Mensagem referente ao texto Nietzsche, o Naufrágio e o Peixe Cru. - Crônicas.
Querida Gina,
Li sua última crônica. Será que fui eu mesmo o culpado de sua rejeição ao consumo de carne? Acho que não. Eu também já pensei muito no assunto. Eu que ando procurando não pisar em formigas, alimentando-me de um animal? Guloso como sou, acabo chegando à conclusão que somos carnívoros por natureza, haja vista os nossos dentes preparados para tal. Depois, penso nas pescarias abençoadas por Cristo. E acabo comendo um bom pescado. Feliz 2003, voto que peço transmitir a todos os seus.
Pedro Wilson "
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Querido Pedro,
Não se preocupe, pois valeu o resultado...Só uma impressão forte o bastante consegue nos demover dessa deliciosa demanda. Talvez devesse se desculpar, isto sim, pela brincadeira de formular a frase "cabelos longos, idéias curtas" cada vez que me via...( rs...)
Você compensou essas passagens com historinhas do nosso folclore e cantigas de ninar, colocando-me para dormir enquanto o papai e a mamãe iam ao cinema. E também com seus inúmeros livros, que eu sempre vasculhava... É bem verdade que, no início da adolescência, assustei-me com as gravuras da "Divina Comédia", o conteúdo das vidas dos papas ( grave ameaça ao meu colégio de freiras ) e com o angustiante "A Carne", de Júlio Ribeiro (+ rs)...mas é claro que tudo isso foi tão bom quanto Lobato, as fábulas de Esopo e o açucarado Amicis da infância.
Talvez o mais dramático tenha sido, bem pequena ainda, aprender com você a dançar o rock. Você me ensinou a lançar as pernas para frente e fui fazer isso na canela do papai. Acho que foi a única vez que ele me bateu...lembra-se? (+ rs)
Quando somos caçula, até um maior amadurecimento, vemos os irmãos mais velhos meio agigantados ( e pensar que eu contava com oito!...). Absorvidos com namoro, casamento e trabalho, eles não se dão conta disso. Foi com certo alívio que escutei o nosso querido irmão Paulo me dizer que, apesar de me amar, não se lembra muito de mim, pois saiu de casa quando eu ainda era pequena. Lembrou-se apenas, elogioso, de que eu sempre fui muito bonita (agradeço!...mas só isso, irmão?...). Pude perceber que se não era suficientemente "conhecida", não podia ser sujeito passivo de nenhuma rejeição.
Obrigada por tudo que me ensinou e pelo afeto que nutria por mim quando criança. Espero não tê-lo decepcionado muito com a opção da troca do Direito pela Psicologia, coisa que tanto o incomodou... (+ rs...)
Beijos e Feliz Ano Novo!
Com o amor de sua irmã,
Gina
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