Chorei o choro do artesão e fui ao mar, reverenciar seu sepulcro. Não consegui escrever na lápide algo que sintonizasse com as obras de suas mãos, entretanto consegui visualizar que dali em diante seria ele e o mar de todas as alforrias com as cartas navegando sutilmente na superfície de águas claras e cristalinas que logo revelaram uma mancha vermelha. Nada mais era o altar sagrado lançado ao mar com todas as deusas encarnadas, com peles aveludadas resultantes do spa ofertado pelo amor. O artesão de sonhos e ilusões femininos, lá ficou a admirar a marolas produzidas pelo som do encantamento que o profissional das artes provocava nas deusas belas, sinistras e cheias de riqueza que faziam o mar navegar em ouro de tolo nas tolices de acreditar que a vida é bela para quem tem. Para quem é, apenas deixou um sumiço e nele, um espaço vazio pois o ser é etéreo e as portas só abrem àquele que tem presença promissora diante do altar ornado de futilidades.