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cronicas-->Histórias de apagões - Marisa -- 22/12/2002 - 12:40 (Renato Rossi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Marisa, com s, não tem grandes luxos. Em casa possui o básico, comprado em prestações, com muita paciência. Nunca gastou muita energia, mesmo porque não poderia pagar uma conta muito alta. A conta já subia sem aumento de consumo. Mas Marisa, com s, tinha um sonho, um desejo que, realizado, a faria feliz, quase realizada. Sempre sonhara comprar um aparelho de ar condicionado. Carolenta, sofria muito no verão.

Economizou por um bom tempo e programou comprar o aparelho no inverno, na expectativa de que fosse mais barato, dado o menor interesse. Guardou parte do dinheiro e esperava poder financiar a diferença. Assim, já no próximo verão poderia contar com o alívio refrescante, tão esperado. Separara o dinheiro para Seu António fazer a instalação, tinha cada detalhe planejado. No primeiro dia ia passar a tarde no sofá com o aparelho na potência máxima, queria aproveitar cada porção do ar gelado com que vinha sonhando há tantos verões. Este ano ela conseguiria.

Aí vieram as campanhas para a economia de energia, o medo do apagão. Marisa, com s, começou a sentir um certo remorso por desejar o aparelho de ar condicionado. Como ela poderia refrescar-se sabendo que nossa indústria estava abalada com a falta de energia? Como poderia aproveitar o conforto com que sonhara durante anos, se o comércio operava na penumbra e no calor, se o próprio governo estava apagando suas luzes, comprometendo o bom atendimento ao público? Por mais que quisesse comprar o tal aparelho, não conseguia. Tinha que decidir rápido pois havia uma ameaça de aumento dos impostos, o que a forçaria a adiar a compra tão esperada.

Ai também já era demais. Revoltou-se . Correu. Comprou. Mandou instalar. Agora se sentia mais culpada ainda, afinal tinha cometido o desatino de não compreender o que se passava, ousara querer um ar condicionado. Terminada a instalação, não tinha coragem de ligar. E se fosse denunciada? Ela, Marisa, com s, que nunca tinha feito nada de errado, que sempre colaborava com tudo que inventavam, que não deixava de comprar nenhuma rifa beneficente, denunciada por abusar da energia. Ninguém acreditaria que ela estava tomando banhos frios para compensar.

Melhor não. Deixou o aparelho lá, sem uso, e seguiu pagando as prestações. Quem sabe ela possa ligá-lo no próximo verão.

Quem sabe?


Escrito em 16.06.2001
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