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Cronicas-->Não está no dial -- 21/12/2002 - 21:05 (Francisco Libânio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não está no dial

Francisco Libànio

PRES. PRUDENTE, 18-12-02 - Aqui faz um calor de rachar mamona. Como não sou sócio de nenhum dos dois clubes que ficam dentro da cidade e os outros três ficam muito longe da cidade (e também não sou sócio de nenhum deles), o negócio é ficar no computador escrevendo e vendo emails. Para aplacar o calor ligo o ventilador e para espantar o marasmo, ligo o rádio.
Agora é sintonizar a estação. FM, de preferência. Problema: Prudente só tem três estações de FM. Vamos a elas. A primeira, a 91,6 toca música sertaneja nos espaços livres das propagandas comerciais. Legalzinho, mas quero me sentir fora de Prudente. A segunda é a 98 que só toca as músicas de rádio propriamente ditas, ou seja, aquelas com refrões pegajosos tipo Baba Baby, Vem Cachorrinho da parafinada, siliconada, lipoaspirada e outros adas que o leitor lembrar, Kelly Key. Tem também o Ragatanga, grupo fabricado com uma letra incompreensível. Catso! Vamos para a última tentativa, a 101 FM. É o fim! Zezé de Camargo e Luciano, Wanessa Camargo, Bruno e Marrone; mais Kelly Key e Sandy e Junior se intercalam com comerciais e piadas sem graça. Quando a coisa é assim, prefiro correr para a minha solução predileta: Pink Floyd.
Com todo respeito àqueles que curtem os estilos supracitados, deve-se concordar que música, quando é feito num estilo só, numa batida só é que nem doce de coco todo dia, enjoa. Mas as rádios aqui - e em todos os lugares - está vivendo mais do que se manda escutar do que se quer.
Ninguém nega, por exemplo, que a Sandy tem uma voz legal, canta direitinho e tudo o mais, mas a música que ela canta é o fim. Coisa pra vender e tocar em rádio mesmo! E os filhos do falecido Leandro? Estão abaixo de qualquer crítica, mas tocam nas rádios direto. Como água mole em pedra dura tanto bate até que fura fica a seguinte impressão "Pó, esses caras tocam tanto na rádio que tanta gente pede que eles devem ser bons!" Não são tão bons assim. Diga para uma menina de dezesseis anos, fã dos três meninos do KLB, que é a gravadora que paga para as rádios tocarem suas músicas. Ela não vai acreditar, vai brigar, via xingar... Mas não vai aceitar o óbvio.
Talvez a culpa desse tipo de música fazer esse sucesso todo é do meio que a veicula. Qual o maior veículo desse tipo de som? Os programas dominicais. Tão bons quanto as músicas e os artistas. Liga-se no Faustão e vê-se ele jogando o maior confete em cima desses artistas. Fica a impressão que para se fazer sucesso tem que ser daquele jeito. E tem mesmo.
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Zapeando os canais da televisão numa das madrugadas de sábado após navegar na net, achei um programa com o ex grupo gospel Catedral cantando suas músicas novas com aquela voz imitando descaradadamente o Renato Russo e, logo após, três do integrantes do Sepultura fazendo cóveres (acústicas, cantadas, bonitas pra caramba, sem os berros guturais que se imagina do grupo) da maravilhosa banda dos anos 60, Doors. Fiquei pensando "Porque a emissora não pega essa turma e põe no programa do Faustão ou do Gugu? Simples, porque não vende! Que adolescente hoje se interessa em saber quem foi o Jim Morrison? Escutar as músicas melodiosas, instrumentalizadas - de verdade e sem truques de estúdio e aquelas batidas de boate - e poéticas então, nem pensar. Melhor então colocar essa gente de talento num horário em que só os viciados em internet ínsones como eu pode assistir já que o público alvo está a quilómetros de distància afundando o pé nas boates e ouvindo lá as músicas que eles adoram.
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Citei o caso dos Doors para não pegar o mais fino, que é a MPB. Há quarenta anos atrás, quando vivíamos sob as chibatas da ditadura tínhamos para escutar no rádio as músicas do Chico Buarque e do Vandré. Quem não gostasse da música engajada deles podia escutar o Roberto Carlos (antes de conhecer a mulher gordinha, baixinha, de óculos, os taxistas e os caminhoneiros) cantando Além do Horizonte, Todos estão surdos e as Curvas da Estrada de Santos. Hoje, o Chico Buarque, sabiamente, não se apresenta nos programas de televisão, o Vandré desapareceu e o Rei, todo mundo sabe, vende dois milhões de discos por ano com músicas que não são nem de longe o seu melhor. Ele, ainda se apresenta todo fim de ano naquele seu especial para a Globo que só os fãs ardorosos conseguem assistir enquanto há algumas semanas atrás tive o prazer de assistir uma reunião dos Doces Bárbaros Caetano, Gil, Gal e Bethània. Onde? No Altas Horas à uma e meia da manhã.
Bem, enquanto escrevi esta crónica pude escutar o ótimo Dark Side of The Moon, do Pink Floyd inteiro. Nem vou procurar no rádio se eu acho coisa igual para ouvir por que eu sei que não. Vou desligar o aparelho e colocar para ouvir no meu drive a seleção de MP3 que eu fiz há alguns anos. Pelo menos nessa rádio só tocam as músicas que quero ouvir enquanto elas estão no dial do meu rádio.

18/12/02
12:07 PM
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