Há quanto tempo estava ali? Só agora, de repente, é que se deu conta que estava ali parado.
Como estava se sentindo, naquele instante, o tempo não existia. Será que tinha sido um segundo, um ano, dez?
Agora é como tivesse despertado, adquirido consciência que existia. O fato é que não sentia vontade de falar ou, até mesmo, de pensar.
Tinha se tornado absoluto, eterno.
Olhou em volta e percebeu a presença de alguém. Alguém que, em diversos momentos, tinha estado ali e cruzado aquele mesmo espaço.
Quem era? Parecia familiar.
De repente, começou a sentir a emoção daquele alguém. A princípio era algo vago, indefinido. Concentrou-se naquilo que estava captando.
Seria pavor? Não. Não era pavor. Talvez, ...rancor? Não. Concentrou-se mais. Saudade! Isso! Era saudade, mas com um pouco de tristeza. Melancolia?
Aquela sensação o envolveu e tornou-o vago, distante mais uma vez.
O que era que estava sentindo há pouco tempo atrás mesmo? Percebeu que não estava alegre nem triste. Apenas estava ali, presente. Mas, algo lhe incomodava. O que era? Ah, precisava se lembrar de alguma coisa! Era imprescindível lembrar-se, mas do quê?
Não. Não iria se perder de novo. Precisava esforçar-se para lembrar. O que devo lembrar e que é tão importante?- Pensou.
“Isso! Enquanto estou pensando alguma coisa, não me perco! Vou continuar pensando em algo.
Bom, primeiro preciso me lembrar de alguma coisa.”
“Será...será que é...? Será que é de alguma coisa ou de alguém? Alguém! Existe alguém. Onde? Por que? E, daí que exista alguém?!”
Neste instante notou de novo aquela presença.
“-Meu Deus, é Marina! - disse para si mesmo.
“O que ela está fazendo? Parece tão triste, tão distante. Por que ela está triste? O que foi que aconteceu? Por que ela não me disse nada?”
Repentinamente se deu conta do que estava sentindo naquele instante por Marina.
Estava um pouco magoado. Por que? Ah, era uma sensação de abandono! “Será que Marina me abandonou?”. Não. Ele estava ali e ela também.
“Preciso me lembrar de alguma coisa. Talvez isto esteja ligado a esta sensação de abandono”.
Olhou para o lado e para o outro. Fixou fortemente o olhar em Marina e descobriu.
“-Meus Deus, eu morri já faz três anos! “
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