Não sei se erroneamente, pois ainda vou pesquisar, aprendi que a sardinha é um dos peixes mais limpos que existem no mar. Isto deva-se, talvez, a sua alimentação, sei lá! Bem, é claro que gosto de peixes diversos, nobres ou não, entretanto a sardinha ocupa um lugar especial na culinária aqui em casa. Tenho lembranças diversas quanto a comer peixe. Quando pequeno, detestava, depois veio a época do serviço militar onde obrigatoriamente toda sexta-feira era dia de peixe.
Com o tempo, surgiram as reuniões com os amigos e nelas se fazia presente um peixe qualquer. E então, por essas coincidências ou não da vida, adotamos aqui em casa o hábito de também degustar um peixe no sexto dia da semana. As moquecas, os peixes assados ao molho de camarão, leite de coco e dendê, alguns na churrasqueira, outros cozidos ou fritos. Peixes!
E então regresso a sardinha, esta envolta, agora, em rituais para a sua degustação por aqueles que as veneram e as colocam em um patamar tal, que os chamados peixes nobres contorcem seus rabos, num gesto de desprezo, já que previamente tiveram suas cabeças cortadas e, com uma gana incontida, só faltam juntar-se aos grandes chefes de cozinha para que em passeata possam protestar, indignados, pela total falta de respeito a nobreza.
Os rituais são simples. São acompanhadas, normalmente por um chope ou cerveja bem gelados em copos do tipo tulipa. Não se descarta uma caneca de um bom vinho, mas a cerveja prevalece. Fritas e servidas na hora, em porções que variam de meia até uma dúzia, são acompanhadas por um limão cortado em rodelas, e pelos amigos mais chegados.
Por hipocrisia, encontram-se um tanto afastadas de algumas classes, porém, imperam, humildemente no dia-a-dia dos menos abastados, onde, esquecidos os rituais, são servidas como acompanhamento a um bom prato de arroz e feijão, seguidas ou não por couve á mineira ou repolho refogado e é claro...farinha e muita, muita pimenta.
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