são crianças. São advogados, médicos, publicitários. Elas não reconhecem mas também levam os currículos das filhas e genros. Ficam se exibindo e mostrando que fulano é isto e aquilo. Entre uma festa da uva e um rodeio de boi preto, não descuidam das festas religiosas. Há padroeiras e festas para todo tipo de sogra. Elas vão de norte a sul, de sul a norte, norte a sudoeste, são verdadeiros fatores de integração nacional, como se dizia nos tempos de chumbo.

Mais tarde sossegam e ficam mais em casa. Só andam de avião, com direito a acompanhante e tratamento vip. Nesta etapa começa o rodízio entre as filhas. De uma para outra, da outra para uma. Na chegada há sempre uma fase de reconhecimento. Como estará ela? O cachorro finge não reconhecê-la, mas logo cede aos apelos e pula no colo, mesmo que seja um dobermann. Depois vem a rotina, o dia a dia tranquilo. Mais um tempo e começam os "como é bom na casa da outra filha". Ficam um pouco mais e começam a contar as semanas para ir de volta. Não podem voltar logo para não fazer desfeita para a uma, nem cansar a outra. Quem é uma e quem é outra não interessa muito. A rotina é a mesma.

Depois, vão. E voltam.

Sogras não fazem muito barulho. Em geral, são discretas. Mas quando vão, fica um certo silêncio a que não se está acostumado. Não sei não, mas acho que já estou com saudades da sogra que deixei sábado no aeroporto.

Pode?



Escrito em 09.09.2002
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