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Contos-->Eu -- 31/03/2003 - 16:58 (Hideraldo Montenegro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ela me olhou desconfiada, indecisa. Tentei de novo, agora acompanhado de gestos. Mais uma vez ela pediu para eu repetir.
Aquilo estava me desesperando. Comecei a ficar irritado. Ela percebeu meu nervosismo e fez uma carícia em minha cabeça. Sempre que ela me tocava eu me acalmava. Aquele toque era como um tranqüilizante.
Na verdade ela era a única que eu percebia que me olhava como entendesse minha importância, minha existência.
Muitas vezes olhava as pessoas e as achava estranhas, tensas e em eterno conflito umas com as outras. Às vezes, sentia pena.
Algumas faziam uma gracinha besta comigo. Percebia o modo que elas me consideravam. Na verdade, para elas, eu não tinha a menor importância, não afetava nada. As vidas delas prosseguiam, iam se encher de fatos, mas sabiam que eu seria o único que não teria participação neles.
Não me importava quando me deixavam ausente das suas mesquinhez. De fato, até gostava de estar só, observando, analisando. Elas não percebiam isto e, para mim, até era bom que assim fosse.
Vivia feliz, sem preocupações que pareciam obstruir a vida da maioria das pessoas. Minha alegria por estar vivo, por sentir a vida, uma coisa completa e não repartida em momentos, me fazia consciente que, de certa forma, era mais beneficiado do que os outros.
Para o egoísmo da maioria das pessoas, alguém só tinha importância se pesasse em sua história pessoal, se contribuísse com algum momento que as fizessem felizes.
Coitadas, não conseguiam ser felizes simplesmente por viver! A vida estava ali, pulsando em seu viver e não percebiam esta grandeza e, assim, viviam buscando encontrar o significado dela. Tentavam construir momentos que justificassem suas vidas, mas eles eram como bolhas de sabão, rapidamente se desfaziam e exigiam mais um, mais outro...
Em minha condição, elas viam apenas um antiviver. Como alguém poderia existir assim? Como alguém poderia ser feliz nascendo nestas condições?
Era verdade que eu tinha algumas dificuldades. Sabia disto. Mas, no geral sou feliz. Vivo mais tempo rindo do que o contrário.
Se existia algo que realmente me aborrecia era a falta de comunicação ou a dificuldade dela. Apesar de minha mãe, às vezes, não compreender algumas coisas que pedia, ela era a única que conseguia entrar em meu mundo e me entender.
Sentia o seu amor, pois ele dispensa palavras. Ele era verdadeiro, calmante, estimulante e a coisa que mais me fazia sentir vivo. Para mim, era um absurdo algumas pessoas não conseguirem ver isto. Por isso, eram tão infelizes.
Para uma pessoa, como eu, que nasceu com síndrome de down, a maioria das pessoas sofriam de cegueira mental.
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