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Textos_Religiosos-->TRABALHANDO COM MARCELO E SUA EQUIPE -- 21/02/2005 - 21:44 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
WLADIMIR OLIVIER









TRABALHANDO
COM
MARCELO
E
SUA
EQUIPE

1.o volume







Edição da CASA DO MÉDIUM

Rua Cinco de Julho, 1184
Indaiatuba — SP



ÍNDICE


Nota explicativa .......................................
Introdução — Marcelo e equipe ..........................
1. Vida pública e espiritualidade — Marcelo e equipe ......
2. No Dia de Finados — Marcelo e equipe ...................
3. Prognóstico político — Marcelo e equipe ................
4. Recomendação — Homero ..................................
5. Prognóstico revisado — Adalberto .......................
6. Acolhimento espiritual — Marcelo .......................
7. Família reunida — Homero e equipe ......................
8. A pedido do escrevente — Marcelo e equipe ..............
9. O poder nas mãos do povo — Adalberto ...................
10. Maturidade espiritual — Homero e equipe ................
11. Contrastes — Ovídio ....................................
12. Exercício de doutrinação — Ana .........................
13. Passo a passo — Dalva ..................................
14. Improviso incentivado — José ...........................
15. Expansão magnética — Manuel ............................
16. O caminho ao reino de Deus — Dalva .....................
17. Brado de revolta — João (aluno) ........................
Comentário — Marcelo e equipe .....................
18. Reflexões morais sobre os ganhos de capital — ..........
19. Trabalho escolar — Temerosos e temerários — Gracindo ...
Comentário — Marcelo e equipe .....................
20. Queixa fundamentada — Adalberto ........................
21. Orientação ao médium — Marcelo e equipe ................
22. A verdadeira interpretação — Olavo .....................
Comentário — Marcelo e equipe .....................
23. Razão e emoção durante o contacto mediúnico — João .....
24. Particularíssima — Lúcio e Hermínio ....................
25. Sob fogo cerrado — Amparo ..............................
Comentário — Manuel ...............................
26. O mediunismo hoje — Marcelo e equipe ...................
27. Socorro oportuno — Ana .................................
Comentário — Marcelo e equipe .....................
28. Há sempre uma cruz para carregar — Marcelo .............
29. Perguntas e respostas — Adelaide e Frederico ...........
30. O Evangelho Segundo o Espiritismo — Lúcio e parceiros ..
31. Prisioneiros — Lúcio e parceiros .......................
32. Sobre o matrimônio — Homero ............................
33. Reportagem espiritual — Hermínio .......................
34. Notícias comentadas — Hermínio .........................
35. Transformando luz em intuição — Um amigo ...............
36. Sentimentos mundanos e reconsideração — Venâncio .......
37. Enredamento mediúnico e doutrinação — Marlene ..........
Comentário — Marcelo e equipe .....................
38. Esclarecimento, recomendação e prece — Adalberto .......
39. Vinte anos depois — Geraldo ............................
Comentário — Marcelo e equipe .....................
40. Imprudências — Não identificado ........................
Comentário — Marcelo e equipe .....................
41. Bate-papo — Marcelo e equipe ...........................
42. Roteiro da transmissão mediúnica — Marcelo e equipe ....
43. Ponto (Tese) — Equipe de alunos ........................
44. Contraponto (Antítese) — Equipe de alunos ..............
Comentário — Hermínio .............................
45. Religiosidade e procedimento — Equipe de alunos ........
Comentário — Marcelo ..............................
46. Valioso acolhimento — Fernando .........................
47. Mananciais de amor — Felipe ............................
48. Exemplo vívido — Manuel ................................
49. Cristianismo redivivo — João Eduardo ...................
Comentário — Marcelo e equipe .....................







NOTA EXPLICATIVA





Dando seqüência aos trabalhos da Escolinha de Evangelização, apresentaram-se o instrutor Marcelo e companheiros, com seus alunos, para duas linhas principais de trabalho: o ensino da mediunização e da psicografia e, secundariamente, o atendimento socorrista a entidades necessitadas. A preparação dos textos para se constituírem em mensagens é outra tarefa importante de cada discípulo, podendo-se perceber que muitos se inserem em diretriz estabelecida pelos orientadores, de modo que haja fio condutor a amarrar as diversas mensagens. A descoberta dos princípios norteadores do encaminhamento das obras só se completa após a leitura de todas as manifestações, ao longo de cinco volumes, as quais se deram no período de 2 de novembro de 1989 a 9 de fevereiro de 1990, em mais de duzentas comunicações, tendo mais de noventa merecido comentários dos instrutores.
Quanto ao teor das mensagens, existem explicações relativas ao trabalho mediúnico em ambas as realidades, exortações ao procedimento evangélico, anotações a respeito do comportamento dos encarnados e, o que é notável, apreciações em torno de acontecimentos sociais relevantes, a demonstrar o interesse que ainda causa aos espíritos a vida humana na face da Terra. Como se trata, muitas vezes, de seres muito imperfeitos, aprendizes da Escolinha, é preciso não dar inteiro crédito às suas proposições, aguardando as explicações dos orientadores e guias, os quais estabelecem as censuras cabíveis. Como muitas das comunicações encerram lições importantes relativas aos atos de cada dia, obrigando-nos a sérias reflexões e deliberações em torno de nosso procedimento, julgamos por bem dar ao público a oportunidade do conhecimento delas, mesmo porque os vários volumes foram organizados pelo plano espiritual, não necessitando o editor realizar qualquer trabalho de agrupamento ou distribuição.
Cabe ao benévolo leitor o julgamento dos méritos.







INTRODUÇÃO





Eis-nos, face a face, com o trabalho de cada dia, trabalho que nunca cessará, pois, por mais tacanhos possamos ser e por mais ínfima nossa condição, ainda assim teremos alento para manter este relacionamento com o mundo mais pesado da realidade dos habitantes do planeta, os quais sentem a necessidade de usufruir nossa companhia, no convívio mais puro e saudável das ideologias marcadas pela espiritualidade, de acordo com o tônus de bondade e com a capacidade de assimilação de cada um.
Dia virá em que todos os que agora se dedicam à leitura de nossos textos terão, por sua vez, a oportunidade de se defrontar com a possibilidade de produzirem este mesmo vínculo, não mais na rude condição de encarnados, mas na excelsa posição de espíritos, sem o peso da carne a perturbar, com seu engaste psicológico, a transmissão das mensagens que estarão aptos a produzir.
Por ora, vamos fazendo o possível para enfrentar labor que, muitas vezes, foge à nossa força, pois principiantes somos nesta tarefa mediúnica, embora tenhamos em nós cristalizado — graças a Deus! —, bom domínio dos ensinamentos que vimos recebendo dos irmãos maiores.







1

VIDA PÚBLICA E ESPIRITUALIDADE





Queremos deixar voto de confiança no povo brasileiro, prestes a decidir de seu destino político, através das eleições para a presidência da República.
Muitas almas desencarnadas estão vigilantes, pois o que é o melhor para o país está sendo, indubitavelmente, orientado pelos espíritos que presidem o destino dessa pátria-continente, a qual registra muitos avanços no campo da espiritualidade, dado que esse povo tem sentimento religioso que, embora se apresente sob múltiplas facetas, lhe dá crédito muito grande para futuro mais promissor e para advento de era de prosperidade junto ao próximo governante. Devemos dizer que qualquer que venha a ser o escolhido — não se deve esquecer de que não temos nenhum poder de vaticinar a respeito de fatos futuros caracterizados individualmente —, qualquer que venha a ser o eleito, terá oportunidade de propiciar avanços positivos nos campos da justiça social e do controle dos males maiores que afligem a tantos cidadãos em níveis sociais mais baixos.
É norma dos governantes e de quantos detenham poderes econômicos e até religiosos estabelecer, para o homem comum, princípios de sobrevivência que beiram o primitivismo do homem na Terra, quando ainda não se tinha construído nenhuma civilização baseada nos princípios da lei e da ordem, quando ainda o homem vagava errante pelas matas e montanhas buscando sua subsistência, mais próximo da vida animalesca. Agora, quando o homem tem perspectiva histórico-cultural e conhece civilizações avançadas em seus aspectos filosóficos, religiosos e de plena jurisprudência, a constituir razões de igualdade e de fraternidade, na busca da compreensão mais exata, mais evoluída, do que possa vir a ser a liberdade, agora, quando o homem tem nas mãos o poder de dominar seu destino político, sem se ater à miséria de seus conceitos mais atrasados, qual seja, por exemplo, o da exploração servil, em que trata o semelhante como escravo de seus desejos, agora, quando estão superadas as fases de atrofia da organização social, quando as oligarquias estão, por toda a parte, sendo dizimadas e a democracia vinga até em estados tradicionalmente bafejados por ideais absolutistas, eis que o homem brasileiro não poderá deixar passar a oportunidade de crescer e de produzir governo que zele pelo bem-estar social, evitando as lutas fratricidas, os debates improdutivos das ideologias contrárias, para sedimentar governo de princípios mais coerentes com os ditames da justiça divina, que ordena em categorias os humanos, segundo seu progresso moral e intelectual, de acordo com os ganhos que obtiveram de seu espírito altruísta, na busca constante de auxílio ao semelhante, por amor a Deus e ao próximo, conforme determina a lei maior.
Graças a Deus, estamos todos juntos nessa luta e procuraremos influenciar a quantos estiverem no poder, para que ajam segundo princípios evangélicos, o que, se não for possível, será motivo de desespero, pois acreditamos que pior do que está não poderá ficar. Caso os governantes venham a ser escolhidos entre os desonestos, aí o povo tomará pela força o poder em suas mãos e fará, ele próprio, ato de justiça, recompondo o seu destino, pois agora, como nunca antes, a consciência do bem está infiltrando-se no pensamento popular e, cada vez mais, estaremos vendo pessoas simples, modestas, bafejadas pelo engrandecimento de suas empíricas experiências, assumirem postos de importância na influenciação das decisões que envolverão parcelas significativas da população.
Ainda ontem, estivemos presenciando atos de vandalismo perpetrados pelo povo, quando mal orientado por fanáticos que visavam conseguir o poder pela força. Tais atos, por exemplo, eram os de assaltar mercados, para desestabilização política do governo, ou de assassinatos de líderes sindicais, para a mais grosseira absorção do poder e para influenciação no espírito popular, através da disseminação do terror. Outros exemplos poderíamos juntar, mas pensamos que tenhamos sido compreendidos.
Expressando-nos por metáfora, poderíamos dizer que, hoje, o Sol brilha para poucos, mas, no futuro, seus raios serão mais abrangentes e o povo terá oportunidade de usufruir as mesmas regalias. Tais regalias, contudo, devemos esclarecer, não são de ordem puramente material: referem-se elas, principalmente, aos atos da própria vida, pois são as que dão azo ao poder de viver e crescer em paz, com ajustamento melhor entre os componentes das famílias, o que, hoje em dia, a cada passo, vem sendo frustrado, uma vez que a muitos não são dadas condições mínimas de sobrevivência e as encarnações de muitos espíritos precisam ser feitas e refeitas, incessantemente, sem que se consiga fixar em aparatos familiares que possam sustentar os planejamentos de recuperação e de desenvolvimento. Tal é o poder que está agora nas mãos do povo: de sua decisão nas urnas dependerá progresso mais rápido ou mais lento para sua evolução espiritual.
Tais assertivas podem parecer muito remotas, longe da verdade, pois, pergunta-se: "Como podem uns míseros espíritos recém-desencarnados ter visão tão precisa do mundo?"
Respondemos, afirmando com o Cristo, que ao homem foi dado ver, desde que não tenha os olhos cobertos de cinzas, das cinzas mesmas de sua escuridão mental, das cinzas de seus crimes e desajustes, das cinzas de seus pensamentos voltados para burlar e para fugir das responsabilidades.
Basta examinar um pouco a situação geral do país, para perceber que o momento é de mudanças incoercíveis. A ninguém será dado poder para obstar o crescimento da nação, que aspira por dias melhores e que está amparada pelos irmãos mais velhos, pelos companheiros de ontem, por aqueles espíritos que vêm construindo esta pátria, com muita luta, muita veemência e muito tino. São espíritos experimentados, vividos e formados nas malhas da vida política; são espíritos que litigaram por melhorar as condições gerais do país e que primam na confecção de quadro mais harmonioso, no qual devem, necessariamente, inserir-se governantes capazes de cumprir, em atos de manifesta grandiosidade, os compromissos que assumiram, não na condição de postulantes encarnados, mas de espíritos livres, antes mesmo de seus encarnes. São espíritos de escol, que estão aí para vigiar o aproveitamento da potencialidade material e espiritual, de sorte que estão impelidos por forças seguras para a concretização do advento daquela supra-referida era de prosperidade. Estejamos todos nós com o coração propício à aceitação das diretrizes emanadas a partir dos princípios evangélicos e teremos a mais grata satisfação de conviver em harmonia e paz, para honra e glória do Senhor.







2

NO DIA DE FINADOS





Elevemos nossas mentes a Deus e agradeçamos-lhe a sua misericórdia, pois, do nada que somos, tornar-nos-emos, graças à benemerência e à piedade divinas, seres dignos de merecer tarefas de importância, que preencherão o vazio em que se encontram nossos corações. Teremos consignado, logo mais, outro texto e agradeceremos ao irmão escrevente sua generosa oferta de trabalho, em dia que muitos de nós aproveitamos para visitar nossos parentes e nossos amigos, que erguem seus pensamentos para nós, em busca de consolá-los e de auxiliá-los na compreensão dos fatos da vida, que, muitas vezes, parecem sem sentido, que causam tristezas e revoltas, mas que têm significado muito mais profundo, pois demonstram a grandiosidade do pensamento de Deus, que nos fez à sua semelhança, para que possamos sempre estar em condições de progredir, para atingir metas mais elevadas pelo seu amor.
Caro irmão, eleve seus pensamentos a quantos partiram, tendo compartilhado de sua companhia. Saiba que todos, cada qual em seu setor, estão trabalhando em benefício do bem comum e aguardam, com alegria, o momento do reencontro, para poderem, todos juntos, partir para novos cometimentos, novas aventuras, novos desafios, na excelsitude e na grandeza do eterno bem.
Peça à sua companheira, D. Núria, que receba, com amor, afetuoso abraço, cheio de lágrimas saudosas, de sua progenitora, que de há muito vem querendo fazer sentir sua presença e que se encontra muito feliz em poder fazê-lo, dentro da harmonia desta casa abençoada. Sua pequerrucha está mulher feita e crescida, aos embalos de vida cheia de trabalho e de conquistas espirituais. D. Eugênia se sente deslumbrada por ter podido dar à luz desse mundo ser de muitas qualidades e pede-lhe para considerar-se feliz, por saber que tudo se ajusta segundo as preces que ambas fizeram quando planejavam volver à Terra, em compromisso mútuo de amor e carinho.
Vá, meu filho, e deixe conosco prece de felicidade e de júbilo, nesta data tão representativa para nós outros desencarnados. Tenha uma boa tarde e procure somar aos seus méritos, outros adquiridos no trabalho e na oração.







3

PROGNÓSTICO POLÍTICO





O povo brasileiro deve saber o que o espera de mais importante dentro de alguns dias: a satisfação de ver eleito, pelo seu voto, um metalúrgico, que terá a seu encargo reformular as diretrizes do país, retirando-o do marasmo acadêmico em que se encontra, para liberá-lo para as mais sagradas funções trabalhistas do universo. Esse candidato encontrará inúmeras resistências mas, sob o amparo de forças espirituais, poderá governar em paz relativa, pois obterá o apoio da população, que verá nele um prodígio, um ser de essência superior, que pautará seus atos pelo critério maior da divisão geral das riquezas, dos bens e das terras. Cada qual poderá, então, sentir avanço em matéria de bem-estar físico, embora muitos estejam fadados a cair, sob a ameaça que os empedernidos corações dos poderosos mantêm agora.
Mais tarde, poderemos todos nós comprovar o ajuste do que estamos a redigir, pois a nós nos é vedado configurar textos que venham a vaticinar fatos particulares. No entanto, basta confrontarmos os desejos a que temos acesso junto aos encarnados, para saber, com certeza, sem sermos nostradami nem pítias, que caberá a esse trabalhador a honra e o serviço de representar o povo como Presidente da República. Caso erremos em nosso prognóstico, estaremos prontos a rever nossas considerações, para que não se pense que sejamos desonestos e imprevidentes, no sentido de insuflar nos corações a dúvida e o descrédito nestas mensagens de muita responsabilidade, que estamos a ditar há vários dias. Saúde, irmão, e não tema pelo resultado das eleições, pois aquele que está para ser eleito será, sem sombra de dúvida, o mais autêntico representante do povo que o elegerá.
Quero ainda deixar assinalado que, em vida, não tive as mesmas cores políticas desse trabalhador. No meu tempo, havia luta muito grande entre conservadores e liberais e eu pertencia ao partido monarquista, sempre cheio de esperanças em que o Imperador pudesse reinar levando a paz a todos os lugares, mesmo que essa paz viesse através das forças militares. Vejo que me enganei. Os que estão comigo aqui e que foram da mesma época fazem sinais de aprovação e concordância.
Mais do que nunca, deve um homem do próprio povo assumir o poder, pois só assim teremos alguém capaz de ter visão mais adequada das desproporções em que se enquadram os vários setores da população. Querem os poderosos manter-se no governo, sufocando, em todas as ocasiões, a força de decisão do povo, fazendo com que o vislumbre da própria realidade fique ofuscado, através de atitudes cheias de malícia e de técnicas apuradas de domínio das mentes. No entanto, chegou a vez do povo, através da legislação que os irmãos do Alto vinham inspirando de há muito, junto aos que se constituíram para a elaboração da Carta Magna.
Agora, quando as eleições estão prestes a se desfechar, muitos procuram retardar, através de artifícios de última hora, a reflexão sobre o que possa ser o melhor a ser oferecido ao povo. Não que os espíritos não tenham meios de influenciar nas decisões humanas, mas estão impedidos pela natureza da condição do encarnado: o livre-arbítrio. Por isso, sabemos todos nós que, qualquer venha a ser o resultado final das eleições, teremos governante voltado a executar as aspirações populares, pois cada brasileiro sabe, no fundo de sua consciência, que é chegada a hora de se cumprirem os destinos mais sagrados da cidadania, que é chegado o tempo de minimizar o sofrimento dos humildes e dos ofendidos, para que o Brasil possa vir a ser, definitivamente, a terra da esperança, a terra da Santa Cruz, a escolhida pelos espíritos maiores para a realização dos desejos do Cristo, quando quis que o homem se tornasse realmente o filho de Deus.
Rezemos, irmãos. Elevemos nossas almas ao Pai, para que possamos ser iluminados naquele nosso ato de escolher o nosso governante máximo e que possamos eleger o que melhor intenção tem de cumprir os grandiosos destinos deste povo abençoado. Tenhamos fé em que o de melhor irá acontecer e concentremo-nos, para que todos possam vir a receber luz de progresso e de generosidade. Ainda uma vez, irmãos, despertemo-nos para a nossa realização de grandiosa magnitude e tenhamos fé em que tudo se dará segundo a orientação maior do Cristo, nosso mestre e nosso guia.







4

RECOMENDAÇÃO





Já vamos liberá-lo, mas antes ainda temos pequena mensagem pessoal.
Vá até a rua e observe o desenvolvimento de plantinha situada ao pé do muro. Veja como cresce, independentemente da vontade de qualquer pessoa. Assim também é o crescimento de sua mediunidade. Caso, entretanto, algum passante sentir o desejo de afastar de si o seu impulso de bondade e quiser matar a plantinha, não terá ela recursos para continuar sua vida e ficará à mercê da vontade de outrem. Assim também se dará com sua mediunidade, se você se conduzir impropriamente e se deixar levar por impulsos malignos, produzidos por entidades interessadas em tolher o seu desenvolvimento. Saiba que tais entidades existem e se espalham por toda a parte; por isso, previna-se, através de muitas preces, sem nunca esmorecer em seu trabalho.
Fique em paz e na certeza de que espíritos existem que velam pelo seu sucesso no campo da mediunidade, entidades atentas e conscientes dos pequeninos progressos, que podem parecer pouco expressivos, mas que, com o correr dos dias, irá engrossando, como as fontes engrossam as águas dos rios. Fique na paz do Senhor e vá desfrutar com sua esposa dos momentos de lazer que os aguardam. Fique com Deus, amigo, e não espere outra coisa, senão trabalho sério e compensador.







5

PROGNÓSTICO REVISADO





Pode parecer pouco provável, mas tudo indica que o candidato metalúrgico vá ganhar as eleições, mesmo com a estrada na disputa do animador de televisão. É óbvio que todos aguardam com ansiedade, agora redobrada, o resultado das urnas. É de se ver com que ansiedade se dão as disputas mesmo entre os desencarnados, que, quais os mortais, têm também suas preferências e se atiram às campanhas com vigor e entusiasmo.
Muitos irmãos vemos junto às pitonisas que se arvoram em conhecedoras do futuro, a insuflar idéias insensatas a respeito da possibilidade deste ou daquele vir a ser proclamado vencedor. Quimeras! Só quimeras! E diversão barata para os espíritos jocosos dos irmãos que pairam no espaço, desocupados, cheios de presunção pelo alvoroço e transtornos que causam. É de se ver com que alegria se atiram ao trabalho nos comícios, tentando soprar, nos corações dos incautos, idéias de favoritismo e de fanatismo. Festejam como certa a vitória, sempre que algum encarnado se põe a parlengar em altos brados em favor deste ou daquele de sua preferência. Melhor fariam se destinassem o seu poder de influenciação no sentido de captar e distribuir vibrações para gáudio dos irmãos maiores, que querem ver adotados na Terra os princípios evangélicos do Cristo, mais que tudo. São esses os elementos pernósticos que vibram em favor dos vaticínios e que buscam favorecer seu candidato, aficcionado aos sistemas de distúrbios da ordem, não pleiteando verdadeiramente posto de sublime responsabilidade, qual seja o de Presidente da República.
Evidentemente, o texto ditado ontem a respeito da vitória do trabalhador estava eivado de promessas bem fundamentadas e verdadeiras, se cotejarmos as prévias humanas com o descortino espiritual. Mas devemos convir com que um período de governança está sempre impregnado e influenciado por acontecimentos vários, impossíveis de predição, de forma que dizer que este ou aquele candidato, se eleito, vai representar com dignidade o povo que o aclamou é fazer previsão acima de qualquer capacidade, seja ela, embora, desencarnada.
Vamos ater-nos a princípio dos mais elementares: a visão que se pode adquirir oriunda de pesquisas feitas junto ao reflexo das emoções e desejos que os corações humanos são capazes de emitir. São dados que, se computados estatisticamente, poderão oferecer alguma segurança. Mas os percalços que, a todo momento, a vida deve enfrentar são de tal ordem, que é impossível prevenirmo-nos quanto a cada um deles, fazendo-os incidir sobre o todo, de modo a se determinar com segurança qual o poder de alteração geral do quadro que cada um possa oferecer. Ainda agora, temos vários fatos novos a intervir seriamente em qualquer prognóstico que venha a ser feito com relação ao resultado final da apuração e, mais ainda, no que se refere ao desempenho do governante a ser escolhido para reger os destinos da pátria nos próximos cinco anos.
Quero deixar aqui meu voto de confiança nas palavras que nosso irmão deixou gravadas na comunicação da véspera, no entanto, coloco as minhas restrições quanto à possibilidade de virem a ser verdadeiras, sem que esteja eu tomando partido na discussão, uma vez que não é de meu feitio envolver-me nas querelas políticas que dizem respeito, unicamente, à humanidade. Não quero, com isso, dizer que não sejam importantes, para os aspectos espirituais, as decisões tomadas pelos governantes no exercício do poder. Têm elas grau elevado de compreensão e de extensão, se considerarmos os aspectos filosóficos do tema. Apesar disso, tememos pelo destino dos homens, sempre que algum espírito se atreve a revelar dados que captou, que analisou e que distribuiu em elementos ordenados, para justificar pensamentos e intenções de outrem. Não vamos censurar quem se dedica com honestidade à busca das verossimilhanças psicológicas, à produção de conclusões baseadas em pesquisas sérias e de elevado teor moral, mas não podemos conceber que todos estejam igualmente aptos a receber, com isenção de ânimo, este manancial de dados e de elementos, que visam tão-somente a especular a respeito de pretensões e de desejos e que não apresentam a firmeza indelével da prova provada, na realidade, e irrefutável, na argumentação. Isto nos basta por ora, pois o tema é controverso e suscetível de contra-argumentação. O que nos interessa, sobretudo, é provar que o candidato apresentado como vencedor poderá cair na pesquisa das intenções mais íntimas, em virtude de algum fato novo que venha a influenciar na decisão final do eleitor.
Valha-me Deus que estou discorrendo sobre tema difícil e polêmico, para o qual deveria ter a experiência dos irmãos acostumados a vivenciar com mais equilíbrio e harmonia de pensamentos os fatos da vida cotidiana. Penso, no entanto, ter acrescido mais um pouco de luz, para que não se fique pensando que tudo está escrito e determinado, sem que se possa intervir nos elementos que compõem o intrincado mistério da vida humana.
Fiquemos com Deus, irmãos, que ele, sem dúvida, será o nosso eleito em todos os pleitos, pois o nosso Pai esparge com abundância as suas bênçãos sobre todas as suas criaturas e aguarda que cada qual atinja a sua felicidade, embora momentaneamente sejam frustradas as suas esperanças e os seus anseios. Vibremos, em conjunto, oração cheia do mais carinhoso afeto por todos os candidatos, que se expõem à visitação da especulação pública em sua vida material e em seu plano espiritual, cônscios de que estaremos somente ajudando, para que sejam iluminados, no sentido de demonstrarem seus projetos de governo com bastante verdade e coerência, para que venha a ser eleito aquele que melhor pode desempenhar o papel de dirigente máximo da nação.

Esta mensagem destina-se a esclarecer as dúvidas que possam surgir no espírito de quantos venham a ler o texto de ontem (Prognóstico político), que, sem dúvida nenhuma, apresenta muitos méritos, mas induz a polêmica inútil no campo da espiritualidade.
Graças a Deus, irmãozinhos, estou chegando ao fim, contente por ter podido contribuir um pouquinho para a compreensão de fatos que não são ainda corriqueiros junto aos humanos, mas que tendem a crescer em intensidade e a se espraiar junto aos corações daqueles que tenham boa vontade e busquem servir sem predisposições maldosas ou desonestas. Agora despeço-me e lhes desejo feliz escolha nas próximas eleições.
Saúde e paz no Senhor!







6

ACOLHIMENTO ESPIRITUAL





Abrimos espaço para um novo companheiro, o irmão Adalberto, mais afeito a comentar a vida humana naquilo que tem de cotidiano, de contumaz e de corriqueiro: cotidiano, no sentido de se ater ao dia-a-dia das pessoas; contumaz, por ser repetitivo, às vezes ad nauseam; corriqueiro, por que ocorre com a maioria da população e oferece motivo para diferenciação em relação a outros povos e/ou épocas.
É de admirar o conhecimento deste nosso novo amigo: parece que viveu entre os encarnados durante milênios e, quando diz que outro espírito de mais larga experiência faria texto mais brilhante, é porque é extremamente simples e modesto, da simplicidade dos santos e da modéstia dos bons.
Vê-se logo que está armado para enfrentar os mais duros inimigos da palavra, aqueles que gostam de digladiar pelo efeito efêmero que a retumbância de suas vozes pode exercer junto às mentes dos que se encontrem despreparados para os temas em debate. Vê-se logo que procura esclarecer, com as luzes do evangelho, mas sem fugir ao debate dos temas em si, na busca constante de encontrar os verdadeiros artifícios, os sofismas que levam os seus oponentes a se refugiarem neste ou naquele argumento. O mérito da idéia, no entanto, transparece com muita nitidez, sempre que retorna à pregação das verdades evangélicas, que estão definitivamente assentadas nos livros sagrados e das quais não há fugir.
Bem-vindo, irmão Adalberto! Que possa você usufruir com plenitude seu potencial neste trabalho que estamos presidindo, junto a este instrumento, que inicia as suas tarefas de registro mediúnico, em sua psicografia. Venha você, com sua sabedoria e seu espírito renovador, aclarar não só os amigos da espiritualidade, mas também e principalmente a quantos irmãos se achem internados no mundo da carne e, por isso, carentes de manifestações de inconteste cultura e de esplêndida verdade.

Salve, Jesus, nosso mestre e orientador supremo! A ti agradecemos mais este ajudante primoroso, pois só de ti poderá emanar a luz necessária para que possamos dar cabo, com alguma eficácia, de nosso trabalho, no campo do auxílio fraterno e do esclarecimento oportuno. A ti, ó Jesus, elevamos as nossas agradecidas preces e rogamos não nos desampares em nosso labor, para que possamos dar seguimento ao nosso destino. Gratos estamos e reverenciamos a tua misericordiosa assistência, na figura deste nosso novo colaborador, que, ajoelhado e em lágrimas, se oferece para a tua bênção.







7

FAMÍLIA REUNIDA





Vamos encerrar os trabalhos desta tarde com carinhosa manifestação de afeto de mais um parente seu, que comparece a esta sessão cheio de emoção e de saudade. É o seu nonão, um ser cheio de luz e de bondade, que se aproximou desejoso de externar pensamento de ajuda e de admiração por encontrar o neto querido, seu tesoro, envolvido nos sérios trabalhos de captação de nossas mensagens. Diz que está saudoso das cartas do baralho, quando podia manifestar todo o seu afeto, através da convivência e do forte amor que os unia. Agora, mais que nunca, diz ele, poderá vigiar para que tudo ocorra na vida de seus descendentes em harmonia e tranqüilidade, velando principalmente pela realização dos objetivos maiores de seus filhos, netos e bisnetos, aconselhando-os a retomarem o caminho certo da verdadeira moral e influenciando para que tudo se realize em plena felicidade. Tem os olhos rasos d água e deixa carinhoso afago de mãos, como era de seu estilo.
Sua avó Teresa também está presente, companheira inseparável, até mesmo neste plano, do seu de há muito amigo Pedro. Com ela estão também seu tio Lúcio e sua tia Amábile, que você não conheceu, tendo falecido antes de seu nascimento. Está ela dizendo que vocês partilharam de outra existência, mas que isto não deve ser motivo de preocupação. Dia virá em que a compreensão de tudo se dará.
Sua avó manda-lhe carinhoso abraço e beijo muito terno e feliz, e incentiva-o a continuar na senda que se lhe abre à frente. Envia também fraternal aperto de mão e beijo na testa para sua esposa, que tão brilhantemente tem superado os momentos de infelicidade de sua existência. Diz que também passou por iguais ou maiores tormentos e que é natural, junto às entidades encarnadas, ter-se que enfrentar dissabores que nos parecem intransponíveis, mas que, na verdade, servem apenas como trampolins para feitos de maior envergadura e ganhos de maior resistência à contaminação do mal.
Eis que todos se despedem, pois têm muito que fazer, já que, organizados em grupo socorrista, percorrem as esferas carnais em busca de pessoas em desespero, para recambiá-las ao processo normal do encadeamento vital a que estão destinadas.







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A PEDIDO DO ESCREVENTE





É natural que você não veja nas mensagens pessoais nada além do seu desejo de assinalar a presença dos parentes mais próximos e queridos, com quem compartilhou a maravilhosa experiência da vida. Sabemos que seria melhor para seu ego que o conhecimento do estágio atual deles viesse através de outros médiuns, de preferência daqueles que nenhum contacto tiveram com as entidades supra-referidas. Mas fique tranqüilo que seu trabalho está sendo beneficiado por grupo experimentado de espíritos que visam a atingir, dentro em breve, estado tal na transmissão das mensagens psicografadas que você não terá mais dúvidas e respeitará, no fundo do coração, as manifestações que se apresentam aparentemente destituídas de verdade.
Não estamos subestimando a sua capacidade intelectiva, mas nos preocupa sobremodo o desejo que apresenta de estar dotando os textos de novidades e de excelsitudes. Mais que tudo, irmãozinho, devemos deixar claro que admiramos o seu trabalho e o seu esforço e que tudo faremos para mantê-lo atarefado, em favor da captação das vibrações úteis para o nosso desempenho e para a manifestação da variada gama de textos que estamos preparando. Não se entristeça por não sentir ainda essa presença de modo mais concreto ou mais positivo. Escreva, simplesmente, detendo-se somente em considerações de ordem gramatical ou ortográfica, deixando o mais para nós outros, que estamos progredindo na interpretação dos sonhos dos homens e de seus desejos.
Este trabalho visa a atenuar o possível desencontro entre pensamento e ação, pois uma verdade objetivada é sempre um problema posto, de sorte que a solução advirá do cotejo entre o desejo manifesto e a verdade imanente. Como o texto não está claro, reescreva. A verdade fluirá, sempre que cotejarmos as intenções dos seres, quer em estado de espírito, quer na situação de alma encarnada, com o seu acervo de conhecimentos, de cometimentos, de ações, de atitudes e de esperanças. Desse confronto, resultará conclusão, que será ponderada, analisada e discutida e reverterá ao ser na forma de texto curto, cheio de pregação moral, pronto para aplicação imediata na vida de quantos tenham o seu espírito engastado na luta pelo progresso particular e em benefício da humanidade. Em outra ocasião, relataremos, com maiores minúcias, o que se passa em nosso espírito ao ensejarmos estas manifestações. Fiquemos agora apenas nos aspectos materiais, se assim podemos dizer, da origem psíquica dos textos.
Fique com Deus, irmão, e contenha os seus ímpetos de rebeldia ao tentar aproveitar-se de imediato dos conhecimentos dos textos. Você já pensou se o nosso grande Chico Xavier ficasse analisando quantas idéias perpassam, a cada momento, pelo seu cérebro, em busca de transformação em palavras?! Não produziria quase nada. Portanto, sem querer estabelecer qualquer nexo entre um nível de mediunidade e outro, fique mais relaxado e, em breve, seu tempo se multiplicará e sua capacidade de escrita terá desenvolvimento de meter alegria até nos mais sombrios filhos das trevas, ou seja, já que você pede esclarecimento, que todos estarão alegres em saber que têm pena apta a atender às solicitações de manifestações psicografadas. Não queira afastar-se de nós tão já e prontifique-se a escrever sem restrições, atendendo-nos em nossas necessidades e prestando-nos serviço de grande relevância.
Vá restituir à sua cara esposa a sua presença, que nos foi útil e que, desgastada energeticamente , está falhando e perdendo concentração. Não se iluda, no entanto, e atenha-se a aceitar apenas manifestações de caráter geral, deixando as pessoais e particulares para grupos de doutrinadores mais capazes de trabalhar com obsessores e obsidiados.
Adeus, caro amigo. Fique na paz do Senhor!







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O PODER NAS MÃOS DO POVO





Você tem no bolso documento demonstrativo do valor do relacionamento humano, quando feito sob os auspícios da comunhão, da irmanação, do conhecimento mútuo das necessidades das pessoas: o dinheiro. É sagrado o dinheiro para a fixação de bens e distribuição das riquezas. Devagar vai o ser humano coordenando seus ganhos financeiros, de modo a favorecer o crescimento das populações, no sentido de operar, cada vez melhor, a transformação do trabalho em bens de capital, harmonizando a sociedade em torno de ideais comuns de bem-estar.
Essa sabedoria, no entanto, extravasa os limites meramente financeiros e se estende para a assistência médica, em auxílio ao restabelecimento da saúde, quando as pessoas se vêem afastadas por doenças adquiridas no estrito campo do desempenho profissional.
Mais ainda, vêem-se freqüentemente homens capazes e honestos buscando burlar o fisco, na tentativa de usufruírem os valores materiais mais altos, valores de poderes discutíveis e, muitas vezes, contraditórios com os avanços da própria civilização, que cada um aceita e ajuda a estabelecer e a manter. Vemos homens que se dizem afeitos ao trabalho tramarem contra os menos aquinhoados no poder de compra, porque recebem parcela ínfima dos bens coletivos, a despenharem do alto de suas posições, as quais deveriam ser de salvaguarda dos beneficiários da coletividade, a assaltarem, com desmesurada cobiça, os cofres públicos e particulares, almejando vida plena de benefícios materiais, cheia de promissoras vantagens terrenas e de ganhos mundanos, a dominarem abusivamente o poder, sem considerarem sequer as próprias mazelas, sem se aperceberem de que agem segundo as leis da selva, aquelas mesmas que de há muito a humanidade aprendeu a rejeitar, ao instituir premissas mais condizentes com as virtudes que se espera que cada qual adquira, para desenvolvimento de sua espiritualidade.
O ser humano, portanto, visando a bem coletivo, extrapolou em seus sentimentos e se agregou em grupos de extermínio das virtudes necessárias para a consecução de seus desígnios. Claro está que esse avanço chegou aos poucos, através da aplicação, nas ciências humanas, do produto dos ganhos que se fizeram, a partir do momento em que, da agricultura extrativa ou meramente desprovida de qualquer auxílio tecnológico, se passou a indústria incipiente, nos primórdios das civilizações modernas.
Estas considerações se fazem necessárias para que fique bem claro, no espírito do leitor, que o homem não se adaptou às novas realidades porque quisesse estar de bem com Deus, mas por interesses crescentes em se fixar no comando, explorando o trabalho dos operários e aprendizes, bem como sacrificando as famílias deles, na busca desenfreada do poder. Em harmonia com esses sentimentos de luxuriante prazer, foi desenvolvendo, paralelamente, ciência voltada para a facilitação dos eventos concernentes à produção de bens de consumo, sempre mais rápidos e melhor adaptados à indústria e ao comércio, no gerenciamento dos próprios recursos, na busca de novos mercados e no incentivo ao progresso mercadológico.
Atentos aos fatos em desenvolvimento, puderam os desencarnados ir insuflando, na mente humana, idéias de solidariedade e de distribuição de riquezas, de forma que se propiciassem a todos, as comodidades materiais que favorecessem, por seu turno, o desenvolvimento espiritual, através da capacitação universal da leitura e do acesso às bibliotecas e ao conhecimento das eternas verdades que os livros sagrados registram. Em parte se conseguiu esse intento, pois muitas igrejas se preocuparam com a evangelização, apesar de muito dependentes do poderio dos que detinham o governo e que, portanto, interessadamente, buscavam as riquezas que entre poucos se distribuíam.
Agora, entretanto, o quadro das diferenciações sociais se agrava, tendo em vista que pôde o homem progredir incessantemente nos campos científicos e tecnológicos e tão pouco no da assistência e na disseminação dos valores mais profundos. O dinheiro, veículo da distribuição das riquezas, tornou-se o meio mesmo de captação delas e recurso seguro de fixação de bens de capital, o que onera, sobremodo, o avanço da civilização. Países existem, entretanto, mais desenvolvidos nos aspectos da benemerência, que se encontra institucionalizada nos códigos de leis e na atitude pessoal que cada qual assume diante do semelhante, já que o desenvolvimento material se deu a par do avanço moral, equilibrando-se as conquistas em ambos os campos.
No Brasil, contudo, tal não se dá. Nem é preciso viajar pelo país todo, para que se possa sentir quão diferenciadas são as suas regiões: de um local de grandes recursos, dotado dos instrumentos mais sofisticados inventados pela genialidade de cérebros altamente intelectualizados, até paragens grosseiras, onde o bezerro bebe da mesma água barrenta que enfeita o corpo das criancinhas em transe de morte, pela ignorância geral que grassa nos espíritos animalizados pelo descaso dos que detêm as riquezas e o poder. São de lastimar casos como o do irmão que se viu compelido a sacrificar toda a família para obter punhado de comida, que mal chegou para alimentar-se durante um dia sequer.
Vemos, por outro lado, acontecer ferrenha disputa política, objetivando obter o poder maior da nação, em querelas mil, em promessas de grandes trabalhos. Jamais teve o homem brasileiro tanto poder de decisão no que respeita à escolha de seu governante. Se olharmos para trás, veremos que, a par do crescimento dos recursos de que antes falávamos, havia também predisposição para a manutenção do status quo. Tal fato acaba de escapar das mãos dos poderosos mandantes e dignitários da pátria. Sem que se apercebesse, grupo de políticos se deixou levar pela euforia da liberalidade que o poderio armado deixou escapar, por precisar ater-se a compromissos estabelecidos com outras nações, e pôde o Congresso Brasileiro reunir, em documento mágico, acervo de elementos infiltrados das legislações de países mais avançados, o que se deu sub-repticiamente, sem que se tivesse inteiro domínio da situação. Agora pode o homem comum virar a mesa e conseguir para si mandante mais generoso e de capacidade, que tenha o coração mais desvinculado dos ganhos do poderio econômico existente e mais afinado com os grupos de espíritos que pregam a paz através da distribuição das riquezas e da capacitação do homem comum de adquirir, em pouco tempo, os recursos necessários para sua sobrevivência e para seu desenvolvimento, quer do ponto de vista material, quer do estritamente moral e espiritual.
Caso se abstenha o povo de seu poder, evidentemente em detrimento do próprio desenvolvimento, teremos novamente de providenciar socorro para muitos que se encontram fisicamente perdidos em mundo de misérias e de desgraças. Sabemos, entretanto, que muitas forças do bem se juntaram para ajudar os mais ignorantes e mais necessitados a reunirem-se em grupos de meditação e de prece, em auxílio à decisão que mudará os destinos da nação. Graças a Deus, este trabalho está sendo realizado com muito empenho e está deixando rastro de muito júbilo, pois a aceitação dele é imensa e inumeráveis espíritos engajam esforços, no sentido de conscientizar a população de seu próprio poder. Como se pode notar, há males que vêm para bem, se soubermos administrar, com judiciosa ponderação, os elementos que se encontram à nossa disposição, bafejados pelo hálito da benemerência soprado pelo Senhor, para alegria e recuperação dos homens.
Mais tarde, teremos oportunidade de nos estendermos em considerações mais abrangentes a respeito do desenvolvimento humano, no aspecto de aceitação dos valores espirituais que estão sendo transmitidos através dos trabalhos mediúnicos. Agora, estamos registrando tão-somente aspectos sociais de benemerência.
Resumindo as idéias: os homens buscaram lã e saíram tosquiados, no bom sentido.







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MATURIDADE ESPIRITUAL





Perdoe-nos a jocosidade que, aqui e ali, salpicamos em nosso texto. Que não se perca o leitor quanto à seriedade das noções que estamos registrando. Cabe-nos amenizar a nossa pregação, pois se dá pesada e, por isso, capaz de levar a considerações de outra natureza. Sabendo disso, armemo-nos para a guerrilha da fé com as armas da boa vontade, da comiseração e do desprendimento, na realização das sagradas tarefas de preservar os bens espirituais e morais que conquistamos nos embates mais duros de nosso sofrimento, nas batalhas mais agudas da perda dos entes queridos e da esperança, quando ainda idealizávamos o mundo, em cristalizações infanto-juvenis de grandes vitórias e de grandes feitos.
É muito bom sonhar enquanto somos jovens. Mas a juventude não é eterna e só a maturidade é que nos leva a refletir sobre os bens a que devemos dar valor e quais os que devemos deixar de lado. É o momento da reflexão, pois as mentes já amadureceram para receber as dádivas do Senhor em seu evangelho de luz. Antes e acima de tudo, devemos as nossas alegrias aos nossos feitos de amor sabendo, com certeza, que estamos no rumo correto, sempre que de nós se desprender afetuoso sorriso ou lágrima de sincera emoção. Mais que nunca, devemos vibrar em consonância com os corações dos justos e dos bons, em incansável busca de bens morais e de ganhos espirituais. Vamos, para isso, concentrar nossos pensamentos no Cristo e elevar prece de agradecimento ao Criador, pela misericórdia que nos foi concedida, tendo em vista o nosso poder de compreensão das virtudes e do caminho de luz a ser trilhado rumo ao infinito, na paz augusta do Senhor.







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CONTRASTES





A mais não nos atrevemos neste sábado chuvoso, em que os homens e os espíritos buscam o conforto, na companhia dos entes mais chegados, nas intermináveis tertúlias que a trégua do descanso semanal proporciona. É comum encontrarem-se os espíritos reunidos em torno de pensamentos que lhes brotaram na mente durante a realização de suas tarefas semanais. É o momento de refúgio no seio das comunidades promissoras que vicejam em todo o orbe, no campo e nas cidades, concentrando-se especialmente junto aos grupos de necessitados. Mas o dia é de reflexão, de descanso, na paz relativa dessas comunidades.
Claro está que organizações existem incansáveis na prática do mal, mas sofrem o equilíbrio das poderosas forças do bem, acostumadas a exercer seus trabalhos em dias alternados, de modo que se possa contrabalançar o mal e dar segurança aos que, inadvertidamente, se deixam perder nas intrincadas estradas da vida. Esse recolhimento de infelizes é diuturno e muito nos comprazemos quando estamos escalados para o trabalho nos fins de semana. Não que não haja satisfação em permanecer no convívio dos amigos. Ao contrário. Mas é causa de muito júbilo o saber que estamos sendo úteis, mesmo que em grosseiro trabalho de recuperação de delinqüentes contumazes, que nenhum valor atribuem à nossa tentativa de recuperá-los para o bem do Senhor.
Saibam, amigos, que mesmo agora, quando tudo parece estar em paz, seres existem que estão atentando contra os semelhantes e mesmo contra a própria organização física. Cabe a nós, socorristas, estar prontos para o auxílio, na busca do conforto e do refazimento dos que ainda aceitam uma palavra ou uma vibração. Seres outros existem que nem isso nos permitem, ficando à própria sorte, à mercê das hordas de malfeitores, que se deleitam na manutenção das misérias que dominam em seus reinos de baixeza e de escuridão.
Quanto ao prazer que tais espíritos conseguem, devemos, desde logo, desencorajar possíveis mal-entendidos. O prazer é meramente físico, ou seja, exterior. Suas almas, já que os corpos perispirituais dessas entidades ainda são densos e muito próximos da carne humana, suas almas se vêem privadas de raciocínio e seu sentimento mais íntimo não favorece o reconhecimento das próprias dores, projetadas no escárnio de que tornam alvo as figuras que dominam e que maltratam. Cada dia que passa para eles é um dia de sofrimento, no martírio da convivência com sua alma imperfeita e cheia de desejos espúrios, que sempre estão insatisfeitos, impulsionando-os a perpetrarem novos crimes. Em suma, o mal não compensa, mesmo entre os que têm a maldade enfronhada no mais profundo do ser.
É triste depararmo-nos com seres assim, pois estão fadados a vagar no espaço ainda por tempo difícil de medir pela contagem humana, pois o homem só tem como medida o próprio ser e seu tempo está limitado a uma vida. Nós, entretanto, que temos noção mais próxima da eternidade, sabemos que esse sofrimento perdurará por milênios, se providências não forem tomadas pelos espíritos mentores, no sentido de serem minoradas as dores através da conscientização. É segredo nosso, ainda não disponível para os encarnados, o meio que detemos para realizar tal conscientização. Mas é possível, desde que o espírito ainda tenha alguém que o estime e zele por seu bem-estar.
Fiquem com Deus e assegurem-se de que estejam cercados de almas boas, gêmeas em seu enveredamento pelas trilhas luminosas do Senhor.







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EXERCÍCIO DE DOUTRINAÇÃO





Agora que temos uma pena disponível, atrevemo-nos a aproximar-nos para externar pensamento que achamos esteja faltando nas mensagens que estão sendo produzidas pelos amigos que se encontram presentes. Trata-se de um princípio segundo o qual o homem pode capacitar-se para o bem sem muito esforço, embora demande energia e magnetismo de primeira categoria. Trata-se de inventar meio de substituir a prece em primeira pessoa do singular por prece coletiva, prece que será, seguramente, mais eficaz e comovente.
Nas igrejas, estamos acostumados a sentir que nem todos rezam com a emoção que a ocasião pede. Agora, em centros espíritas, em ambiente mais iluminado da luz dos mentores e dos espíritos guardiães, a prece frutifica e encontra reverberações de maior magnitude. Prescrevemos-lhes, pois, que busquem elevar seus corações em preces das quais participem muitos encarnados, porque, se um palito de fósforo pode iluminar área bem pequena, delimitada pela expansão de luz bem fraca, evidentemente que fábrica de fósforos, pegando fogo, vai produzir luz de intensidade e de grandeza bem maiores. Com a expansão dessa luz, espíritos mais desenvolvidos estarão sendo convidados a partilhar do bem comum e a prece se elevará com mais força e subirá com mais amor para o coração do Pai. Muitos encontrarão maior conforto e espíritos que erram nas trevas poderão ser atraídos para participarem dos benefícios de todos.
Graças a Deus, irmão, pude superar minha timidez e elaborar texto que, graças à sua ajuda, teve um pouco de mérito. É verdade que tentava suborná-lo, para que meu ego se regozijasse com a ousadia dessa aproximação. Vejo que me enganava e que, se o coração for puro, honesto e bondoso, vai deixar-se levar por este impulso, favorecendo, a quantos tenham más intenções, a se reformarem e a buscarem, constrangidos, sua recuperação. Muito lhe agradeço e deixo a promessa de que vou procurar regenerar-me, para não mais ficar perturbando, quando os trabalhos de meditação estiverem sendo realizados.
Adeus, irmão, e aceite carinhoso e respeitoso abraço desta sua irmã em Deus.







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PASSO A PASSO





Aos poucos, vamos avançando em nosso caminhar, em busca do sucesso mediúnico. Embora não saibamos que rumos advirão destes escritos, ainda assim seremos contumazes e iremos despejando o pouco que sabemos, através dos estímulos magnéticos a que estamos propensos, pois contamos com o concurso de irmãos mais afeiçoados a este tipo de trabalho. Claro está que nossos conhecimentos não deverão desmerecer do aprendizado que vimos insistindo em realizar nas sessões de estudo organizadas pelos irmãos redentores e doutrinadores, quer com o concurso de encarnados, quer no âmbito mais livre das relações espirituais. Poucos são os locais a que temos acesso, pois nossas luzes são bem fracas e pouco conseguimos aprender junto aos educandários superiores, conduzidos pelos irmãos mentores e doutrinadores. Ali estivemos na qualidade de serviçais, de uma feita, e pudemos deslumbrar-nos com as luzes emanadas dos ensinamentos que percebíamos estarem sendo ministrados nas várias salas de aula.
Dessa nossa convivência, em lugar de grande importância, com estudantes de maiores méritos, nasceu-nos o desejo incontido de participarmos também de grupos de estudiosos. Começamos, então, a instar junto aos nossos superiores imediatos pela permissão de assistir às sessões espíritas de kardecistas que se reuniam não longe do nosso local de trabalho. Dada a evidência de nosso desejo, depositou-se fé em nosso cometimento e fomos autorizados a acompanhar os trabalhos do centro. Aos poucos, os temas debatidos incendiaram o nosso interesse por melhorarmos nossas atitudes e nossos procedimentos e incentivaram-nos a prestar serviços que não mais se restringissem a tarefas materiais, como de limpeza e arrumação, mas também de participação em trabalhos socorristas, em grupos que necessitavam de elementos que pudessem prestar assistência no apoio de chamamento e de alerta de irmãos, para socorro imediato às vítimas de atentados maldosos das hordas de malfeitores, que buscam perturbar a ordem pública através do desajuste das mentalidades que se dispõem, através dos vícios e dos maus hábitos, a fornecer os ingredientes necessários para a consecução desses objetivos espúrios. Nosso trabalho ganhou novos rumos e novas dimensões e pudemos inteirar-nos das práticas necessárias para dar cabo de várias tarefas concernentes àquela função.
Mais tarde, bem mais tarde, marcou-nos o nosso labor o fato de nos termos integrado em outro grupo, agora de espíritos mais evoluídos, aos quais estava destinada missão de mais amplo fôlego, qual seja a de realizar encontro entre encarnados e espíritos, de sorte a favorecer o entendimento entre os seres que se conduziam em represália uns para com os outros, o que exigia de nós preparação mais adequada, mais especializada e mais profunda. De nossa parte, íamos crescendo em conhecimentos e podíamos já reconhecer algumas leis gerais do procedimento humano, o que culminaria, em pouco tempo, em disposição mais própria para partilharmos das responsabilidades concernentes aos que assumem a liderança de pequenos grupos capazes de prestar socorro às vítimas das catástrofes e a seres que desencarnaram devido a desastres, tais como atropelamentos, explosões diversas, enfim, pessoas que chegam às nossas mãos dilaceradas e dignas da assistência socorrista em caráter de urgência.
Por essa época, tivemos acesso às aulas que tanta admiração nos tinham causado no educandário acima citado. Tivemos oportunidade, então, de desenvolver nosso senso crítico em relação ao nosso procedimento pretérito, quando participávamos do mundo dos encarnados, e foi-nos revelado o quanto nos havíamos desviado dos caminhos mais retos e seguros, para quantos almejam progredir nas sendas do Senhor. Hoje, temos consciência exata do quanto ainda somos ignorantes e procuramos pautar nossos procedimentos dentro das normas gerais do bom senso, para que não venhamos a transgredir as leis que regem as normas da boa convivência entre os seres de Deus.
É por isso que nos atrevemos a utilizar-nos desta pena, para expor alguns pensamentos e alguns fatos relativos à nossa vida espiritual, para que o leitor amigo possa certificar-se de que, embora pedregosa e cheia de espinhos, a estrada que conduz aos caminhos descritos por Jesus, em sua peregrinação pelo orbe, é estrada possível, sempre que o indivíduo se predispuser a realizar caminhada sob os auspícios de luz interior, cheio do desejo maior de servir com amor aos que se acham necessitados e faltos de recursos. Se cada alma assim proceder, em harmonia com os bens maiores disseminados pelo universo pela misericordiosa mão do Senhor, então, toda a humanidade crescerá em méritos e poderá ascender em paz, para a configuração de vida mais plena, na augusta graça do Pai.
Estamos enviando esta mensagem com o objetivo de auxiliar nessa caminhada e, por isso, contente ficaríamos se pudesse vir a ser divulgada o mais possível, para que os homens se compenetrem das verdades que encerram as suas existências e possam reconhecer-se na identificação que o cotejo de suas vidas com a nossa possa produzir. Sem dúvida alguma, teremos aí realizado a nossa missão e muito precisaremos agradecer a quantos se tiverem predisposto a nos auxiliar em nosso trabalho, na intenção de progredir e de cumprir os desígnios e ensinamentos emanados do Alto.
Adeus, amigos. Vivam tranqüilos, na paz do Senhor, e sintam-se à vontade para receber as nossas mensagens, que estão plenas do nosso amor e que satisfarão os princípios ordenados pelos nossos mentores, pois a nós é vedado causar mal-estar e preocupação, a não ser que sejam santos, isto é, que venham para perturbar, no bom sentido, a consecução de intenções não condizentes com o avanço que se espera de cada um.
Finalmente, temos palavra de estímulo para o nosso médium, que, com tanta seriedade e serenidade, vem captando este ditado, perturbado que foi, embora, por vozes estranhas que passavam e por chamados inoportunos. Agiu você, meu amigo, muito bem, não levando à consideração de interrupção definitiva aquilo que realmente representava apenas pequeno hiato, pois estamos nós todos preparados a prosseguir, em qualquer circunstância, uma vez que temos assistência de espíritos dotados de conhecimentos, força e luz capazes de manter acesa a nossa manifestação, bem como a sua disponibilidade magnética, caso você aja em harmonia com os princípios da mediunidade. Boa sorte, irmãozinho, e receba carinhoso abraço desta sua irmã no Cristo!







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IMPROVISO INCENTIVADO





Sempre que nos ensejar algum irmão oportunidade para escrever, vamos aproveitar para disseminar pelo vasto mundo um pouco do nosso conhecimento, na esperança de que, algum dia, alguém possa predispor-se a estudos mais avançados, a leituras mais condizentes com a real doutrina cristã propugnada pelos espíritos que, de há muito, vêm trazendo à humanidade encarnada as noções básicas da fé, da esperança e da caridade, bens necessários para o progresso do indivíduo, no seu encaminhar para o Cristo. Sempre que pudermos, aqui estaremos procurando trazer palavra de conforto para os que sofrem, sopro de fé para os que descrêem, um pouco de amor para os que jazem angustiados, ansiando por compreensão e reconhecimento.
Não que já não haja inúmeros textos cujos objetivos sejam estes mesmos por nós buscados. São eles inumeráveis e de muito maior mérito e profundidade doutrinária. Acontece, porém, que, já que temos esta chance, não vamos perdê-la nem desperdiçar estes momentos de paz e de reflexão que se originam neste ambiente de oração e de trabalho.
É fato novo para mim este empreendimento mediúnico e já estou começando a me afeiçoar a ele. É gostoso perceber que temos boa interpretação de nossas vibrações e que somos compreendidos mesmo do outro lado da realidade, que um dia deixamos para adentrar este outro plano, onde perlustrar o caminho do Senhor exige mais recolhimento e concentração. Ainda agora pudemos presenciar irmã nossa de mais conhecimento na realização deste mesmo mister (ver a mensagem anterior) e muito admirados nos sentimos da facilidade com que conduziu o trabalho, sem dar nenhuma preocupação ao cavalo — aceite o termo com generosidade, por favor —, pois tudo foi antecipadamente preparado e o texto se encontrava pronto para o ditado.
Quanto a mim, estou improvisando esta mensagem, baseando-me apenas na grande emoção que estou sentindo, por achar-me apto para o trabalho mediúnico. Procurarei incrementar mais os estudos a respeito e buscarei outros centros, sempre que for autorizado, para poder ampliar mais rapidamente os conhecimentos necessários. Adeus, querido irmão, e veja neste espírito alguém reconhecido, que ficará para sempre penhorado. Graças a Deus, temos caminho para trilhar e agora sabemos como auferir os benefícios que a mediação mediúnica vai oferecer-nos.
Com este texto, também estamos querendo transmitir o valor do trabalho mediúnico realizado solitariamente, o qual visa, entre outros objetivos, a criar oportunidade de aprendizagem a espíritos que, como eu, estão iniciando-se neste tipo de tarefa. Por isso, não se deixe levar, amigo, por idéias de que, se mais desenvolvidos forem os espíritos, melhor será o trabalho. Não! Professor que você é, sabe bem que o importante é dissipar as trevas da ignorância, acendendo, mesmo que de pequena força expansiva, as luzes do conhecimento. Esse trabalho não trará grandes alegrias, mas oferecerá oportunidades de crescimento, de organização e de preparação para feitos mais promissores, em outras situações em que haja manifestação mediúnica.







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EXPANSÃO MAGNÉTICA





Um homem que passava pela rua olhou para cima e sorriu. Não tinha noção alguma do que se passava no andar superior da casa, mas sentiu-se atraído por misteriosa força que se expandia e que abarcava até o local por onde passava. Isto demonstra que a tarefa que estamos realizando poderá atingir até os seres encarnados e poderá oferecer-lhes espécie de conforto, certa confiança intuitiva de que seres existem que estão velando pelas pessoas, incansavelmente, mesmo que tais atributos não sejam exatamente aqueles que de nós se esperam.
Vamos orar, irmãos, para que nossos trabalhos se realizem em paz, na harmoniosa vicissitude que nos confrange a realizar a tarefa, com disposição revigorada e atenção redobrada.
Vimos até aqui e a mais não nos atrevemos, uma vez que notamos em todos a expectativa por ver o texto chegar ao fim, liberando-os, para darem continuidade a seus serviços.
Adeus, irmão, e escreva sorridente o nosso mais profundo desejo de que sempre esteja recebendo as bênçãos de Jesus.







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O CAMINHO AO REINO DE DEUS





Ainda que se procurem as causas mais íntimas do insucesso, qualquer seja o campo de atividade em que se insere a tribulação humana, é pouco provável que sejam atribuídas a fatores relativos aos ganhos que se pretendiam através de maliciosas perspectivas, em detrimento de parceiros de compromissos ou simplesmente por visar a falcatruar, burlando a população em geral. Não cabe a nós, meros e imperfeitos espíritos em liberdade provisória, angariar e colecionar deslizes deste ou daquele, procurando estabelecer padrão universal que possa vir a ser considerado como causa única dos insucessos. Cabe-nos, sim, referirmo-nos aos fatos mais corriqueiros que demandam pequena atenção e — pronto! — está descoberta a causa tão misteriosa. É que nenhum homem sabe ater-se aos justos limites de suas possibilidades de progresso material, sem que haja prejuízo para quem quer que seja.
Dia virá em que a sociedade terá mecanismos legais para obstar a ganância que gera lucros através da especulação, sem se atrelar à produtividade que se espera que cada qual imprima ao seu trabalho. Dia virá em que estaremos todos jungidos a um único objetivo material, de forma que o bem comum será o alvo das atenções dos mortais, mesmo que esse direcionar seja imposto por leis duras e por policiamento rigoroso. Aos poucos, todos se compenetrarão da necessidade de se vigiarem os irmãos delinqüentes, que se impõem através de sólido mas inverossímil conjunto de argumentos, dentre os quais se ressalta o poder adquirido da recepção dos bens por herança, ou ainda quando só se chega a eles por meio de furto, roubo ou apropriação indébita. Nesse dia, florescerão as atitudes mais serenas e todos poderão buscar as flores imarcescíveis da capitalização dos bens morais, os quais, evidentemente, frutificarão em razão da tranqüilidade e da paz social que se darão, como lucro inalienável dos bens conseguidos por via de muito trabalho no campo da solidariedade e da felicidade coletiva.
Nossos atributos de agora apenas nos concedem o poder de vislumbrar os méritos dessa sociedade em harmonia e em pacífica confraternização. Mas tal poder de visualização é dádiva do Cristo, pois só quem tem fé no espírito humano e no trabalho dos espíritos é que tem o dom de estabelecer, com confiança, os parâmetros do desenvolvimento nos campos do social e do econômico. Sociedades como essa serão o prenúncio de era de total prosperidade, quando a humanidade será capaz de usufruir os benefícios da redenção e será aquinhoada com o progresso geral, podendo ter a pretensão de ascender às esferas mais elevadas.
Este direcionar se começa a sentir em pequenos grupos de estudiosos do evangelho, que temem defrontar-se com o grosso da população, tendo em vista a agressividade natural de quem não quer perder direitos ou privilégios, conseguidos durante séculos de árdua batalha no campo da organização do poder oligárquico, que visa a manter os mandantes e poderosos em seus postos, em indevida exploração do trabalho, principalmente no que se refere à mão-de-obra não qualificada, que é própria dos trabalhadores mais humildes e mais ignorantes dos direitos de cidadania que lhes asseguram as leis, cuja letra estabelece para todos igualdade diante delas.
Só o texto legal, entretanto, não é suficiente para que haja mudança no teor dos relacionamentos sociais entre os encarnados. É preciso mais. É preciso que os homens consigam abrir os corações para sua verdadeira finalidade sobre a Terra, qual o seu destino e o porquê de sua peregrinação no mundo dos encarnados. Só esses aspectos, mais filosóficos que religiosos, mais humanos que divinos, é que poderão fazer retornar o espírito humano para suas origens, para o momento da criação, quando soprou, no corpo batido de barro, hálito de pureza que lhe deu vida. Mas essa vida é direcionada, é destinada, é fadada e está comprometida com as finalidades instituídas pelo Criador. O esquecer-se dessa premissas é que conduz o homem a transgredir os sagrados princípios, em insensata busca da verdade que a serpente do paraíso terrestre queria fazer crer ao homem original que lhe daria o conhecimento e, portanto, a condição de deus diante de Deus.
Só muito mais tarde poderemos ficar sabendo das verdadeiras intenções do Criador. Por enquanto, cabe a nós desenvolver-nos, purificando nossos corações, o que se dará se cumprirmos os mandamentos maiores do Cristo, que se resumem no amor a Deus pelos homens e a seus semelhantes. Quaisquer sejam os nossos objetivos de vida, se não se realizarem com o apoio desses mandamentos, pouco valor terão diante da Divindade e pouco falarão a nosso favor os atos cometidos em nome de pretensiosa e falaciosa felicidade material, a que todos se atiram com sofreguidão.
Sem esmorecimento, sim, deveria ser a luta para a conquista de posições favoráveis diante da vida maior e essa luta já se está dando em muitos campos bafejados pela benemerência dos mentores do orbe, que estão preparando legiões de anjos para a ajuda do pequeno ser humano, para a sua redenção, regulamentando-se as idéias de competitividade e estabelecendo a ajuda mútua dentro de grupos cada vez mais amplos (famílias, oficinas, sindicatos, sociedades com finalidades solidárias, cidades, pátrias e continentes), até ser atingido o conjunto das nações do mundo, em sagrada atmosfera de respeito e de defesa dos mais legítimos interesses da cada coletividade.
Esse caminhar será penosamente conquistado, etapa por etapa, e muitos precisarão soerguer-se das cinzas várias vezes para renascerem na carne, em incessante e incomensurável sacrifício dos que zelam pela concretização desse objetivo. Mas a recompensa final será grandiosa e poderá, então, a humanidade viver mais feliz, na plenitude de sua realização, em consonância com o advento do reino de Deus.







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BRADO DE REVOLTA





É grande a nossa necessidade de afeto. Sempre que o homem encarnado busca realizar desejos de satisfação, em qualquer campo a que volte sua sensibilidade, tem de aspirar pelo retorno da benquerença, como se fosse possível estabelecer princípio de chantagem, como se a sociedade só pudesse conviver dentro de sistema de barganhas emocionais, de compra e venda de sentimentos, em constante busca de lucro, mesmo que seja no campo sentimental, nos domínios do coração. Hoje, nós temos a triste impressão de que não existe no mundo nada que não esteja intimamente vinculado ao desejo de lucro, em constante espoliação dos bens alheios, sem comiseração pelos resultados tenebrosos que muitas vezes são atingidos, diante de atitudes que, para serem criminosas, pouco falta. É preciso debelar esse espírito de querer levar vantagem em tudo, que está estruturando a mentalidade vigente na sociedade, mesmo quando, sorrateiramente, as pessoas visam a adentrar os lares mais humildes, com o intuito de levar dali o que de melhor os pobres têm: um coração puro, que pode, através da inocência da atitude e do desarmamento da malícia, ser a tábula rasa sobre a qual se devem espargir as luzes do espiritismo e da evangelização.
Através de perniciosa propaganda, os meios de comunicação cobrem todos os aspectos da vida mental e atingem, com propriedade cientificamente calculada, todos os escaninhos da mente humana, dominando, muitas vezes, até mesmo a vontade mais segura, o ponto de vista mais arraigado, causando males psicossociais de grande monta, liberando desejos de posse e propiciando espírito de revolta que, através de idéias de injustiça, conduz muitos indivíduos a praticarem atos de delinqüência, chegando ao crime, que deverá ser castigado para reparação dos males causados. Esses criminosos da mídia muito terão com que se haver em seu futuro arrependimento, mas aí será tarde, pois o desencadeamento sucessivo de atrocidades que ensangüentarem o mundo estará a marcar difícil reatamento com as normas morais propugnadas pelo Cristo, sob o amparo das leis de Deus.
Ainda agora temos a impressão de tudo caminhar em paz e harmonia, mas sabemos, no fundo dos corações, que a calma é aparente e que fervilham as intenções de rebeldia. O homem está no aguardo de decisões governamentais de quantos detenham nas mãos o poder econômico, social e religioso. Caso, em breves dias, não se revelar luz de esperança de mais igualdade entre os homens, tememos que sangrenta revolução se faça necessária, do ponto de vista dos desesperados e dos injustiçados, para que venham a ser sanadas as diferenciações sociais, pelo menos as mais elementares, as que têm por objetivo a capacidade de se alimentar de um povo que vive e morre na miséria mais cruel que já grassou junto a qualquer sociedade que, me lembre, se tenha organizado sobre a face da Terra em todos os tempos.
Não tememos vaticinar a desgraça, pois não se trata de vaticínio. Basta percorrer as ruas e vielas das cidades para termos a confirmação de que a desgraça existe espalhada pelos mocambos, pelos cortiços e pelas favelas. Homens, mulheres e crianças se apertam em cubículos infectos, cheios de chagas produzidas pelos animais contaminados pelos mais variados tipos de doenças. E dessa infelicidade material, sem qualquer resguardo espiritual que pudesse trazer luz de esperança, é que partirão os gritos de revolta e os atos da loucura santa que porão por terra esta sociedade corroída pelos vermes mais sórdidos da corrupção subjacente nas ideologias do domínio e da exploração.
Precatem-se vocês, que têm o coração alertado, e procurem, dentro do que está sob seu controle, estender malha de sabedoria, manto de proteção, para que nem tudo se perca e possa subsistir um pouquinho do muito amor que se espraia através das lições e dos conhecimentos que os espíritos estão enviando para todos. Os que puderem devem sair em defesa dos pobres, para que a sociedade possa passar pelas agruras, sem que haja sofrimento insuportável para todos. O momento é de extrema dificuldade, mas temos recursos para obstar o mal maior. Vamos orar pelos que se debatem nas trevas da ignorância e levar-lhes a nossa luz de conforto mediúnico, para que possam vislumbrar caminho de salvação que não seja o da dor sobre a dor, o do acréscimo do sofrimento ao terrível sofrimento que medra nos corações dos menos aquinhoados pela distribuição insólita dos bens que a sociedade atual estabeleceu.
Vamos orar e trabalhar, irmãos, que a nossa atitude terá o condão de afastar o mal maior e de propiciar revolução sem sangue, cheia de amor e de generosidade. Vamos orar e trabalhar, pois só assim evitaremos a tristeza de se provocarem desperdícios de encarnações. Vamos orar e trabalhar, para que tudo venha a se concretizar segundo a orientação maior do Cristo e de acordo com os princípios emanados das leis de Deus. Vamos orar e trabalhar, para atingirmos os estágios mais avançados da civilização, que conhecemos esparramados pelo orbe, junto a populações que prezaram mais o desenvolvimento do grupo que a riqueza do indivíduo. Vamos orar e trabalhar, para fazermos jus ao prêmio maior da consolação do Senhor. Vamos orar e trabalhar, para honra e glória do Senhor!

Escreve um irmão em dor, apreensivo pelo desenvolvimento dos motivos de brigas e pela insuflação de idéias de liberdade sem contenção junto aos pobres, que se aplicam em vinganças e que jazem oprimidos nas mãos dos justiceiros e das forças policiais que a sociedade organizou para preservação dos bens de uns poucos poderosos, que disseminam a maldade em frenética busca de crescimento material, sem nenhuma comiseração por quantos morrem chacinados pelas máquinas mortíferas, o símbolo mesmo desse poder desumano, que está nas mãos de homens sem coração, mais aptos a arderem no fogo do inferno do que a tecerem hinos de enaltecimento ao Senhor.
Muitos são os que se julgam superiores e donos da verdade. É por isso que este espírito pede sua atenção para esses fatos. São muitas as pessoas que precisam conscientizar-se dos crimes que praticam, que são ainda mais hediondos quando se sabe que provocam outros crimes em represálias, como é o caso dos seqüestros e latrocínios.
Quem não gostaria de poder viver na riqueza, em mansões, com automóveis disponíveis nas garagens, com uma porção de lacaios prontos à bajulação, para poderem arrecadar um pouco do muito que sobeja a esses malandros do bem viver?! Eis aí a causa de minha própria revolta. Estimo que esteja tendo a oportunidade de me rebelar, eu mesmo, e afirmo que, se não fosse pelos meus sentimentos já desenvolvidos de amor e de benemerência, iria insuflar no espírito desses pobres coitados sofredores, idéias de revolta e de rebelião.
Hoje, os nossos companheiros me estão impondo as mãos sobre a cabeça, para que possa serenar, ficando com o espírito pronto para o trabalho. Mas que dá nojo, dá, essa sociedade de malucos que, visando a interesses de quinta categoria, se joga nos braços de quantos espíritos estejam com a intenção de bagunçar, de desorganizar, de desorientar a todos, em insensata festa de conquistas maldosas e temerárias.
Graças a Deus, estou sendo encaminhado para instituição de restabelecimento e de contenção dos impulsos mais primitivos, mas que um pouco de razão tenho para me rebelar, disso ninguém me fará descrer.
Sinto muito pela perda de tempo que causei ao irmãozinho que está dispondo-se a me ouvir, mas precisava desabafar, pois, durante muito tempo, contive minha voz e hoje sinto necessidade de pôr a boca no mundo, de conclamar a todos para que fiquem atentos para as maliciosas intenções de quantos, utilizando-se de meios tecnológicos avançados, frutos de muita pesquisa científica séria, no campo da experimentação e do conhecimento humano, conseguidos com o sacrifício da existência de muitos pioneiros, os desviam dos caminhos mais honestos e preciosos, para a consecução de objetivos espúrios, condizentes com a mesquinharia de seus corações.
É preciso ficar atentos, irmãos, para não serem iludidos, vocês mesmos, e para poderem pôr freio nessa desabalada carreira de crimes e de perjúrio, pois ninguém que se interne na carne vem com o escopo definido de levar, pela maldade, os semelhantes à desgraça e à miséria. Por isso, repito: vamos orar e trabalhar, para salvaguardarmos os princípios mais profundos e mais sérios das promessas que o Cristo fez para quantos conviverem com a intenção de estar com ele no coração, em justa, definitiva e respeitosa coerência com as leis de Deus.




Comentário



Deixamos o irmão João dar curso aos seus pensamentos de revolta, porque sentimos que havia necessidade de fazê-lo compenetrar-se da falsidade de seus impulsos em detrimento de trabalho sério de evangelização e de prática missionária. É claro que estávamos, nós mesmos, atentos e prontos para intervir, caso viesse a oferecer perigo para o nosso médium. Como tal não sucedeu, tivemos oportunidade de orientar o seu discurso, no sentido de, aos poucos, ir verificando que os argumentos que atribuía aos maus eram os mesmos que estava utilizando, em favor de seus interesses, e que os desvios de que acusava os ricos e poderosos eram os mesmos que estavam pautando sua atitude revolucionária. Ao final, ficou-lhe claro (está ele a confirmar o que estamos redigindo) que o mal não se combate com o mal e que o Cristo nos ensinou a voltar a outra face, quando tivermos sido atingidos por nossos adversários, que são, em suma, os inimigos de agora mas que, certamente, se converterão em nossos amigos de sempre, pois não há progredir sem reatamento das relações de amizade entre todos os seres humanos. Ai daquele que partir sem restabelecer os vínculos de amor fraterno, mesmo com os inimigos e adversários mais ferrenhos.
A nossa intenção foi a de demonstrar que até mesmo sentimento que apresente muitas e poderosas razões a justificarem-no pode levar a conclusões erradas, no campo da misericordiosa atitude que todos devemos ter em relação aos semelhantes.
O nosso amigo João está mais consciente de seus sentimentos e poderá, com galhardia, superar as suas deficiências, para o que será encaminhado, primeiro, para uma casa de saúde, para convalescença e reequilíbrio orgânico perispiritual, e, depois, para uma escola, onde terá noções gerais de socorrismo, podendo, mais tarde, vir a integrar uma de nossas equipes em missão sobre a face da Terra.







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REFLEXÕES MORAIS SOBRE OS GANHOS DE CAPITAL





Os poderosos da Terra sabem distinguir, no fundo de suas consciências, quais os deveres que têm para com seus semelhantes. Nada mais justo, portanto, do que cobrar deles manifestação favorável ao aparecimento de entidades caritativas que possam salvaguardar e resgatar os parcos haveres dos pobres, naquilo que têm de mais precioso: a sua força de trabalho e a humildade com que, muitas vezes, recebem a paga de cada jornada ou a recompensa pelo labor dado a mais, à guisa de colaboração e por causa de seu espírito altruísta e desinteressado. Sempre que, no entanto, as pessoas, sejam de que categoria forem, crescerem em ganância, em incontido desejo de submeterem o próximo ao seu domínio, quer advenha do poderio econômico, quer se adstrinja a meros pareceres técnicos, tudo sendo medido a poder de dinheiro, todos estarão sujeitos a prestar contas de seus atos aos tesoureiros do espaço, que guardam indeléveis registros de todas as dívidas contraídas no jogo de interesses ao qual se entregam inadvertidamente os encarnados.
Vamos contar caso elucidativo.

Quando Marcos desejou a pintura de mural que adornasse bela mansão que possuía, solicitou o favor a amigo famoso por suas habilidades em pintar quadros e, por isso, propenso à ganância do dinheiro fácil.
Combinado o preço, pôs-se o artista a executar animado e promissor serviço, cônscio de seus deveres, mas atento às especulações que fazia junto à bolsa de valores. Eis que, por artifício especulativo, seus lucros ameaçaram cessar; mais ainda: prejuízo inevitável se colocou em seu horizonte, como sombrias nuvens carregadas de ameaçadoras tempestades financeiras. Seria a derrocada final. O artista, cujo nome, por enquanto, nos abstemos de mencionar, cobrou, então, antecipadamente de seu amigo a quantia contratada, exigindo-a mesmo para dar prosseguimento à obra.
Marcos se viu diante de dilema: ou atendia ao pintor ou teria a sua casa enfeada por arremedo de pintura, além de todo o prejuízo, quer com o gasto efetuado no instrumental necessário e na preparação da parede, quer na quantia que teria de despender para recomposição de sua casa. Não hesitou: pagou o combinado e ficou na expectativa de que a obra compensasse, através de melhor avaliação da propriedade por ocasião de futura venda.
Tal expectativa, entretanto, foi frustrada. De posse da importância, o artista abandonou o serviço e se pôs em novas especulações financeiras que, dado o momento crítico por que passava o país, acabaram em bancarrota. Eis que se viu, de repente, na miséria e endividado; mais ainda, na contingência de ter de deixar a região, acossado que foi pelos advogados do rico proprietário e desacreditado junto à opinião pública.
Foi aí que se pôs a conversar com irmãos espíritas, junto aos quais encontrou apoio e lenitivo para sua desesperança. Consolado por palavras amigas, conseguiu recompor-se moralmente, voltando de novo ao trabalho que, com extrema destreza, desempenhava, vindo, em pouco tempo, a reconquistar a fama que fora ameaçada. Procurado pelo artista, antes mesmo que a justiça humana pudesse alcançá-lo, Marcos permitiu-lhe que recomeçasse os trabalhos, os quais, uma vez terminados, estavam ainda mais bonitos e bem feitos do que estariam, caso fossem concluídos em desarmonia espiritual.
Evidentemente, houve reatamento da amizade e puderam ambos usufruir vida em comunhão, pois o exemplo de Cláudio — agora sim citado, porque as vibrações já são positivas —, através de minucioso relato que fizera a Marcos e a toda a família reunida, foi inspirador e hoje ambos freqüentam juntos centro de recebimento mediúnico e de caritativa distribuição de bens materiais e morais, jungidos a objetivo comum: o de embelezar o mundo através de preces comovidas e de lições evangélicas que, com sua capacidade, foram capazes de aprender e de transmitir. Não são mais vaidosos e perniciosos, pois se abstiveram de explorar os semelhantes: ao contrário até, pois são capazes de abrir mão de valiosos pertences para poderem auxiliar na dissipação da ignorância e do sofrimento.

Eis que o caso chega ao fim. Quisemos ilustrar com propriedade o que vínhamos afirmando, ou seja, que não devem prender-se os encarnados a absurdos ganhos de bens materiais, os quais vão adentrando sorrateiramente o coração, onde estendem suas garras dominadoras e onde tendem a fixar-se por longo período, durante o qual fica o homem incapacitado para o bem e propenso para o mal, através da exploração do trabalho alheio, quer exigindo pela coação da força, quer insinuando-se, maliciosamente, através de favores inconfessáveis, de promessas de benefícios ou, ainda, por meio de vigorosas palavras que persuadem pelo argumento, uma vez que buscam tocar o homem no que tiver de mais frágil na composição de sua personalidade.
É chegada a hora, irmãos, de compreendermos o valor do sacrifício, do desprendimento, do comprometimento com a verdadeira fé, que se desliga do mundo material para sobejar em fraternidade e em amor ao próximo.
Vamos aguardar pacientemente que os humanos passem a agir segundo estes princípios evangélicos. O que temos podido observar, entretanto, é que, fruto da avidez com que muitos se atiram aos lucros fáceis produzidos pelos investimentos em fundos de participações de capital, a população toda sofre, procurando defender-se, por sua vez arriscando os parcos recursos de que dispõe através dos salários de seus empregos, investindo em cadernetas de poupança, que remuneram mal e que incrementam os lucros dos banqueiros, ou gastando em loterias, por meio das quais a ganância do poder público estimula, através da perspectiva dos ganhos fáceis que despertam, a cobiça dos bens alheios. Tudo vai mal nesse setor.
É preciso que tomemos consciência de que os lucros materiais são altamente perniciosos para o crescimento espiritual que a cada um se pede, para que possa manter-se em progressão, na direção dos caminhos iluminados pela palavra do Cristo. É preciso, irmãos, mourejar, sim, trabalhando com afinco na construção de férrea vontade, que possa prescindir desses bens materiais supérfluos, que são a inspiração mórbida a incentivar os desajustes morais no campo da busca constante de se chafurdar ainda mais em vida de conforto material, mas de desagregação do homem de sua perspectiva de progresso. Eis que surgem, no campo econômico, medidas governamentais que visam a restringir os ganhos, pois sabem esses governantes que, mesmo no campo físico, as desavenças sociais causadas por esses sistemas de lucros fáceis estão prestes a desencadear motins e movimentos de rebeldia social, a provocarem desajustes, cujos resultados se medirão por incontroláveis perdas e profundas transformações que se operarão no fundo da alma de cada um.

Mais tarde voltaremos ao tema, pois esgotamos a nossa argumentação e estamos causando um pouco de perturbação na mente do médium. Sabemos que o assunto demandará espíritos mais aptos a prestar novas informações a respeito e pomo-nos à disposição para prosseguimento do debate, sempre que nos for solicitado momento de reflexão. A cada dia que passa, mais e mais estamos contentes em podermos prestar esclarecimentos sobre a vida do homem encarnado.
Fomos convidados a postar-nos em cadeira aqui perto, para assistir à continuidade dos trabalhos. Perdoe-me, irmão, por tão de repente ter assumido o comando de sua caneta. É que nos foi assinalado que poderíamos fazê-lo sem constrangimento. Agora me despeço muito feliz por ter contribuído, mesmo que tenha sido um pouquinho, para que os trabalhos decorressem em harmonia e paz.







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TRABALHO ESCOLAR





Mais um irmão quer apresentar-se ao trabalho, com sua mensagem escrita em folha repleta de anotações. Vamos permitir-lhe que ocupe o nosso posto, para que venha a ser advertido de seus progressos e cometimentos, no campo de estudos a que vem dedicando-se. É todo seu.




TEMEROSOS E TEMERÁRIOS



Sem que o homem compreenda a razão de sua existência, não poderá ter consciência do que se espera de si a cada momento. É verdade que essa tomada de consciência é de difícil realização, uma vez que nem todos estão aptos a receber a visita dos irmãos desencarnados que têm o encargo de revelar a verdadeira origem, o verdadeiro objetivo e a verdadeira missão de cada um.
Alguns são médiuns, outros têm espírito religioso, mas não admitem que haja qualquer manifestação espiritual esclarecedora, pois flutuam como que encantados, dominados, enfeitiçados por teorias de sacrossanto ministério, de sorte que se atêm simplesmente a orar em benefício próprio ou não, aguardando que a justiça divina possa vir a desfazer as injustiças do homem, restabelecendo para cada qual o seu devido lugar junto ao Senhor no paraíso, ou arremessando os maus no fundo de inferno cheio de sofrimentos. Evidentemente, tais almas não estão preparadas para receber as informações concernentes a seu desenvolvimento e longe estão de perceber o que terão de fazer para progredirem no campo espiritual, embora não seja de total estagnação a sua situação, pois, se agem iludidos por teorias, apesar disso praticam o bem, mesmo sem terem real consciência do que estejam fazendo. Maior benefício teriam se considerassem razoável aceitar as mensagens psicografadas ou ainda ditas pelos doutrinadores nos centros espíritas.
É abominável constatar que muitos repelem com estremecimento e medo essas mesmas mensagens que, para outros, contêm expressivas lições de vida e de amor ao próximo. É que não ficam contentes ao saber que trabalho mais amplo se exigirá deles em repetidas encarnações. Sofrem com essa perspectiva, pois mantêm o desejo de usufruírem, logo após o desenlace, a tranqüilidade do paraíso que lhes foi prometido por mentalidades de comerciantes de almas e negociantes de artigos sacros, eivadas de perniciosos vícios e de desejos impuros. Mais tarde, estes mesmos descobrirão o quanto se enganavam ao pensarem assim e ao divulgarem tais pensamentos.
Com ousadia total, plena de malefícios, muitos se atrevem a aceitar como boa qualquer informação que recebam do campo espiritual, mesmo as produzidas por espíritos imperfeitos que visam a confundir a mente dos encarnados, em jogo de compromissos com as forças que querem manter acesas as chamas que crestam o mal. Muitos ainda andam de mãos dadas com tais espíritos, mas jactam-se de poderem safar-se à influenciação deles quando quiserem. Iludem-se, pobres coitados! Mal sabem que estão presos, não por intenções de maldades, mas pelo próprio ato de se unirem, já que incompatibilidade não existe entre idéia e ação, que, nesse caso, são uma única e mesma coisa. Mais tarde, quando reconhecerem o quanto errado estavam, aí terão oportunidade de se arrepender, mas não estarão isentos de sofrer as penalidades cabíveis, vindo a proceder exatamente do modo que rejeitaram e vindo a cumprir os desígnios que repeliram, como se fossem emanados por seres sem competência e sem valor. Vamos atribuir a esses espíritos as notas mais baixas, pois foram reprovados nos exames de consciência que deveriam ter feito mas que postergaram, não se obrigando a formular ideais de real e misericordiosa benemerência.

Quero parar por aqui, pois a mais não me atrevo e devo submeter-me agora, eu mesmo, às considerações de meus examinadores, não sem antes elevar meus pensamentos em prece ao Senhor, para que nos ilumine a todos, a fim de que todos possamos rejubilar-nos com o progresso deste irmãozinho, que tão pequeno é mas a quem foi solicitada prova de tema tão importante.




Comentário



Deus nos dê luzes para podermos formular julgamento digno do esforço que o irmão Gracindo imprimiu ao seu desempenho!
Queremos, desde logo, deixar bem claro que não somos os examinadores ideais para comentar o seu progresso e o desenvolvimento que vem obtendo, no campo de seus estudos do evangelho e da mediunidade transmissora.
Ateve-se ele ao compromisso de emitir texto pleno de considerações valiosas a respeito do comportamento humano.
Quanto aos aspectos filosóficos e existenciais envolvidos, são de elevado valor moral e, por isso, não desdizem das lições aprendidas nos centros de estudos de nossa esfera.
Quanto ao manuseio do aparelho que se dispôs a ser guiado, temos algumas restrições, pois deixou muitas vezes que o médium se afastasse de seu ditado, não ficando atento ao texto em desenvolvimento. Tal defeito não é de difícil correção. Basta prestar atenção aos enervamentos e circuitos neurológicos em uso para o contacto eletromagnético e tudo voltará ao normal na transmissão.
Quantos aos aspectos de observação da realidade circunstante, também esteve bem, pois ficou propenso a comentários de ordem moral e não simplesmente ao desenvolvimento do tema segundo o interesse dos encarnados. Quanto a isto, é fundamental que a mensagem tenha o seu valor centrado na perspectiva da entidade desencarnada, para que os humanos não venham a melindrar-se ou a desmerecer o próprio texto.
Parabéns, irmão! Prossiga em sua investida no campo desses estudos que, em breve, encontrará novas atribuições para serviços ainda mais importantes nos campos que você escolheu para sua atuação.







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QUEIXA FUNDAMENTADA





"O preço da liberdade é a eterna vigilância", já diziam sabiamente os nossos antepassados. Brilhavam eles em seu ministério de harmoniosa misericórdia e sabiam que só os que procedem com inteira justiça, cumprindo as determinações do Senhor, é que virão a estar aptos a usufruir os bens maiores da vida eterna. Eis que sua lição nos serve para desenvolvermos tema de augusta importância: o do desprendimento em prol de entidades desencarnadas, carentes do carinho e do afeto de seus familiares, que, ao se verem livres delas, ficaram aliviados e felizes, não sabendo agir segundo as normas do Senhor, pois se viram os recém-desencarnados como que relegados a planos inferiores, desprezados e mesquinhamente esquecidos.
Como devem proceder os que tão desajeitadamente relegaram seus familiares a tão cruel situação? Devem tomar cuidado para não caírem, eles mesmos, no esquecimento, pois as nossas preces têm o poder de contornar situações de perigo, tais como essas a que se atiraram tais criaturas, indignas até mesmo da comiseração dos que partiram enlutados. É por isso que citamos o ditado acima, para lembrar a todos, a nós inclusive, que devemos estar atentos, pois cachorro que não late não merece consideração.
Grato, irmão. Eu desejo receber uma vibração, um passe, para que possa vir a tranqüilizar-me e para reconstituir minha aparência, que perdi ao adentrar este mundo de espíritos de muito frescor. Não tive ainda a feliz oportunidade de reencontrar-me com meus amigos e, por isso, espero que venha a ser informado do paradeiro deles. Quero também ser atendido em alguma casa de repouso, pois sinto-me muito cansado das andanças que venho fazendo por esse mundo de fantasmas, que me atormentam e me trazem muito medo.
Não quero ir embora sem enviar abraço amigo a quantos se empenharam em trazer-me aqui, para observar estes trabalhos tão bonitos e tão úteis. Parabéns a todos e fiquem na graça de Deus!







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ORIENTAÇÃO AO MÉDIUM





Mais uma tarde de trabalho, amigo, se finda, para a glória de todos nós, que nos empenhamos em oferecer-lhe oportunidade de desenvolvimento psicográfico. É de se supor que estamos atentos para seu desempenho, pois você está concentrando-se convenientemente e colocando-se adequadamente à disposição para todo tipo de mensagem que venha a ser ditada, mas um pouco de orientação ainda é necessário.
Deixe fluir a pena com mais leveza, pois assim estaremos mais aptos a imprimir movimentos cada vez mais mecânicos à sua mão, que seguirá sem embaraços os pensamentos que formos transmitindo na nossa formulação mais habitual. Qualquer omissão que se dê nesses princípios correrá por nossa conta e você poderá observar que as palavras ficarão mais adequadas a cada tipo de personalidade das entidades emitentes.
Fique em paz e procure vir bem descansado para este trabalho, que não é de pequena importância para nós. A transcrição que vem sendo realizada por sua cara-metade é de muita utilidade e estaremos atentos para que sua caligrafia não prejudique a leitura que deverá ela levar a efeito. Siga sua intuição e faça prece para restabelecimento magnético dos neurônios que utilizamos durante a sessão.







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A VERDADEIRA INTERPRETAÇÃO





O simples ato de bocejar pode ter várias significações. A mais comum é representar que o indivíduo está com sono e, ao aspirar o ar, provoca maior inchação dos pulmões, obrigando-os a receberem mais oxigênio, o que irá despertá-lo um pouco mais, preparando-o, por outro lado, para repouso das lides do dia. Bocejar pode significar que a pessoa está sendo encaminhada para trabalhos mediúnicos sérios, de forma que seja capaz, através de mecanismos eletromagnéticos, de se desligar das atividades circunstantes, podendo, com maior rigor, concentrar-se na tarefa a que se destina, junto aos irmãos em espírito. Bocejar tem outro significado: o de demonstrar que o sujeito pende para a indiferença, tendo, neste caso, sentido simbólico, metafórico, constante do rol de sinais a que se acostuma o encarnado durante a sua vida. Bocejar, ainda, pode dizer-nos até que ponto a pessoa tem presentes os seus compromissos para com a realidade maior, sendo que, neste caso, adquire formulação transcendente ao mero convívio carnal.
Estamos dedicando-nos a comentar os vários sentidos de um termo, para podermos levar o leitor à meditação sobre os aspectos que uma mesma forma pode representar para o espírito humano, enquanto observador e perquiridor da verdade. É bom que todos saibam determinar com rigor o sentido próprio de cada atitude, para poder interpretá-la à luz da benemerência e da solidariedade que devem presidir os atos humanos. Quanto mais próxima estiver a atitude dos atributos superiores que dela se esperam, mais feliz será o cometimento, o arremesso da vontade individual, a refletir alma preocupada com o advento em sua vida dos bens maiores promanados da Divindade. No entanto, a investigação também mantém aceso o curso de benefícios que se esperam na forma de bênçãos a quantos pretendam honrar todos os seus compromissos, uma vez que pode conduzir a momentos de reflexão portadores de descortino das reais razões que levaram o indivíduo a proceder desta ou daquela maneira. Mais tarde, com o costume de realizar freqüentemente essa perquirição de valores, saberá, instantaneamente, cada qual se está ou não obedecendo aos ditames de sua consciência na consecução dos objetivos de sua missão, enquanto encarnado ou mesmo na condição de espírito a pairar pelo éter, que é o invólucro mais sutil do planeta.
Hoje, caminhamos com dificuldade pelas sendas da interpretação, haja vista que simples ato como o de bocejar pode sofrer inúmeras interpretações, dependendo da análise que se realize ou do ponto de vista que se adote. Imaginemo-nos diante de atitudes morais e intelectuais como o fazer o bem ou o deliberar a respeito de um voto: é de fazer doer a cabeça até aos alfinetes. Perdoe-nos a graça, mas é que a comparação é valiosa. Imaginemo-nos diante de difícil interpretação, que possa levar-nos a multíplices conclusões. Não saberíamos a que descaminhos nos levariam as nossas conjecturas, se não tivéssemos sólido conhecimento dos evangelhos e das leis ditadas pelo Senhor e registradas em suas Tábuas por Moisés, esse primeiro grande médium das Escrituras, médium de Deus, como Jesus também o foi, pois interpenetrou-se do espírito divino mediando as fontes perenes do conhecimento entre o Criador e os humanos. Esses princípios é que devem orientar-nos as interpretações em casos da moral a ser adotada ou dos critérios a serem seguidos. A rigor, não existe nada mais que possa servir de roteiro sobre o qual pautemos nossa incursões no campo do reconhecimento dos verdadeiros e definitivos itens em conexão com o mundo espiritual. Mais tarde, veremos que tais leis são absolutas e servem aos indivíduos em quaisquer circunstâncias e diante de qualquer atribulação ou problema.
Saber discernir o que é real do que é produto da fantasia, do que é concernente ao homem ou originado das necessidades dele, é o que se pede a todos, para que venham a progredir na busca da realização maior de suas existências. Não se poderá, pois, submeter-se este texto a dúbias interpretações, sem ofender aos princípios das leis de Deus. Caso o leitor queira tergiversar, deverá procurar outros temas de interesse meramente passageiro, como os dos prognósticos, os dos juízos de valores ou dos que contêm em si as próprias aspirações mundanas de ganho material. Em matéria divina, não cabe duvidar, pois tudo advém de pensamento positivo, fundamentado na essência da criação. Qualquer dolo ou má-fé poderão vir a ser descobertos, bastando para tanto aplicarem-se as normas descritas e o litigante cairá batido sob os argumentos do arrazoado divino. Não mais se encontrarão indivíduos que queiram bouleverser, que queiram jactar-se de serem hábeis intérpretes da vontade divina, se lhes apresentarmos os fortes argumentos da promessa evolutiva que deve estabelecer os parâmetros do nosso procedimento. O mais será discussão inútil, perda de tempo irreparável e irrecuperável para a aplicação no campo da caridade e da fé.
Ajamos com esperança, irmãos, a configurar o nosso pensamento e a nossa intenção de acordo com os princípios evangélicos, e ficaremos na paz do Senhor, pois estaremos trabalhando buliçosamente em favor do consciente de todos.




Comentário



Eis que, de todos os que se apresentaram até agora, surge um com preocupações lingüísticas. Não há dúvida de que seu texto está pleno de bons sentimentos e de ideais de cometimentos de grande responsabilidade no campo espiritual. Contudo, um reparo temos de fazer quanto às possibilidades de interpretação, quando se refere ele às condições humanas de inventar argumentos na tentativa de derrubar o arrazoado fundamentado nas diretrizes emanadas do Criador, via mensageiros espirituais autorizados pelos mentores que regem os destinos da humanidade e que velam para que o homem não desatine inteiramente. Essa restrição há de fazer-se no que se refere ao roteiro apresentado como sendo de superior orientação. Trata-se, evidentemente, de equívoco, pois cabe só ao homem estabelecer roteiros. No mais, a palavra não tem outro significado. Não que estejamos querendo, nós mesmos, cair na armadilha interpretativa, mas julgamos que o termo foi mal empregado, quando se referiu a planos emanados do Criador no ato mesmo da criação. Tais roteiros seriam, com certeza, o descrédito do livre-arbítrio, pois que, se emanados da força maior do universo, teriam os atributos da eternidade, da omnisciência, da unicidade e do absolutismo: só seriam possíveis esses, pois imanentes seriam ao próprio ato da criação. Tal, entretanto, não ocorre, já que, todos sabemos, não há ninguém que não seja capaz de traçar roteiro de vida e de segui-lo, na expectativa de vir a cumprir desígnios nem sempre os mais coerentes com os planos (roteiros) estabelecidos previamente, quer pelo próprio indivíduo em parceria com seus instrutores e mentores, quer por estes mesmos quando impedidos estiverem os espíritos encarnandos, por qualquer razão.
Era só o que queríamos objetar ao discurso ditado pelo irmão Olavo, novo ainda nas lides do esclarecimento mediúnico, mas viçoso no desenvolvimento em que demonstra ser muito promissor. Honras a ele e fiquemos a meditar a respeito da seriedade de suas palavras, uma vez que é muito difícil deixar de elaborar teorias à luz dos inúmeros fatos que entretecem a vida humana e das incontáveis formulações religiosas e filosóficas que se espraiam pelo planeta. A interpretação inequívoca existe, mas está afeta aos espíritos mais evoluídos, a quem cabe zelar pela humanidade como um todo e se situam em círculos cuja existência não somos sequer capazes de imaginar. A simplicidade da idéia, entretanto, nos atrai e sobre ela nos deteremos em particular, pois são os fatos mais singelos que contêm em si a pureza própria do Salvador, que se constituiu para nós no caminho, na verdade e na vida, portanto, daquele que é sábio de todas as sabedorias. Nem mais, nem menos.
Fiquemos no meio termo, sempre que não estivermos seguros das intenções que estão por trás dos atos que nos circundam e utilizemo-nos do recurso universal de que dispomos para não cair em interpretações erradas: o pedido em prece do esclarecimento oportuno, através do auxílio nunca negado dos irmãos mais afeitos a esses tipos de considerações. Sendo assim, a nossa mente ficará mais aguçada na compreensão dos verdadeiros valores em jogo e poderá prevenir-se a tempo, de modo a não enveredar pelos caminhos do erro. Não nos afastemos dos princípios gerais do cristianismo, se quisermos ser, nós mesmos, os intérpretes fiéis da vontade divina. Abstenhamo-nos, contudo, de nos envolvermos em discussões estéreis, que a mais não nos levam senão a esquecer nossa premissa de vida, segundo a qual a cada um conforme o seu esforço e a sua capacidade de trabalho, no incansável afã de tornar-se cada vez mais apto a usufruir os bens maiores da divina justiça e do divino amor. Oremos, pois, sempre que nos depararmos com situações embaraçosas e não nos preocupemos com nossas decisões, se contiverem o desejo de auxiliar, de conduzir os nossos irmãos às sendas do Senhor.
Basta por hoje. Fomos além do que pretendíamos na nossa observação. Não se vejam censuras sérias ao fulcrum da tese levantada pelo irmão Olavo, mas crítica de passagem a tópico de pequena envergadura no conjunto belíssimo do texto. Não se trata de corrigir coluna mestra, nem de ajeitar viga de sustentação, mas simplesmente de alinhar telha em sua exata fileira. Gratos, irmãos, por estarem atentos e não nos queiram mal por nossa rabugice e nossos comentários. Às vezes, a crítica é cabível, embora poucos sejam capazes de absorvê-las, no sentido de integrá-las ao seu rol de conhecimentos, visando a acrescentar novos pontos de vista aptos a serem manancial de idéias às quais o espírito poderá dedicar-se.
Estas excogitações têm por fim alertar, a quantos estiverem prontos para o exercício da evangelização através da mediunidade, para os mecanismos que são utilizados pelos espíritos na consecução de sua obra caritativa, no socorro doutrinário que prestam a entidades em desenvolvimento e em estudo.
Queremos deixar sossegado o nosso amigo médium, pois pode parecer-lhe que nem sempre discorremos com propriedade e respeito sobre os temas mais sérios do espiritismo. É que estamos aproveitando de sua gentileza e boa vontade para registrar anotações variadas sobre os aspectos que assume o nosso ministério. Parabéns, amigo, pela concentração e prossiga nessa disposição, para crescimento bem seguro nos difíceis caminhos da jornada mediúnica. Queira receber vibração amiga, enquanto todos, em conjunto, elevamos as nossas mentes ao Pai, em prece de agradecimento e em pedido de progresso e de evolução em sua estrada de amor.







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RAZÃO E EMOÇÃO DURANTE O CONTACTO MEDIÚNICO





Todo ato é passível de ser encarado do ponto de vista intelectual, bem assim pode ser presenciado, segundo estado emocional perturbado por sentimentalismo que pode conduzir a desarranjos nervosos de tal ordem a impedir o livre raciocínio.
Sendo assim, um ato da mais nítida compostura intelectual, produto do pensamento mais racionalista, pode ser avaliado segundo considerações racionais do mais puro equilíbrio mental. Bem assim, o mesmo ato pode ter sua interpretação conturbada por interferência de ordem emotiva, o que levará a precário julgamento de valor, preso a ponto de vista meramente psicológico e engajado ao instante que passa, o que não é aconselhável quando se trata de se estabelecer contacto com entidades desencarnadas, durante transmissão de mensagens, nas sessões de mediunidade.
Assim também, fato oriundo de vibrações emotivas pode ser analisado sob o crivo da razão, na busca da compreensão de suas causas e efeitos, bem como pode vir a ser aquilatado em estado de desequilíbrio emotivo, o que onerará sua compreensão, como quando pessoas envolvidas em sucessos dolorosos são julgadas por outras pessoas em estados mentais de mesma natureza.
Estas considerações que estamos a fazer, por exemplo, partem de atitude racional, pois estamos a produzir texto fundamentado em conhecimento haurido de muita meditação a respeito do comportamento dos seres humanos, envoltos ou não nas vestes carnais. E nem poderia ser diferente, pois, se estimulados estivéssemos por atitude emotiva, nem sequer seríamos capazes de realizar o ato mediúnico. Evidentemente, existe pequena dificuldade, pois estamos auxiliando o médium em assunto em que ele mesmo está interessado e envolvido emocionalmente, até certo ponto. No entanto, verificamos que, apesar dos pesares, vem podendo captar nosso arrazoado e está em equilíbrio suficiente para manter a mente lúcida para a compreensão das vibrações e para a tradução em palavras adequadas. Não apoiamos sempre este tipo de mensagem, mas, às vezes, é preciso para treinarmo-nos a todos em momentos de alguma dificuldade e para ensinar como proceder quando algum elemento de caráter particular venha a se imiscuir nesse feixe de vibrações que constitui o conjunto emissão/recepção.
Para superação destes aspectos negativos do trabalho, recomendamos prece e esquecimento dos próprios problemas, para que possam vir a ser atendidos os espíritos que têm interesse em se manifestar.







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PARTICULARÍSSIMA





Os seus guias Lúcio e Hermínio têm uma palavra para dirigir-lhe.
Saiba que seu retorno aos escritos mediúnicos muito nos alegrou, possibilitando para nós envolvimento em trabalho cuja falta sentíamos há algum tempo.
A sua doença do ano passado foi hiato que se deu em sua carreira, para que você pudesse meditar a respeito de sua vida. Foi durante aquele recolhimento que pudemos insuflar em sua mente a idéia do retorno à psicografia. Agiu você muito bem em aguardar a cessação de seu trabalho profissional, que o levava a transtornos mentais e emocionais inibidores de bom desempenho mediúnico. Agora, mais livre de compromissos materiais, pode desenvolver mister de maior profundidade e mérito, ficando mais calejado e possibilitando-se ganhos mais rápidos e mais conseqüentes.
Fique atento para os ditados e para as informações que todos estamos providenciando para levar aos encarnados, através de sua pena. Esteja sempre com esta mesma disposição mental, que é muito útil para transmissão segura e para recepção acertada.
Não se preocupe com os textos. Saiba que a cada dia serão renovados e, dentro em breve, ao voltar a lê-los, terá oportunidade de admirar-se da diversidade dos temas e das situações que, diariamente, se põem à sua frente para anotação e reflexão.
Dia virá, irmão, em que todos estaremos reunidos do lado de cá e aí poderemos partilhar de trabalho solidário, para o bem dos que têm necessidade do amparo da certeza metapsíquica ou metafísica. Vamos deixá-lo, confiando em que nossas mentes pensam em consonância e nossos corações batem em uníssono, para honra e glória do Senhor.







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SOB FOGO CERRADO





Jamais se entreguem ao desânimo. Sempre que tiverem diante de si situações aflitivas, pensem em que não serão os primeiros a defrontar-se com os sacrifícios que lhes acarretam as cruzes que têm de carregar para poderem superar os percalços que se lhes antepõem, para o progredir incessante, que é a meta de todos nós. Mais tarde, terão, por certo, que se deparar, quer queiram ou não, com outros empecilhos que lhes serão colocados pelos amigos da espiritualidade, para testarem os aprendizados que vêm fazendo em sua jornada. Nunca terão sossego, se é isso que os preocupa, pois toda luta será ganha no campo de batalha, embora saibamos que os bastidores políticos, ou seja, todo o aparato de conhecimentos doutrinários que puderem conseguir através de seus estudos, também contam e são muito importantes para que se fixem em posições estratégicas diante de seus adversários, os quais, por sua vez, não descuram nos preparativos próprios da beligerância.
Mais tarde, quando se mostrarem armados de mais poderosos meios de combate, aí terão oportunidade de enfrentar oponentes cada vez mais fortes e dignos de embates mais envolventes e mais promissores, no sentido de oferecerem espólios mais valiosos, para usufruírem em benefício de sua progressão rumo à casa do Senhor. Por ora, contentem-se em manusear tão— somente armas de pequeno poderio, na destruição dos grandes males que os afligem. De nada adiantará exterminar pequenos inimigos com armas potentes, cujo manejo é de todo desconhecido por vocês mesmos, que têm ainda pequeno conhecimento das artes marciais. Mas tais embates são necessários para que se habituem a combater, pois a luta jamais cessará; antes, sempre recrudescerá e se ampliará, modificando-se a cada batalha vencida, porque os inimigos são poderosos e nossas forças necessitam conjugar-se, para que possamos, em conjunto, desfechar ataque mais abrangente, que venha a surpreender as posições adversárias, derrotando a quantos inimigos se antepuserem a nós.
As nossas armas são inexpressivas, mas temos sido municiados por aparato logístico de inexcedível poder de fogo, pois é dos arsenais do Senhor que sai a munição com que podemos carregar as nossas armas. E essa munição não falta nunca, pois a sua manufatura e o seu desenvolvimento tecnológico são providenciados junto às fábricas que se instalaram para tal efeito nos campos da retaguarda, em que se situam os nossos engenheiros bélicos da maior perseverança.
Nos entreveros com a maldade, devemos utilizar tática de fulminante poder de fogo: a prece. É arma que atinge seus alvos a distância, sem errar por nenhum milímetro, tal é sua precisão e sua potência. A prece é arma pequena, portátil, recarregável e aprovada por todos quantos tiveram a oportunidade de testá-la em quaisquer situações de combate. Serve também como campo de força, pois estabelece defesa intransponível para quantos estejam a assediá-los com seus batalhões de má catadura, entre os quais se podem destacar os facínoras que usam torpedear-nos com suas bombas de medo, os infiltradores que preferem envenenar-nos com suas sugestões de ganhos fáceis e de vinganças, os que se mantêm a distância, com sua artilharia pesada, descarregando sobre nós os obuses da criminalidade e da libertinagem.
Ainda agora, vocês estavam tentados a rejeitar o nosso texto como inconveniente pelas imagens que estamos usando. Não é fácil redigir mensagem que consiga convencer os leitores de que tudo o que ele tem de fazer será realizado sob chuva de ameaçadoras bombas incendiárias, precisando ficar claro para ele que tem de se defender dos ataques de inimigos que não conhece, se quiser realizar os seus desígnios maiores. Quando nós desejamos a todos que fiquem na paz do Senhor, é porque temos consciência exata do muito de atribulações que estão a aguardar a todos. Nosso desejo, então, se revela útil, no sentido de trazer segurança e equilíbrio emocional, sem os quais qualquer soldado vai ficar moralmente abatido. No entanto, para ele — e isso ele sabe bem — o natural da vida é a batalha, já que foi treinado durante muitas e muitas encarnações. Sendo assim, para que se consigam patentes de maior valor, junto aos espíritos em comando, é preciso distinguir-se nas batalhas, através de atos de bravura e heroísmo.
Salvem-se, irmãos, e pautem seu procedimento, enquanto estiverem engajados, através de disciplina militar prestante, que vocês poderão encontrar nos manuais da armada do Senhor. E quando estiverem a ponto de receber as condecorações por seus atos de bravura, de arrojo e de competência, na dissolução dos exércitos inimigos, aí se lembrarão do tempo em que mourejavam para encontrar os primeiros recursos no litígio que se iniciava e poderão verificar o quanto progrediram, porque estiveram atentos aos chamamentos do comandante em chefe, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Jamais deponham as armas bem como jamais se arrisquem a combates solitários, ousando penetrações pela terra de ninguém, sem que à retaguarda estejam amparados por plano de combate meticuloso e orientado pelos comandantes, que têm visão mais ampla do campo de batalha. Armem-se com as armas da benquerença e do amor, que estarão aptos a enfrentar os mais duros e penosos embates, quer em guerrilhas e emboscadas, quer em campo aberto.
Até mais ver, irmãozinho. Fique atento para o seu alistamento, Boa sorte!




Comentário



Mais um texto de irmão iniciante, inexperiente, mas cheio de vontade de acertar. Daremos a ele nota elevada, embora sua preocupação em manter acesa a imagem que adotou e em estendê-la indefinidamente, para que todo o texto ficasse coerente com um só princípio, fizesse com que a transmissão ficasse prejudicada, pois não se deve levar o médium a atitudes de rebeldia, ao escrever palavras que não condizem, na realidade, com as figuras amorosas e de muita paz que devem constituir o leitmotiv para a organização do texto.
Está claro que, aos poucos, iremos influenciando no procedimento de todos, no sentido de atenuar o entusiasmo com o estilo, na busca de consagrarmo-nos tão-somente ao valor intrínseco da mensagem. A nossa teoria é suficiente para que os nossos textos fiquem claros, não cientificamente elaborados, mas com muita fé em que consigam levar aos encarnados notícias do campo moral e religioso, suficientes para preencherem os vazios que as péssimas formações religiosas estão disseminando pelo mundo. O nosso trabalho, portanto, visa, muito mais, a atingir o intelecto e o coração, através do conhecimento em si do que através de qualquer influenciação que possa advir do estilo acabado ou apurado de textos que se preocupem mais com a forma do que com o conteúdo. Desse modo, vamos atribuir nota baixa para o texto no que tem de formal e nota média pelo conteúdo, o qual não ficou formulado com muita clareza para mentalidades não acostumadas com a linguagem militar, como, de resto, é o caso do médium e mesmo do emissor. De qualquer forma, entretanto, devemos louvar o esforço de ambos, que procuraram realizar trabalho de mérito no campo da mediunidade e da psicografia. Como estamos todos em caminho, não é de desesperar.







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O MEDIUNISMO HOJE





Como você já pôde perceber, os textos são muito repetitivos e têm desenvolvimentos muito parecidos. Está claro que tal semelhança é causada por espíritos afins, que estão em graus de progresso muito próximos, pois fazem parte de equipe que busca, solidária, ajudar-se mutuamente no aprendizado do uso dos recursos mediúnicos que estão sendo colocados à nossa disposição.
Se quiser textos de melhor categoria, deve aguardar pacientemente que venhamos a nos desenvolver o suficiente para poder trazer à luz dos homens conhecimentos mais profundos. Cabe-nos, como se percebe ao final das mensagens, o dever de exortar os homens à prece e ao estudo dos textos sagrados da evangelização, não olvidando nunca de incentivar, para que o seu procedimento habitual se paute coerentemente com esses ensinamentos hauridos através das leituras. A mais que isso não nos atrevemos, a não ser quando conduzimos para manifestação espíritos que necessitam de assistência urgente, através de diversos mecanismos, para os quais estamos preparados e treinados. Por isso não exija de nós mais do que possamos dar.
Pode ocorrer de algum espírito mais capacitado interessar-se na utilização deste aparelho, mas tal decisão é só dele e será tomada em harmonia com as disposições gerais a que cada qual se submete no plano espiritual. Não fique, portanto, desestimulado e deixe sua pena correr sob a influenciação do espírito que se apresentar para o trabalho, precavendo-se, evidentemente, para o reconhecimento do valor e da intenção do ditado, procurando dar-nos amparo magnético ao nosso trabalho, concentrando-se de modo positivo, confiando em que sua pena não desandará e não produzirá mensagens que não estejam de acordo com os mandamentos de Deus.
Mais tarde, quando páginas e mais páginas se acumularem umas sobre as outras, quando volume grande de mensagens estiver registrado, quando o tempo psicológico assim o determinar, segundo a capacitação de recepção adquirida através de muito trabalho e dedicação, aí poderá ter certeza de que labutou em prol do benefício do próximo, sem descurar do próprio desenvolvimento.
Não vamos fazer deste um texto de pregação moral, embora não haja escrito mediúnico que não possa ser interpretado e entendido como obra de misericórdia, pois nos foi facultado pelo Senhor vir à presença dos seres encarnados, estando nós em espírito. Mas este texto tem por objetivo alertar para o trabalho em si, para o cansaço da repetição, que pode parecer teimosia, quando é apenas deficiência causada por nossa inexperiência. Claro está que muitos méritos podem ser reconhecidos pelas almas boas, que se surpreendem ainda com este contacto entre os dois planos da realidade. Mas isto está sendo considerado muito pouco, tendo em vista que o fenômeno está espalhado por muitas regiões do mundo.
Já foi o tempo em que o homem arregalava os olhos e obscurecia a mente, não aceitando tais manifestações. Hoje é de obrigação ficar atento para procedimento pautado pelas orientações dos irmãos maiores, pois há mais de século o encarnado vem tendo a possibilidade de conhecer a fenomenologia mediúnica, quer através dos textos inúmeros que vêm sendo editados e espalhados por todos os cantos, quer na participação direta em trabalhos desta natureza, os quais se realizam diariamente em inumeráveis centros espíritas. Quando mais não fosse, existem manifestações de grande poder persuasivo que nossos irmãos conseguem em centros de candomblé, onde os orixás se dão a conhecer e buscam deixar claro, sem qualquer sombra de dúvida, a persistência da vida após o desenlace carnal.
Hoje, mais que nunca, têm os homens o dever de integrar-se em associações de benemerência espiritual, pois já foi o tempo em que as religiões rejeitavam a possibilidade desse contacto com as forças espirituais. Agora, embora com nomenclatura diversificada, são muitos os que admitem a espontaneidade destes contactos e a origem sobrenatural destes textos, que um dia foram atribuídos a produções intelectuais de almas em desequilíbrio ou em desorganização, ou à má fé.
Eis que agora somos contingente muito extenso a propiciar estes contactos de espíritos para homens, bem como existe enorme legião de encarnados aptos e treinados para a recepção das mensagens, quer se dêem oralmente, quer pela linguagem escrita, pela visão ou ainda pela audição. As manifestações de materialização tiveram sua época e sua importância histórica. Agora o homem desenvolveu recursos intelectuais, racionais, capazes de esclarecer seu pensamento para a evidência dos fatos mencionados. Por isso, o que se pede a cada um é que se dedique ao estudo dos textos, na iminência de que todos estão de se integrarem a nós, pois a vida cessa de supetão e, de improviso, ninguém vai estar adequadamente preparado para restabelecer seu convívio com os irmãos que flutuam no espaço etéreo do plano espiritual. Cuidem todos, portanto, de se colocarem de ponto de vista favorável para o recebimento das tarefas mais elementares que lhes pedimos: as de buscarem conhecer a verdade existencial e de, com afinco, batalharem para a realização de seus objetivos de vida.
Graças a Deus, há muitos que assim estão procedendo, compenetrados de que tudo se dará no seu interesse. No entanto, muitos outros persistem em caminhar nas trevas, embora carregando velas e fósforos e mesmo o conhecimento do procedimento elementar de acendê-los. Quem se recusar à própria luz, como poderá iluminar-se da luz do Senhor?! Um mundo de crimes está espalhando-se pelo universo. Cabe a nós, que temos conhecimento de como proceder, pois sabemos como convém saber, trabalho de benemerência, de ajuda e de apoio, em nome do Cristo, Senhor Nosso.







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SOCORRO OPORTUNO





Nós também estamos aqui pleiteando oportunidade de escrever. Não temos conosco a visão tão sublime que os irmãos anteriores demonstraram. Temos, sim, ampla admiração por quanto trabalho é realizado nesta sessão de tranqüilidade e serenidade exemplares. Um ou outro tenta perturbar, mas são afastados pelos vigilantes, a quem cabe a tarefa de limpar o ambiente. Por isso não sabemos bem por que motivos fomos admitidos neste ambiente de paz e tranqüilidade. Se foi para me convencer a ajustar meu comportamento, segundo os princípios que regem o procedimento geral, acertaram, porque estava cansada de perambular sem destino. Agora, se for para ficar rezando e rezando, como vejo que alguns estão fazendo desde que se iniciaram os trabalhos, então se enganaram redondamente, pois não estou acostumada a estes descalabros e a estas perdas de tempo.
Não quero parar para pensar. Sei que estou recebendo restrições para dizer o que tenho para dizer, mas devo deixar claro que jamais fui atendida quando pedia pelo restabelecimento da saúde de minha mãe e quando quis rever meu pai, que morreu em horrível desastre. Agora tenho de ficar aqui presa. Tudo bem! Mas não me obriguem...




Comentário



Neste momento, conseguimos fazer com que se desse ao conhecimento da irmã Ana o espírito de sua mãe, que vem acompanhada do pai. Nosso intuito foi alcançado e se coroou de pleno êxito. A pobre menina se ajoelhou em pranto e, extasiada com a presença dos pais, calculou que suas preces tivessem sido atendidas e clamou aos céus por perdão e misericórdia.
A equipe providenciou acomodações em casa de saúde e restabelecimento aqui próxima e destinou momentos de auxílio do grupo para socorrer a criança.







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HÁ SEMPRE UMA CRUZ PARA CARREGAR





Às vezes, pensamos que o que temos para fazer seja muito importante, mas, mesmo assim, refugamos e recuamos, qual besta teimosa a considerar muito pesada a carga e muito comprido o caminho. Puro engano, falsa interpretação dos fatos, pois o que nos pesa é sempre suportável e o caminho jamais poderá ser encurtado, uma vez que é o caminho que nos cabe percorrer, quer queiramos ou não.
É evidente que Jesus foi auxiliado por Simão, o cireneu, no carregamento da cruz, em sua via rumo ao Calvário. E quem poderá desmentir-nos se dissermos que são muitas as ajudas que todos recebem em sua caminhada rumo à própria redenção?! Melhor fariam se ajudassem, eles próprios, aos seus vizinhos na travessia penosa que todos estamos fadados a fazer se quisermos adquirir as benesses maiores do reino de Deus.
É do mais puro egoísmo satisfazer-se em deixar do lado da estrada a sua cruz, às vezes constituída até mesmo de madeira corroída pelos vermes, leve, que sem esforço seria carregada. Mas tal não ocorre com muitos que preferem ver passar os transeuntes cheios de esperanças, sorrindo para as desventuras pelas quais passam, com os corações voltados para o bem maior e não para o sacrifício do momento que visa somente a resgatar falhas anteriores, que são imperdoáveis, pois o nosso julgamento, sempre e sempre, é feito pela consciência acesa no fogo das virtudes cristãs.
Nada mais sórdido, portanto, que se espere ajuda, quando se deveria ajudar, que se aguardem luzes, quando se está iluminado. Só mais tarde é que poderemos perceber o quanto errados estávamos, mas aí será tarde demais para regredir ao ponto em que se deu o erro. Novos cometimentos nos aguardarão e teremos que enfrentá-los com galhardia, para superar as falhas anteriores. Fiquemos, desde já, atentos para isso e, imediatamente, busquemos, sem tardanças, sem procrastinações, realizar o nosso destino, sob o amparo, este sim, das luzes advindas do evangelho do Cristo, que, qual Simão, serão o nosso guia, a nossa escora e o nosso arrebatamento, na nossa via crucis.







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PERGUNTAS E RESPOSTAS





Caso veja nosso irmão necessidade, poderemos responder algumas perguntas de seu interesse.


— Como saberemos quando estaremos aptos para trabalho de maior fôlego?

É simples, bom amigo. Basta prosseguir diariamente ou quando possível neste trabalho singelo mas importante que vimos realizando. Não queiramos queimar etapas; é preciso saber que natura non facit saltus e aguardar pacientemente o momento azado para receber a visita dos irmãos mais evoluídos e com necessidade de transmitir noções específicas. Quanto ao mais, devemos, com satisfação, informá-lo de que seu trabalho é suficiente para a captação de mensagens plenas de luz e de conhecimentos profundos da moral cristã. Basta não se precipitar e prosseguir com o coração limpo e o espírito atento.


— Existe algum espírito presente à sessão que queira deixar recado pessoal a alguém da casa?

Sim, desejo deixar carinhoso abraço para sua filha, que, com seu trabalho de evangelização e de assistência mediúnica e carnal, vem ganhando créditos para vida plena de realizações no campo do espiritismo prático. Não que seja garota talhada para desenvolvimento mediúnico de grande porte, mas suas tarefas são guiadas por espíritos de luz e deverá prosseguir nesse caminho para nos dar oportunidades de oferecer-lhe condições de muita evolução. Quanto aos aspectos de moralidade, que não se perca contando os dias que faltam para a realização de seus sonhos mais íntimos. Deve abster-se, mesmo, de fazer planos matrimoniais de imediato. Dia virá em que suas aspirações poderão vir a ser satisfeitas. Hoje, deve continuar empenhando-se no seu roteiro de caridade e de amor ao próximo, que muita alegria está dando a seus guias e aos mentores dos círculos em que atua com tanta dedicação e meticulosidade.
Não quero encerrar minha mensagem, sem fazer referência ao fato de que, em breve, estará em condições de receber mensagens psicografadas. Este será campo que poderá abrir-se para ela, que conta com bom conhecimento das virtudes espirituais necessárias para este tipo de trabalho.
Saúde, paz e muitas felicidades é o que lhe desejamos, espírito socorrista por excelência, sempre pronta a dar o melhor de si mesma na cura dos doentes em ambos os planos da realidade. Parabéns, irmãzinha, e não se esqueça de rezar prece de carinhoso afeto pelo espírito de sua irmã no Cristo, Adelaide.


— Teremos mais algum texto de caráter geral?

Sim. É preciso considerar, no entanto, as peculiaridades do dia de hoje destinado à meditação política. Muitos de nós estamos percorrendo as cidades, as vilas e os campos, em busca de insuflar nos corações férrea vontade de buscar candidato digno para eleger no pleito programado para o dia de amanhã. Não será suficiente para nós, entretanto, que o candidato mais votado seja eficiente no trabalho, que seja inteligente, digno e honrado, que tenha aspirações de conduzir o país com magnanimidade e que tenha condições de realizar bom governo. Nós pretendemos ainda mais: que obtenha o amparo dos espíritos guardiães da nação brasileira, através de disposição espiritual voltada para o evangelho do Cristo e, principalmente, para as leis de Deus, pois só assim estará em condições de levar a cabo missão de relevância, não só no aspecto material, como também, insignemente, em seus aspectos moral e espiritual.
Caberá ao próximo presidente governar com discernimento espiritual e, para isso, deverá obter o apoio não só das urnas mas também dos corações, que deverão emitir vibrações de amparo, para que venha ele a catalisar as luzes que, serena e seguramente, se despenharão das alturas, para que seus atos e decisões venham a ser iluminados. Não nos conformaremos com presidente sem prestígio nos céus, pois o nosso trabalho, então, se sobrecarregará, uma vez que as vibrações passarão a ser de ordem negativa e o povo rosnará contra aquele que ele mesmo elegeu, dando-lhe o poder de representatividade.
Por outro lado, deve ficar bem claro que não estamos apoiando este ou aquele candidato, mas o nosso trabalho se restringe a incentivar o eleitor a escolher com discernimento, recolhendo-se para isso em espécie de meditação cívico-patriótica que vise à reflexão e ao aprofundamento na compreensão do ato de votar. Nisso se resume nossa influenciação e a mais não poderíamos, pois toda a organização eleitoral está armada segundo princípios inspirados pelos mentores espirituais da nação, os quais, de há muito, vêm formulando e realizando projetos junto aos representantes do povo no Congresso Nacional. Este trabalho foi de inspiração maior e surte os seus efeitos, pois são muitas as pessoas que compreenderam que é importante sua atitude de otimismo, tendo em vista o seu ato de votar e o resultado da apuração.
Mais tarde, quando do segundo turno, estaremos comunicando-nos de novo, para mostrar as diretrizes que os nossos trabalhos tomarão, segundo a iniciativa emanada dos céus. Não nos cabe, agora, considerar qual virá a ser nossa atitude. Qualquer seja, estará fundamentada em mandamentos bem seguros, firmemente calcados nas ordens provenientes de nossos mestres e de nossos orientadores, os quais se escudam, como repetidas vezes temos confirmado, nas luzes de suas consciências formadas no espírito do Cristo e em seu evangelho de amor. Mais tarde, poderemos fornecer os dados mais importantes a respeito do segundo turno. Aguarde com paciência.







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O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO





O mistério maior da vida está contido todinho no Evangelho do Cristo, em sua edição espírita. Cada fase do desenvolvimento humano, no que tem de moral e espiritual, ali se contém, com muita riqueza de detalhes e de orientação. Não devemos buscar em outras fontes, já que a água mais pura está a jorrar há alguns milênios e mais propriamente há mais de um século. Cabe a cada mortal o dever de informar-se a respeito de sua existência, mesmo que esteja internado nas terras mais distantes, onde é muito difícil de chegar a luz do alfabeto.
É certo que muitos contraem hábitos totalmente avessos à realização em vida das leis do Senhor. Mas, mesmo assim, sempre e sempre, existirá para cada pessoa a possibilidade de receber, por via de influenciação mediúnica, as bases fundamentais do procedimento digno, condizente com os princípios insertos no livro maior. Se cada um de nós soubermos discernir o que é bom para o nosso semelhante, à luz do que pretendemos para nós outros, então, estará satisfeito o princípio de fazer aos outros como quereríamos que fosse feito para nós mesmos.
Se, por outro lado, formos capazes de captar as mensagens mais lúcidas que cada religião apresenta a respeito da Divindade e se estivermos aptos a compreender, através de pequena meditação que não exige nenhuma capacitância espiritual ou intelectual, que existe entidade superior a quem se deve atribuir a criação do mundo e, por via de conseqüência, do próprio homem, de todas as coisas e do universo, mesmo quando mutilados estivermos, mesmo nas condições mais precárias, se algum sentido ainda nos restar, então, perceberemos que a esse criador supremo devemos, pelo menos, o respeito elementar de filho, de criatura. Se esse afeto for verdadeiro, poderá transformar-se em amor e aí estará cumprido o maior mandamento: "Amar a Deus cobre todas as coisas".
Estes princípios deverão espelhar-se pelo universo ad infinitum para que todos adquiram condições de serem salvos, independentemente da região, da cor da pele, da tendência religiosa ou da facção política. Mesmo agora, quando vemos inúmeras pessoas buscando salvaguardar-se de fatos que estavam a sufocá-las politicamente, derrubando muros e atravessando fronteiras, mesmo agora, quando percebemos, em muitos locais da Terra, gente sendo massacrada pelo fato mais elementar de existir em determinado lugar ao invés de outro, mesmo agora, quando vemos as armações dos guerrilheiros para com indivíduos inocentes que buscam poder realizar em suas vidas um pouco do muito que ainda têm necessidade para progredir, mesmo agora, quando percebemos organizações poderosas operando, por meio de artimanhas, o malefício maior da dependência aos vícios e às quimeras e ilusões da carne, mesmo agora vemos também que o homem encarnado tem recursos para fugir da opressão e obter a possibilidade de evoluir na desgraça, se se pautar pelas leis maiores d O Evangelho Segundo o Espiritismo e que existem cristalizadas na mente e nos corações, por graça recebida do Criador, no próprio ato da criação.
Vamos parar por aqui, pois mais delongas seriam cansativas e repetitivas. Basta que saibamos dosar nossas atitudes em conformidade com nossas intuições morais, para nos livrarmos dos pecados que infestam o mundo. Basta atermo-nos a ouvir a voz da consciência, pois sabe ela exatamente como se conduzir, para que nossa redenção fique assegurada.

Neste momento, deixo o nosso irmão que escreve para regressar ao seio de meu grupo, na expectativa, todos nós, do dia de amanhã, quinze de novembro, data de eleições gerais para Presidente da República. Fique em paz, irmão, e ore conosco para que tudo possa transcorrer segundo os princípios da ordem e do descortino mental.







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PRISIONEIROS





Ainda agora tivemos notícia de amotinamento em cadeia, o qual foi abafado pela polícia.
O homem encarcera o próprio homem, mas o que não sabe é que todos estão encarcerados. O ato de tentar fugir é sagrado para quem se rebela, mas é infantil e inútil para quem tem consciência de seus deveres e obrigações. Assim, o homem enjaulado que se julga condenado injustamente deve encontrar recursos legais para livrar-se das correntes. Do mesmo modo, devem pensar quantos se vejam na condição de estar, através de injustiça, internados neste mundo da carne.
Mas ocorre diferença fundamental: enquanto o homem sabe por que foi encerrado na prisão, uma vez que praticou o ato que feriu princípios da sociedade humana, de outro modo o encarnado deve analisar a sua condição existencial, pois não sabe que crimes cometeu ou que atributos está necessitado de adquirir. Desconhecendo o julgamento de sua personalidade e de seus procedimentos anteriores, não está apto a julgar do nível de justiça em que seu encarne se deu. Por isso, as situações são diferentes, díspares. Enquanto um tem na consciência a razão de seu aprisionamento, o outro deve confiar, através de inevitável desenvolvimento da capacidade de entendimento, em que deve estar sendo levado a sanar faltas apuradas em processo que não presenciou mas que, iniludivelmente, tem de admitir.
Não estamos querendo dizer que devem os homens rebelar-se. Em nenhuma situação prescrevemos tal atitude. Mas deve consultar o coração, meditando profundamente sobre as virtudes que ofendeu, os direitos que postergou. No mais, têm só e só o direito de orar comovida prece, para que suas decisões sejam acertadas, segundo os códigos humanos e divinos de conduta material e espiritual, para poderem adquirir segurança em seu descortino intelectual e firmeza e estabilidade emocionais, a fim de que sua deliberação venha a ser consentânea com os princípios que se encontram integrados em sua personalidade e insertos em sua consciência. Mais tarde, poderemos todos julgar da justiça de nossos cometimentos e de nossos julgamentos. Agora, temos é de trabalhar com denodo e desassombradamente no enfrentamento dos percalços naturais, morais ou sociais que estão aguardando por nós, em nossa jornada rumo ao Pai.







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SOBRE O MATRIMÔNIO





Entre os objetivos humanos, existe um de fundamental importância que seja concretizado: o amor que leva dois seres a se unirem em matrimônio, para que seus destinos sejam um único, durante a passagem de seus anos de ventura ou de desgraça sobre a face da Terra. No geral dos humanos, entretanto, tal amor não chega a realizar-se, pois são inúmeros os percalços que se põem à frente dos cônjuges, que, muitas vezes, se sentem fracos e apavorados, se desarvoram e são tragados por ilusões ou ideais de vida sem conteúdo ideológico coerente com os princípios necessários para a concretização eficaz e profícua do amor conjugal.
Ontem estivemos em visita a casal em litígio. Com tristeza pudemos presenciar cenas de ciúmes, acusações de adultério infundadas, socos e pontapés, em furor e em ira; rancor que, antes amordaçado, agora, aos berros e denúncias, saía em forma de palavras de baixo calão e de vilipêndios horríveis, chegando a beirar os casos de insanidade mais insólita.
Nesse lar desfeito, jazia por terra, aos prantos, entidade ainda criança, sem compreender o que se passava, mas que recebia fundo os golpes desferidos pelos pais, em sua alucinada discussão. Mais tarde, essa criança não terá equilíbrio suficiente para manter laços de amoroso afeto para com alguma criatura que queira jungir suas vidas, atrelando-as a carro comum, no interesse da constituição de família harmoniosa, que possa dar guarida a espíritos necessitados de lar estável, para darem seqüência às realizações convenientes para a sua evolução no plano espiritual. Quem será responsabilizado pelo desamor que essa criança terá em relação ao cônjuge, uma vez que foi ensinada a odiar, ao invés de amar? Seus pais, que não sabem o carma e os sacrifícios que estão a adquirir, diante da necessidade de cumprir aquele princípio de vida a que fizemos referência no início, o amor conjugal.
Estes não mais terão oportunidade de restabelecer os seus liames conjugais e estão fadados, por atitudes de extremismo, a seguir caminhos diferentes. Talvez venham a constituir novos lares, unindo-se a seres melhor adaptados às suas mentes e aos seus procedimentos, contudo, restará débito a ser saldado, quando do sopesar de seus atos, após o desenlace. É preciso considerar a facticidade dos atos, sua oportunidade e a necessidade de reatamento dos vínculos destruídos, para que possa vir a reorganizar-se em harmonia o plano inicial de vida. Caso não possam vir a reconciliarem-se, aí terão muito mais que preencher em forma de necessidades básicas a serem cumpridas durante sua próxima encarnação, na qual terão de superar situações de litígio, uma vez que um tem para com o outro mágoas e sentimentos de contrariedade, causados pela dor e pelo rompimento das promessas feitas ao pé do altar e diante do juiz de paz.
Queremos acrescentar que não se trata, neste caso, de compromisso efetivado em nenhuma dessas situações, pois o casal em pauta se uniu simplesmente, sem o consentimento formal da sociedade ou de qualquer religião; mas, nem por isso, tais compromissos deixam de ter valor, pois o casamento, na verdade, se dá quando os indivíduos se unem perante Deus, representado na natureza pelos anseios que cada um de nós tem de construir lar onde, instintivamente, pretende criar os filhos, para o que o amor conjugal entra como fundamento moral e espiritual da emoção.
Não se vejam nestas palavras estímulos para acertos sexuais aleatórios. Jamais iríamos incentivar atitudes que visassem a desfazer a necessidade mais natural do ser encarnado, que é a de viver em família, onde cada um adquire sua responsabilidade e tem sua função precípua. Mas estamos a sugerir que os nubentes, ao firmarem seu compromisso, o façam seguros de seu desejo de constituir família, segundo as normas estabelecidas pelo Senhor e não pelos baixos impulsos de satisfação pessoal, quer no que diz respeito aos aspectos físicos, quer, principalmente, no que se refere aos aspectos financeiros, políticos ou religiosos, pois muitas uniões se dão entre magnatas, entre poderosos ou entre irmãos da mesma religião, tão-somente no intuito de se verem consolidadas as posições que ocupam as famílias em questão.
Hoje, podemos distinguir, com muita clareza, quando existem intervenções de tal ordem, pois a liberalidade social é tamanha que não existe jovem que não saiba, com exatidão, as intenções dos que os conduzem a unirem-se em matrimônio. É a melhor maneira de fazê-lo, pois podem medir com rigor seus mananciais de forças e de espiritualidade, podendo escolher, com liberdade, o companheiro mais condizente com seus atributos e personalidades. Mais tarde, se, por acaso, e isto existe, se verificar engano admissível, deverá desfazer-se a união, evitando-se, o quanto possível, os desajustes de ordem emocional que possam levar a atitudes irreprimíveis de mútuas acusações, que venham a camuflar o verdadeiro deslize: a falta de energia e de vigor na manutenção de casamento que pecou na falha de origem, quando da escolha do companheiro. Se assim se fizer, teremos famílias mais estáveis e não teremos conflitos como o verificado ontem, podendo-se dar às inocentes vítimas das separações amparo mais solidário com suas necessidades emocionais e psicológicas. De resto, é preferível acertar na escolha e manter o casal unido em torno do amor conjugal, que servirá de esteio para a manutenção de lares felizes e prósperos.
Assim ajam, jovens irmãos, em face do casamento, para que possam vir a ser felizes e, mais ainda, dignos de realizações maiores no campo do desenvolvimento espiritual. Elevemos prece ao Senhor e solicitemos a intervenção das equipes de apoio, que poderão estabelecer momentos de magnetismo, para que os jovens possam convencer-se da verdade de seu amor e tomar a decisão mais sábia, que deverá perdurar pelo restante de suas vidas. Uma forma comum é pedir a Santo Antônio, santo casamenteiro, pois as entidades que responderem a estes pedidos estarão aptas, em nome do Senhor, a propiciar aos nubentes aquela influenciação necessária, para que suas mentes fiquem bem esclarecidas no momento da decisão. Ainda assim, não será fácil decidir-se, se a pessoa não estiver convencida de que sua aspiração está sendo baseada na própria vinculação do indivíduo à espécie que pertence, através dos atributos necessários e suficientes para perceber que a escolha se dá em função dos sentimentos do amor, do respeito e da compreensão mútuos.
Ainda uma última palavra. Não se deve decidir em cima da hora: é preciso período de adaptação, para que os indivíduos possam conhecer-se melhor. Sábios, pois, os homens, quando inventaram o período de namoro, quando as emoções são superficiais e temerosas, e o de noivado, quando mais intensamente batem os corações, se verdadeiramente estiverem ligados entre si. Com o tempo, o sentimento se consolida e a família poderá ser constituída. Isto que estamos a dizer é o comum e a todos não é dado desconhecer. Não estamos dizendo nenhuma novidade. Entretanto, ficou-nos profundamente gravada a cena de ontem e isto nos abalou a especular sobre o assunto e a alertar, em campo de mui difícil aconselhamento, os casais que nos lerem, a terem consciência da importância de uniões corretas para o desenvolvimento espiritual, que irá refletir-se, iniludivelmente, na vida pós-túmulo. Sendo assim, empenhemo-nos por estar certos no momento da decisão, pois outros espíritos existem que são fatalmente incluídos ou excluídos e é essa justamente a responsabilidade de quem se comprometa em seguir com a vida na companhia da pessoa a quem deve apresentar-se limpo e puro, no aspecto do sentimento conjugal. Não importam as ligações anteriores; o que se requer ao nubente é sinceridade de intenções que possa vir a consolidar união inteiramente fundamentada e sacramentada no amor.
Ainda teríamos outros conceitos a incrementar a este texto, mas devemos reconhecer que está muito extenso, impróprio para quem se encontre apaixonado ou em vias de escolher o seu parceiro. Deste modo, deixemos de cerimônias e encerremos, fazendo votos de que cenas de separação como a que presenciamos ontem não se repitam com freqüência e os homens possam constituir sociedade mais equilibrada, com base em casamentos duradouros e férteis.







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REPORTAGEM ESPIRITUAL





Não sabíamos se o escrevente se poria em condições de apanhar os nossos textos neste quinze de novembro e, por isso, teremos de improvisar. Vamos ficar por pouco tempo atendendo a sua solicitação.

Queremos apenas dizer, neste dia de eleições gerais, que o pleito se realiza segundo as normas ditadas pelos espíritos que zelam pelo bom andamento da sociedade, os quais procuram restringir os focos de distúrbios a pequenos grupos de agressores, espalhando os indivíduos e reunindo-os às famílias, para que sejam evitadas aglomerações que possam constituir-se em perigo para o desenvolvimento pacífico do pleito. Evidentemente, para isso, contamos com a participação de socorristas desviados das funções habituais, mas que receberam treinamento específico de emergência e que se mantêm em contacto direto com a central de socorro e auxílio. Mas bem pouco trabalho estamos tendo até o momento, apenas alguns casos de lideranças frustradas, que têm mais o ego ferido do que a necessidade de influenciar no resultado final da eleição.
Hoje, portanto, o nosso trabalho assistencial está interrompido, porque desnecessário, e até mesmo as equipes de plantão não estão recebendo muitos chamados, igualmente ao que ocorre na face da Terra. Não houve pedidos de socorro vindos de outras plagas do planeta, embora estejam as equipes, desde alguns dias, de sobreaviso, prontas para intercederem, caso se veja necessidade.
Fato curioso que temos para apontar se deu não longe daqui, onde um velhinho se atrapalhou e votou em candidato diferente ao que escolhera com tanto amor e carinho. Foi realmente de causar pena, de provocar piedade, a consternação de ter verificado que nada poderia fazer para retificar o voto. Seu desespero está sendo seguido de perto, pois tememos que venha a tentar contra a vida, tal é a importância que está dando ao fato. Isso está ocorrendo no âmbito da consciência, pois a família ignora o erro cometido e todos brindam por antecipação a vitória de seu candidato. Mais tarde, provavelmente, teremos necessidade de aplicar alguns passes magnéticos para causar profunda sonolência, ao passo que, agora, o nosso trabalho está em fazer chegar a ele a idéia de que o seu candidato teria o mesmo destino nas urnas, caso o seu voto fosse válido.
Quanto ao mais, estamos enfrentando tarde extremamente sossegada, diferente mesmo dos dias tranqüilos dos feriados religiosos, em que as pessoas são convidadas a ficar em casa, porque nada têm para fazer fora. Duro é o trabalho que nos causam os domingos e grandes feriados, pois há febre de se afastarem os indivíduos de seus domicílios, em ávida busca de esquecer os percalços do dia-a-dia e em ânsia de usufruir toda sua capacidade de prazer.
Por ora, estamos sossegados e atentos, pois nunca sabemos quando acontecimentos de monta podem ocorrer. Mais tarde, realizaremos balanço do dia e saberemos quais os acontecimentos mais marcantes e quais os lucros que se obterão deste dia de patriotismo redivivo.

Até mais, irmão. Fique na paz do Senhor e volte ao seio de sua família, para feliz convivência, que muito tem de salutar no campo da espiritualidade.







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NOTÍCIAS COMENTADAS





O dia de ontem foi particularmente grandioso para esta nação. Foi com muita alegria que percorremos diversos logradouros públicos e pudemos constatar que o povo acorria muito satisfeito em busca de concretizar seu anseio de votar. Só bem à tardinha é que a vida retornou ao seu normal e aí pudemos observar que os aglomerados eram muito extensos, capazes de produzir as habituais vibrações. Era de ver como os humanos estavam rejubilando-se por terem exercido o direito do voto, quais crianças a receberem seus presentes de Natal. Hoje, o dia se apresenta pleno de expectativa pelo resultado das urnas e podemos verificar que nem todos ostentam suas fisionomias alegres como na véspera, pois, onde, de uma pluralidade, se devem colher apenas dois, é altamente frustrador para os que deixaram de acertar nos mais votados.
Mas, voltando ao dia de ontem, queremos acrescentar que aquele velhinho teve seu reconforto atingido e está sentindo-se bem melhor, mesmo porque o seu candidato, tudo leva a crer, está entre os mais votados. Graças a Deus!
Temos informação mais triste para dar: apesar de todo o esforço, não sabemos ainda por que razão não foi possível sufocar rebelião em país vizinho e forças armadas se digladiam sem trégua, como se o objetivo da vida fosse tão-somente guerrear para obter o poder indivisível. No mais, as equipes socorristas estão em atividade normal, calejadas que são no amparo dos necessitados e no socorro às vítimas indefesas do vício e do crime.
Ainda agora, recebemos a recomendação de comentar os sucessos de ontem do ponto de vista moral. É que muitos estavam desejosos de ganhos pessoais através do voto, uma vez que se acostumaram a, em tudo, levar vantagens. Eis que grande decepção os aguarda, pois, sem margem a dúvida, somos de opinião que nenhum governo do mundo, em época alguma, jamais pôde ou poderá oferecer a cada membro da população, regalias pessoais que venham a trazer progressos nas esferas individuais, sem que haja muito trabalho repartido por todos. Esse aspecto é deveras lamentável, quando percebíamos que muitos estavam realizando o ato de votar com a segurança de ato de puro valor cívico-patriótico. É pena que haja tanta incompreensão e ignorância.
Esperamos que o próximo governo ache modo de atenuar o sofrimento do comum da população e propicie à maioria, meios educativos que venham a resultar em mais luz e mais discernimento. Essas pessoas, coitadas, não saberão como encarar as diretrizes que, por certo, os novos governantes implementarão em seus atos de governo e repudiarão a própria ação de votar, em desesperança acrescida da dor da desilusão. Teremos para com esses indivíduos o máximo de trabalho que pudermos oferecer e pretendemos atenuar os efeitos do pessimismo que grassará no íntimo de muitos corações. Eis que se dá a nós a oportunidade de mais trabalho, onerado pois não exigido, pela reconstituição que, esperava-se, cada um realizasse em sua vida. Quem sabe, em futuro não distante, tenhamos à nossa disposição outros recursos socorristas que ainda não experimentamos e possamos dar andamento ao trabalho, com mais eficiência e aproveitamento?!
Não queremos estender-nos no trato desta matéria, que diz mais respeito a nós mesmos, mas fique o alerta, para que quantos possam ajudar o façam, reconhecendo o mal onde se alojar e pedindo, em fervorosas preces, o concurso dos espíritos de luz que estejam de plantão, à disposição para o auxílio solidário.
Que a fé no Senhor brilhe nos corações e que se mantenham bem atentos para não cair nesse mesmo embaraço que, qual traiçoeira armadilha, se situa na passagem de quantos sintam a frustração de não verem eleitos os seus candidatos.







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TRANSFORMANDO LUZ EM INTUIÇÃO





Na paz do Senhor viveremos, sempre que estivermos com o coração puro, propenso a confeccionar em amor os benefícios da solidariedade humana.
Estivemos outrora por aqui, adejando por sobre a cabeça do pequeno médium, e pudemos observar, do nosso ponto de vista de pintassilgo, que se esforça ao máximo para bem interpretar o pensamento que lhe chega, através das vibrações dos passes magnéticos, que os irmãos presentes insistentemente arremessam sobre ele. Que de dedicação e de trabalho! Quanta misericordiosa luz é espargida sem cessar, vinda de muito alto! Embora não a veja, deve sentir enorme prazer em poder contribuir, com seus esforços, para a concretização dos trabalhos psicografados. Hoje, temos mensageiros novos, ávidos por verem seus textos transformados em escrita e lidos por mortais necessitados de orientação.
Devemos adiantar que, sempre que um texto é reproduzido oralmente, através do conjunto de luzes que são emitidas, é possível atrair o autor para estar presente à leitura, de modo que tem oportunidade, se o desejar, de influir sobre os presentes, positivamente, no sentido de se fazerem mais claras as idéias contidas na mensagem, podendo até, em certos casos, interferir, solicitando pequenas alterações que possam traduzir, com mais fidelidade, os seus pensamentos. Para obter esse efeito, basta concentrar-se e encher o coração de fé e a mente de possibilidades recebedoras, após, evidentemente, solicitar o apoio magnético das entidades que participem do ato.
Sendo assim, torna-se propício o momento para discussões proveitosas das idéias ali sugeridas, podendo os elementos reunidos aproveitarem-se do material fornecido, para a elaboração de planos de aulas de evangelização ou para palestras para grandes públicos, que sempre estão ávidos por conhecimentos desta natureza. Evidentemente, não vamos prolongar este estado de expectativa por nós criado em torno do aparecimento de espíritos superiores que pudessem, de per si só, satisfazer todas as dúvidas, uma vez que tais espíritos têm cabedal de conhecimentos de inestimável amplitude e profundidade. Caberá a cada um dos mortais desenvolver, através da meditação e do estudo, o seu grau de discernimento, pois nada advirá gratuitamente do céu, sem que haja necessidade de se proceder a esforço de concentração e a trabalho de profunda reflexão.
É daqui que nascem as intuições mais puras, capazes de realizar as transformações mais valiosas no âmbito da personalidade humana, orientando a vontade, para que o procedimento se faça coerente com o pensamento. Eis que é o momento de se juntarem os ensinamentos do Cristo a essas atitudes, para que se obtenham os resultados mais favoráveis ao desenvolvimento das virtudes capazes de reconduzir o rebanho ao redil.







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SENTIMENTOS MUNDANOS E RECONSIDERAÇÃO





Se não comparecêssemos a este encontro, estaríamos faltando à nossa palavra, pois deixamos claro a um dos irmãos da roda que viríamos, atendendo à sua solicitação, deixar, também nós, mensagem de muito amor a quantos, porventura, vierem a tomar conhecimento deste texto.

É com muita amargura que estamos a constatar penosa situação em que se encontram diversos amigos nossos que deixaram de cumprir seus deveres de solidariedade para com seus vizinhos, para com seus parentes e para com seus companheiros de profissão e de farda. São elementos situados em altos níveis da escala militar e têm chamado para si altas responsabilidades, que envolvem muitas pessoas que se encontram engajadas nas fileiras das forças armadas. Temos a constatar, e é com pesar que registramos, que existe conluio para afastar do poder aquele que, por escolha e vontade do povo, vier a ser eleito para Presidente da República. É de espantar a facilidade com que se referem a atos de rebeldia e a atitudes violentas. Não bastasse todo o sofrimento causado pela miséria, deverá ainda o povo sofrer mais essa ameaça, mais este vergonhoso ato de ignomínia?!
Claro que existem, ao lado desses, poderosos elementos do lado de cá que estão a soprar em seus ouvidos tudo que deve ser feito para a consecução daqueles sanguinários e despudorados objetivos. Não temos permissão, contudo, para revelar toda a extensão e o poderio das forças envolvidas, mas podemos fazer referência ao ato em si, uma vez que é de domínio público que se encontram de prontidão todas as forças militares da nação.
É preciso ter consciência de que qualquer ato de rebeldia contra a vontade popular manifestada nas urnas será tido na conta de intromissão nos desígnios dos irmãos que permeiam entre os destinos humanos e as ordens emanadas do Alto, em nome do Senhor. Esses impulsos de cerceamento do poder popular serão cobrados no devido tempo, pois visam a retardar ainda uma vez o desenvolvimento do Brasil como nação autóctone, dona de sua soberania, incapacitando-o para a realização imediata de seu destino de nação avançada no campo do descortino moral e da fraternidade universal. Cada vez mais estão os brasileiros sujeitos à decisão de homens no poder que costumam utilizar-se de padrões violentos para conterem a verdadeira revolução, a sublevação pelo voto em que se empenharam os mentores do planeta. Não lograrão êxito, mas muito sofrimento poderão causar, se a tempo não forem contidos. É preciso, pois, levar ao povo esta mensagem de alerta, sem que fiquemos intimidados, para que todos possam estar de sobreaviso, ao ser deflagrado o movimento de injúria à soberania do povo.

Queremos deixar bem claro a todos que nosso brado de alerta provém de espírito angustiado, altamente envolvido no processo de recondução dos homens ao benefício da coletividade de Deus e muito ansioso por ver concluídos os misteres desses laboriosos cooperadores do trabalho divino, que diuturnamente partem para os mais diferentes e distantes lugares, para que suas tarefas redentoras logrem êxito.
Não se deve levar em conta a informação de hoje. Deve o encarnado utilizá-la como metáfora do desespero, como figura de retórica para ilustrar fato moral que faz vibrar a minha alma confrangida pelos insucessos de minha última encarnação. Tenho sofrido muito por ter sido perseguido pelos militares, que fizeram expatriar-me e morrer no exílio, longe de meus mais queridos entes. Agora, quando tenho a oportunidade de observar o desempenho do povo junto às urnas, temo que tudo venha a acontecer como há pouco tempo atrás, quando os soldados ocuparam à força o poder, matando e torturando, perseguindo e difamando os que pretendiam levar avante seus planos de reformas sociais.
O bom disto tudo é saber que posso, com segurança, receber influxo grande de vibrações positivas, que têm o condão de restabelecer o meu estado emocional, de sorte que estou apto a perceber quão errado estava com o fato de pretender insuflar idéias de rebeldia e de revolta, junto às pessoas que serenamente meditam sobre os fatos da vida e sobre os mecanismos da existência. Quero pedir perdão se, por acaso, deixei alguém perturbado com a notícia que dei.
Ficou claro para mim que tudo me foi permitido para que os irmãos da roda pudessem inserir em minha mente idéias de arrependimento e esclarecimentos oportunos a respeito de minha atitude vingativa e onerosa para o progresso de todos. Peço milhões de desculpas e prontifico-me a penitenciar-me da forma que me for determinada pelos irmãos doutrinadores aqui presentes.
Atendendo a solicitação do médium, quero esclarecer que, durante minha última encarnação, tive a oportunidade de freqüentar ótimas escolas e pude burilar o meu espírito, no sentido de desenvolver minha inteligência através do estudo detido de muitas matérias, embora tenha deixado de lado a mais importante: a que visa a atender aos princípios evangélicos, como me sussurra ao ouvido um irmão que se diz seu protetor e amigo.
Vou deixá-los, pois acho que aborreci demais e peço vênia para mandar um beijo, com muita saudade, a meus parentes e amigos, que ainda pranteiam o meu desenlace. Orem por mim!







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ENREDAMENTO MEDIÚNICO E DOUTRINAÇÃO





Não estou disposto a aceitar mais nenhum texto que não contenha mensagem de muita fé e esperança no trabalho que estamos realizando. Estou cansado de saber que existem pessoas em espírito carentes da proteção e dos cuidados dos irmãos socorristas que, agrupados, velam pela salvação desses irmãozinhos. Mas peço com insistência para me livrarem desse tipo de trabalho, pois me encontro adoentado e não sou mais capaz de captar direito os verdadeiros termos deste discurso. Acho que é chegada a hora de parar, pelo menos por agora, para que vocês tenham tempo de refletir e de elaborar outras mensagens, com mais discernimento e mais luz.
Graças a Deus, estou tendo oportunidade de manifestar meu desagrado e espero vir a ser atendido com toda a presteza. Sei que está parecendo mesmo que não sou eu quem está redigindo este texto, pois mais parece alma penada e desvairada do que o meu pensamento de médium. Mas terei bastante paciência e prosseguirei até que atendam aos meus pedidos mais íntimos de que venham a ser ouvidas batidas sobre ou sob a mesa, para revelar, em materialização, qual o segredo ou qual a mística que está por trás disto tudo.
Não há mais mistério para mim, pois sei que é meu inconsciente quem determina os assuntos que se constituirão em temas para estes escritos e é minha a capacidade intelectual e motora para redigi-los com palavras convenientes, cheias de adjetivos sacrossantos, de termos extraídos de textos semelhantes que, desde alguns anos, venho lendo, principalmente os da doutrina pura, organizados e publicados por Allan Kardec, bem como os de moralidade e de comportamento, psicografados pelo médium Chico Xavier.
Mais que nunca, pleiteio que seja também atendida a minha formulação maior: que apareçam espíritos de categoria, como os de Emmanuel ou de André Luís, os quais evidenciarão, com toda a nitidez, que não se trata de fenômeno anímico, como bem estou desconfiado, mas simplesmente de verdadeiro contacto com entidades do plano da realidade superior.
É interessante notar que este ditado está sendo escrito com a maior rapidez possível, o que vem a demonstrar, cabalmente, que tenho total responsabilidade pelos textos que estou, há algum tempo, atribuindo a espíritos ou entidades desencarnadas de um tipo qualquer, cuja forma, estrutura e função não posso aquilatar.
Estou, portanto, sendo bem honesto e encontro-me esperando explicação plausível, inclusive para este texto que estou escrevendo e que me parece desafiador de quanta verdade possa existir na doutrina espírita. Mais tarde, evidentemente, poderei submeter estes trabalhos de todas as tardes à apreciação, à análise e à crítica de médiuns mais desenvolvidos e de pessoas mais inteligentes. No entanto, o que estou a solicitar é pouco, diante do muito que é a existência humana.
Já que nenhuma resposta estou obtendo, vou escrever o que penso a respeito disto tudo: trata-se de grande mentira. Sou eu mesmo que estou inventando teorias e situações, de sorte que possa projetar meu sucesso no seio de minha família e, quem sabe, mais tarde, divulgar junto à imprensa, de modo que todos venham a me admirar e concorrer para que obtenha sucessos cada vez maiores e possa fazer nome de glória, não afastando ainda a hipótese de vir a ganhar muito dinheiro através deste trabalho, além, é claro, de comover as pessoas, especialmente do sexo feminino, que passarão a me adorar e a bajular o meu ego, fazendo com que me sinta cada vez mais realizado em todos os meus objetivos de glória, de enriquecimento, de êxito social e amoroso.
Eis aqui o resumo e a crítica destes meus últimos dias, após ter-me aposentado, como sempre disse, em vida. Muitas vezes tive oportunidade de censurar as pessoas que vinham aproveitando-se do fato de não serem vigiadas para poderem flanar, sem nenhuma responsabilidade pelo trabalho que faziam. Agora, estou empenhado em realizar os mesmos feitos. É por inveja, naturalmente. E já que estou a me censurar, confessando os meus pecados, aqui vai mais um, o da sonegação da benquerença a quantos estiveram a meu lado, pois tenho defeito irrecuperável: sou extremamente egoísta e superiormente despótico. Jamais tive qualquer ato de comiseração para com qualquer pessoa de meu relacionamento. E também sou muito preguiçoso, pois estou entediado com este longo texto em que faço análise de consciência.
Evidentemente, estou a perceber que o texto partiu de censura aos outros e acabei retornando à análise de minha personalidade. Quero deixar bem claro que não tenho nenhum vexame de confessar que meus objetivos eram e sempre serão os de enganar, de ludibriar a boa fé dos leitores, a começar pela minha esposa, que está a passar a limpo estas páginas, bem como meus filhos, que devem ler com atenção, especialmente a minha filha, a quem anteontem ofereci à leitura texto que, aparentemente, vinha do Alto, de espírito que estivesse interessado em manter relacionamento mediúnico.
É mais do que ser falso. É quase ser idiota, pois tal falsidade se voltará contra mim, uma vez que estou perdendo o meu precioso tempo e não estou conseguindo chegar a resultado nenhum. Se a minha pretensão era enganar os outros, por que estou a revelar todos os meus segredos mais íntimos?! Acho que me esbagliei, como costumo dizer.

Bem, é hora de revelar que tentei induzir o médium a escrever mensagem que desacreditasse o próprio trabalho e verifiquei que tudo o que poderia ser demérito para ele, era para mim, que por aqui passei e fui conduzida e estimulada a escrever, sem que percebesse que estava totalmente cercada por espíritos que têm por si suas boas intenções. Vejo-me envergonhada de minha atitude e peço, humildemente, que me perdoem, por ter-me atrevido a induzir alguém a isso, principalmente tentando (vejo-o agora) inutilmente levar o médium a interromper trabalho que vinha sendo feito com muita propriedade e convicção.
A partir deste momento, estou pondo-me à inteira disposição dos amigos presentes e peço, com muita vergonha e insistência, que este texto seja inutilizado, pois falará muito mal de mim e deixará registrado que houve um dia alguém cheio de maldade que queria provocar desastre emocional, na pretensão de interromper trabalho mediúnico salutar.
Quero informar que tenho vindo observar muitas vezes o que se passa neste quarto, mas sempre achei muita bobagem tudo o que via. É que não via tudo, só o que me interessava; hoje, curvo-me à evidência de que o trabalho é sério.
Vou interromper minha escritura para dar lugar a um dos orientadores presentes, que me estimula a prosseguir, no sentido de solicitar a consideração de todos os presentes, e que pede para humilhar-me, fazendo prece de agradecimento pela oportunidade de revigoramento que me foi dada. Assim devo fazer, embora não tenha certeza dos benefícios que isto poderá causar-me.
..........................................................................
Já orei, com o amparo de vários irmãos, que depositaram as mãos por sobre a minha cabeça, e despeço-me muito arrependida pelo que fiz. Magoadamente.




Comentário



Claro está, caro amigo, que o texto anterior é de apoio ao trabalho de assistência socorrista que mantivemos para com o espírito da irmãzinha, que vinha para perturbar os nossos trabalhos. Fique sossegado que tudo está sob controle e não leve a sério as palavras dela, pois simplesmente fez vibrar, com nosso conhecimento e assentimento, algumas cordas de sua consciência, para que, no final, ficasse lição de humildade e de humilhação, necessária para quantos almejam atingir desenvolvimento mediúnico de qualidade. Ainda um dia chegará em que você terá possibilidade de confrontar-se com situações mais embaraçosas, pois, para passar para outros estágios de maior responsabilidade, é preciso vencer os liames de culpa que prendem os indivíduos às suas encarnações pretéritas. O reconhecimento das faltas, sua confissão, mesmo que seja no âmbito da consciência, é fundamental para que o espírito possa compreender todos os percalços a enfrentar, na superação de seus defeitos e no pagamento integral de suas dívidas. Ainda virá um dia em que, face a face com sua verdadeira personalidade, poderá obtemperar e considerar os verdadeiros objetivos de nossas palavras.
Fique em paz, irmão, e, se quiser, poderá queimar as páginas ditadas, mas lembre-se do conteúdo delas, para que venha a ser tema de suas meditações.
Queremos acrescentar que este dia foi muito produtivo, pois vários textos foram produzidos, ditados e registrados com perfeição, o que muito nos alegra, pois estamos cientes de não existem tema, assunto ou matéria que não possam ser trazidos, pois até um de caráter aparentemente pessoal foi apanhado com esmero e sem grandes preocupações, o que somente está a demonstrar o grau de confiança que você deposita nestas mensagens e em seu teor de moral elevado e de utilidade transcendental para a conclusão com êxito de nossa missão.
Foi bom ter ficado até um pouco mais, pois você se sentirá mais seguro e poderá ficar livre de pensamentos desajustados que o teor da última mensagem poderia sugerir.
Fique na paz do Senhor!







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ESCLARECIMENTOS, RECOMENDAÇÕES E PRECE





Mais uma vez comparecemos a este tugúrio para declaração de vontade espiritual. É bom lembrar que tais manifestações têm o elevado objetivo de transposição de idéias captadas no espaço, nas esferas de direcionar e orientação, e são mais ou menos fielmente adequadas ao espírito humano, na medida da sua capacitação intelectual, emocional e moral.
Não seria desejável retransmitir in totum os roteiros que nos descem dos círculos que se situam imediatamente acima de nós, porque, por um lado, nós mesmos não estamos aptos a traduzi-los em sua integridade e, por outro, os humanos, presos à sua condição peculiar de encarnados, tendem a interpretar os dados maliciosamente, segundo seus interesses particulares; aliás, nem poderia ser de outro modo, já que sua conformação impede vôos mais elevados, que possam situá-los fora de seu âmbito terráqueo, encarcerados que estão em matéria de caráter extremamente sólido e nada transparente, no sentido de que qualquer esforço fica barrado pelos sentidos humanos, como os da visão, audição, olfato etc.
Assim, com o único recurso da imaginação, fundamentada em bom domínio da matéria, através do raciocínio e com apoio em memória relativamente esclarecida, pode o homem adentrar alguns ensinamentos mais simples, mais adequados à sua natureza. Mais tarde, quando forem produzidos fenômenos mais específicos por parte dos espíritos, em sessões especialmente montadas com esse objetivo, poderemos dar algumas demonstrações alusivas aos mandamentos de ordem superior. Por ora, vamos ter de enfrentar as dificuldades próprias da falta de mecanização mediúnica e vamos transmitindo algumas noções bem superficiais, pinçadas do todo maravilhoso de que dispomos.
Baste-nos ficar perlustrando o caminho do bem, que já é suficiente para incentivarmos os homens a grande melhora no campo da regeneração espiritual. Se cada um pudesse compreender o que esperamos dele, poderia adquirir sólida certeza dos compromissos que o encarne promove. Fiquemos atentos quanto aos aspectos intelectivos desse aprendizado, ou seja, seu descortino, seu domínio, sua apropriação e integração à personalidade de cada um, que deve dar-se através de sério estudo e de meditação aprofundada dos temas que são enviados através de inúmeras mensagens, que, por toda a parte, estão sendo disseminadas através de médiuns experts em seu ministério de amor.
Vamos um pouco mais além: é preciso estabelecer, desde logo, equilíbrio emocional baseado na disposição espiritual favorável que é provocada pela confiança que cada ser deve depositar nos três elementos da teologia formal: a fé, a esperança e a caridade; fé na divina palavra do Cristo, que realmente se sacrificou para a salvação dos homens; esperança em porvir de glórias espirituais, que nos revelarão em júbilo a grandiosidade da criação; caridade, para que possamos acumular méritos pessoais de ascensão a círculos cada vez mais avançados moralmente. Eis que tudo ficará mais fácil para os seres humanos. A dor, que tanto nos apavora, será enfrentada com denodo e espírito aberto, pois evidenciará que estamos sendo colocados à prova e que, uma vez superada, somará mais créditos para o nosso avanço evolutivo.
Não teríamos mais nada a acrescentar senão o fato de que tudo deva ser realizado, evidentemente, com muito amor ao próximo e com muita oração, para que possamos obter os favores de desencarnados e encarnados, os quais terão para nos oferecer muito amor e vibrações positivas de caráter regenerador.
Vamos terminar, elevando aos céus mais uma prece de agradecimento por estes momentos de profundo recolhimento espiritual, cheios de promessas de ventura:

Pai, que dos céus nos ouvis, salvai a nossa alma dos perigos das tentações. Soltai o nosso espírito das cadeias que o prendem à maldade, à imperfeição, e fazei com que, inteligentemente, possamos compreender as vossas sacratíssimas leis, para podermos aplicá-las, com benemerência e eficácia, para nosso benefício e do próximo. Não nos afasteis, contudo, das nossas provas e deixai-nos em condições de superá-las, por vosso amor e em vossa honra e glória. Sabemos, Senhor, que muitos caminhos teremos de percorrer até encontrar a augusta estrada de nosso destino final. Mas não nos desampareis nas horas difíceis de decisão e esclarecei o nosso espírito, para que, com toda a lucidez, possamos empreender a caminhada mais certa e segura, seja na dor das provas, seja na alegria da superação dos males.
Sabei, Deus e Criador nosso, que nos pomos a vossos pés, para rogar-vos toda a proteção para o povo brasileiro, que muito necessita dela nesta hora de angustiosa expectativa, e insuflai-nos no coração as virtudes mais excelsas, para que bem possamos compreender os vossos desígnios. Seja, pois, Senhor, feita a vossa vontade em todos os lugares e, especialmente, dai a todos nós o poder de superação, para que bem possamos proceder para fazermos jus aos méritos necessários ao progresso.







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VINTE ANOS DEPOIS





Será que há lugarzinho também para mim, pequeno ser das esferas espessas que envolvem a Terra? Eis-me aqui propondo-me a trabalho que talvez fuja de minhas forças e capacidade. Mas estou sendo empurrado para falar algo, a fim de que possa esquecer a minha timidez e me ajuste a todos com o brilho que sou capaz de emitir.
Em minha passagem pela Terra, produzi trabalhos de miniatura, por isso estou conduzindo o irmão médium a escritura bem pequenininha. Não quero com isso causar nenhuma dificuldade; é que me identifico mais comigo mesmo se conseguir manifestar-me como estava habituado.
Venho com o intuito de trazer algum conforto a alguns familiares, que muito prantearam o meu passamento. O meu nome é Geraldo (o sobrenome estou impedido de declarar) e tenho estado muito aflito com a possibilidade de reencontrar os meus em dificuldades de ordem financeira e em desespero moral e material. Contudo, espero que venha a ser ajudado por pessoas e seres caridosos, pois de há muito tempo não tenho notícia alguma de ninguém.
Por tempo indeterminado para mim, sofri internado em instituição de saúde, onde, depois me disseram, passei cerca de vinte anos. Assim, suponho que os meus filhos estejam homens feitos e vivam suas vidas com companheiras e familiares. Não sei onde possam estar, por isso estou pedindo para que sejam localizados, que providenciarei meios para o reencontro. Em vida, estive muito ligado a eles e à minha queridíssima esposa, de quem fui fiel companheiro e delicado amante. Hoje, de ninguém tenho notícias e isto me confrange o coração até às lágrimas. Sei que devo confiar em Deus e sei que estou sendo muito amparado e protegido. Mas tenho medo por eles e gostaria de poder vir a auxiliá-los, caso estejam em dificuldades. É tudo.
Só uma palavra de agradecimento ao médium, que, com tanta paciência, aturou minha rabugice e buscou interpretar, com segurança, o meu pedido. Se puder fazer alguma coisa por ele, estou inteiramente às ordens. Fique em paz, irmão, e siga seu caminho de luz, na paz do Senhor. Amém, Jesus!




Comentário



É preciso esclarecer que o irmão Geraldo foi ajudado de acordo com o seu pedido e está indo em direção a seus familiares, que se encontram não longe daqui.
Esperamos se compreendidos quando dizemos não longe daqui. É que se trata de nossas distâncias, não de referência às medidas adotadas na Terra.
Quanto à forma de escrita, demos a ele oportunidade de operar o instrumento mediúnico, mas não deixamos de influir em sua conduta, pois encontrava-se imensamente emocionado e quase não conseguíamos trazê-lo. Foi de todo útil e louvável a atitude do médium de se prestar àquele tipo de manifestação, pois foi mais um treinamento a constituir-se em mais uma lição aprendida.







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IMPRUDÊNCIAS





Eis-me aqui de novo para mais uma reclamação. Não tenho podido sair com as "minas" por aí e estou ficando de "saco cheio", na mais literal expressão da palavra. Quando é que poderei "disseminar" por aí minhas "virtudes"? Não espero muito deste grupo, que procura controlar minhas expressões e fazer de mim escravo de sua vontade.
Em vida estive sempre muito livre e podia jogar em muitas posições. Agora existe aqui um "técnico" rigoroso, que fica colocando aspinhas em todos os termos a que estou acostumado. Acho ridículo ter de escrever assim e rio-me ("Ah!, ah!, ah!, ah!") desse a que está logo acima e mais ainda do rio-me. Não sei como alguém possa ser tão "quadrado" (de novo as aspas — é incrível!), que não veja que está cerceando (bonito!) o mais puro e natural desejo de um homem. Sei que minhas estruturas estão bem diferentes, mas ainda estou munido (pode escrever desse modo que já não me importa mais) de um belo membro, para ficar aqui perdendo tempo com baboseiras.
Sei que este texto está sendo escrito e que será lido mais tarde. Mas não me importo nada com isso. Será que as pessoas que o lerem terão coração tão fechado ao perdão que não serão capazes de entender o mais natural dos desejos humanos?!
Estão assoprando-me aos ouvidos que não estou mais na condição de encarnado. Que isto tem a ver? O homem não foi criado à imagem e semelhança de Deus? Então, por que cargas d água não posso eu, que também sou criatura dele, exercer atividade inerente (bonito!) a todo ser humano?! Não sou mais humano, no sentido de caminhante das estradas da vida? Terrível! Que coisa sou, então? Um espírito? Desencarnado? Que é isto afinal? Fui traído! Já não tenho mais possibilidade de ejacular? Como é isto, então? Fui enganado, pois me disseram que tudo era igual dos dois lados, que o paraíso era bom e que o inferno estava cheio de "minas". Não posso mais fazer barulho? Por quê? Quem me impede? Já não tenho mais liberdade? Por quê? Não consigo compreender. Não sei o que se passa...




Comentário



A partir deste momento fica o médium liberado do obsessor. Trata-se de rapaz muito jovem, extremamente forte e bonito, que deixou a carne há poucas horas, vítima que foi de descuido ao dirigir sua moto, quando estava à procura de aventuras sexuais. Por isso, tinha no pensamento as idéias do momento do acidente. Em vida, ao que parece, teve muitos recursos e facilidades para divertir-se. Coitado! Vai ter agora surpresa bem desagradável, quando perceber que, de tudo que fez, pouco se aproveitará. Contudo, não temos muito a acrescentar, pois chegou há pouco tempo e sua vida pregressa não é do nosso conhecimento. A mais não nos atrevemos em nossas conjecturas.







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BATE-PAPO





Falaremos um pouco a respeito de nossa equipe. É o irmão Marcelo que se manifesta em nome de todos. Em primeiro lugar, não existe aqui um chefe. Quando escrevemos Marcelo e equipe, é mais para facilitar do que por razões hierárquicas de poder ou ascendência espiritual ou moral. Temos, contudo, diversos graus de desenvolvimento entre os membros do grupo.
Somos mais de quarenta e estamos divididos em pequenas facções, que se destinam cada qual a uma especialidade. Não vamos adiantar a especificidade de cada atribuição, pois não estamos interessados em revelar os segredos de nossa estrutura. Que lhe sirva saber apenas que os grupos têm muita harmonia interna e estão interligados nas tarefas socorristas e de manifestações mediúnicas que nos foram autorizadas pelos nossos mentores e guias (nossas autoridades superiores, como você queria escrever).
Entre nós, existem especialistas em medicina terrestre, em arquitetura e urbanismo e ainda muitos operários e artesãos. São homens e mulheres em número equivalente, embora se saiba por todos (construção arcaizante) que sexo é coisa de encarnado e não temos nenhum medo de confessarmo-nos submissos a esta ordem de coisas, pois são inúmeros os problemas que são evitados, principalmente de ordem moral e mental.
Estamos usando vários aparelhos mediúnicos, em diversas localidades, especialmente em centros espíritas, através da manifestação por via oral, pois são muitos os irmãos que necessitam ser encaminhados para orientação e doutrinação de caráter primário e secundário.

Neste momento, está aproximando-se a pé de sua casa ser mui querido — sua esposa, D. Núria, ser maravilhoso, que muito tem a oferecer a todos em sua caminhada de muita luz na proteção aos pequeninos e na orientação aos adultos. Não tenha medo de escrever, pois os elogios são para estimular o trabalho que vem realizando ao transcrever as nossas mensagens, com muito amor e dedicação. Vá até ela e lhe transmita o nosso mais carinhoso abraço de agradecimento e ore com ela a oração dominical, para que vocês, em conjunto, possam vibrar em amor pela paz de todos nós.
Até mais ver, irmão, e não fique triste conosco por termos tão cruelmente tratado de você nesta tarde. Você agüenta!
Quanto ao humor que, repetidamente, você nos pede, saiba que temos as nossas horas de alegria e de felicidade, que não são baseadas em palavras mas em sentimentos. O que mais nos comove, até às lágrimas, são as preces e as confissões pessoais. A alegria é intensa e imediata e o céu fica todo colorido com as mais variegadas luzes, que cada qual deixa expandir de si e que se misturam com as que dos círculos superiores descaem.
Quanto ao humor, no sentido terráqueo do termo, esse nós evitamos, pois quase sempre o homem ri de situações em que outros seres ou pessoas são colocados em posição de inferioridade. Se você quiser, poderemos ditar alguns textos em que tal humor seja conectado, mas não espere nenhuma malícia ou maldade, pois não é próprio de nossa natureza o chafurdarmos a desgraça alheia, fazendo-a de mote para risos desequilibrados e em desarmonia com os mandamentos do Senhor.
Eis tudo, amigão. Receba abraço da equipe e volte com a freqüência habitual. Não se perca por pensar em que, se você deixar de comparecer um dia ou dois, esteja em débito para conosco. Engano. O nosso trabalho é muito vasto e, quando não estamos atendendo aqui, estamos realizando missão mais além.







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ROTEIRO DA TRANSMISSÃO MEDIÚNICA





Esta leitura se destina à obtenção de informações mais amplas no campo do magnetismo espiritual. Indubitavelmente, não está o médium devidamente preparado para enfrentar todo um aparato de termos técnicos capazes de traduzir com máxima precisão todos os nossos, mesmo porque não existem palavras aptas a explicar todo o instrumental conhecido por nós. Entretanto, buscaremos, na medida do possível, relacionar os nossos objetos com outros criados pelos homens que possam guardar alguma semelhança ou de estrutura ou de função. Quando não, poderemos ainda sugerir palavras que lembrem formas parecidas ou meramente análogas. Vamos, então, iniciar.

Quando um aparelho mediúnico necessita estar sob controle, o mentor espiritual deve concentrar-se, para que suas energias possam ser liberadas. A natureza dessas energias é tradicionalmente conhecida como a das ondas magnéticas de pouca intensidade, ou seja, têm curta dimensão mas atingem distâncias muito grandes, quando livremente percorrem o espaço. Sendo assim, torna-se possível reunir grupo de espíritos que se encontram dispersos, mas que são capazes de captar a vibração na mesma faixa de onda. Por conseguinte, obtém-se grupo homogêneo, cujos objetivos se eqüivalem, e dessa reunião resulta poderio bem superior para o desenvolvimento dos trabalhos.
Mais tarde um pouco, quando os princípios estiverem definidos e cada qual tiver determinado o grau e o nível de sua participação, pode o grupo partir para seus campos de experimentação, necessitando, então, escolher médium ou grupo de médiuns que estejam disponíveis e aptos para o trabalho em questão. A definição desses instrumentos de que nos valemos para nossas transmissões mediúnicas é rigorosa e justa, pois precisamos obter quota de colaboração desinteressada, que venha a coincidir, inequivocamente, com os nossos escopos e com os meios disponíveis pelo grupo.
Uma vez acertada essa parte importante, temos de ir atrás do aval dos espíritos superiores, a quem está resguardado o direito e o dever de dar o alvará para que os trabalhos se iniciem.
Aí, e só aí, damos começo ao contacto inicial com os médiuns escolhidos, que são trabalhados e orientados, quer através do sono profundo, quando seu desprendimento perispirítico é mais eficaz e nós podemos, quase, conversar sem perturbações, quer em vigília, quando temos a possibilidade de sugerir leituras adequadas ou contactos que estimulem vibrações de mesma natureza, como seja quando os indivíduos se encontram em sessões espíritas ou mesmo quando, em conversas, se sente estimulado a pôr-se à disposição.
É muito difícil o início, pois poucos são os que se dispõem a aceitar pacificamente a perda de momentos preciosos de suas vidas, em benefício de trabalho incerto, muitas vezes aparentemente frustrante, pois são muitos os que põem em dúvida a real possibilidade de entrarem em contacto com as entidades desvinculadas do peso da carne.
Em seguida à aceitação, tendo sido dado o assentimento através da configuração de se tratar de ato sério e de muita responsabilidade, aí passamos a fase muito delicada, que envolve espíritos e humanos, pois se trata de alertar para a possibilidade de virem a se conjugar espíritos sem qualificação, que desejam aproveitar-se da preparação inicial para infiltrarem-se junto às entidades em equipe, nos dois planos da realidade, o que viria a onerar sobremodo a realização dos trabalhos, segundo o projeto estabelecido.
Quando o aparelho de recepção estiver adequadamente preparado, iniciamos as transmissões, buscando, no princípio, captar as vibrações mais íntimas e consideradas mais importantes dos médiuns, para poder emitir vibrações de mesmo comprimento de onda, para produzirmos a empatia necessária a para vibração em conjunto, o que dará ao instrumento receptor capacitação para apanhar as nossas vibrações e para traduzi-las, segundo o seu aparato psicofísico. Aí temos o começo das transmissões. Cada espírito vai situar-se em seu posicionamento predeterminado em derredor do médium ou dos médiuns, de forma que a transmissão terá um continuum necessário para a consecução dos trabalhos. A natureza das mensagens, por sua vez, vai depender exclusivamente do cumprimento dos dispositivos que se encontram firmemente delineados no planejamento aprovado anteriormente.
É assim que se dá, em nosso meio, a transmissão mediúnica. Como se vê, não é tarefa simples, pois exige inúmeros especialistas em vários campos: um de genética humana, outro de conhecimento dos princípios evangélicos, outro de política e filosofia, mais um de fisiologia dos campos magnéticos, portanto, relacionada à física, não no sentido terrestre, mas na concepção de além-encarnação, mais diretamente ligada aos fenômenos perispiríticos. Ainda agora estamos convivendo com problema desta natureza, pois, apesar de toda a boa vontade, o médium está estreitamente ligado a este texto, já que sua curiosidade neste campo extrapola os limites da simples captação da mensagem, o que nos obriga a manipular meios especiais de magnetização no campo perispiritual e o especialista desse setor do grupo está fazendo o possível para manter conectado o canal de comunicação.
Pois bem, com todas as atribuições devidamente distribuídas, partimos para mensagens mais complicadas, o que faz com que os médiuns sejam mais exigidos em sua atenção e em seu desprendimento. Não são muitos os que se prestam a trabalhos de mais largo fôlego, a exigir predisposição que só se obtém junto a pessoas que se dediquem exclusivamente a efetuar esse tipo de missão. Não lhes prometemos, e não temos nenhuma possibilidade disso, conseguir avanço espiritual, evolução definitiva. Somente podemos oferecer um pouco de conhecimentos necessários para a ascensão rumo ao complemento da missão ou da provação, o que, de resto, qualquer leitor poderá obter, bem como a certeza de que haverá restauração magnética do perispírito, através dos nossos passes e das nossas preces. Mais que isso não obterão os irmãos receptores, a não ser a convicção de estarem engajados em trabalho dignificante e muito proveitoso para quantos nele se envolverem com o coração puro, cheio de benemerência e de vontade de auxiliar o próximo. Graças a Deus, neste aspecto, estamos sendo felizes em vários setores, pois temos encontrado penas ágeis e vozes diligentes, que não se cansam de atender aos nossos rogos.

Quanto à terminologia, não foi preciso utilizar vocábulos muito especializados, pois, quando vimos o temor que causávamos, resolvemos dotar nossa mensagem de outro teor e minimizamos o aparato técnico. Fica para outra ocasião mensagem mais elucidativa no campo da tecnologia mediúnica. Não nos preocupa, de modo algum, estar a citar textos de outros autores. Se os amigos leitores quiserem informações técnicas mais precisas, obras existem de grande qualidade que tratam, com total seriedade, destes temas, dentre as quais se destaca, evidentemente, a obra Mecanismos da Mediunidade (pelo espírito de André Luís; psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira), bem como as obras básicas de Allan Kardec O Livro dos Médiuns e O Livro dos Espíritos. Além destas, várias obras de Rochester tratam, com grande profundidade, de temas concernentes aos ambientes em que se dão as transmissões mediúnicas.







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PONTO (TESE)





Eis-nos aqui para prestar oportuno esclarecimento ao jovem leitor que teme ter de votar em candidato de extremas esquerda.
Não devem os eleitores agir precipitadamente, segundo suas tendências psicológicas mais à flor da pele. Devem meditar com muita propriedade a respeito do desenvolvimento da nação, sobre quais as atitudes governamentais mais adequadas para promover o progresso de todos os setores da sociedade, principalmente daqueles estagnados por séculos de exploração social do homem pelo homem e por espíritos gananciosos, que se esquecem de (ou que ignoram) sua condição maior de criaturas de Deus, e, portanto, dotados de necessidade existencial que extrapola os limites do simples interesse individual, no sentido da obtenção para si de bens e riquezas perecíveis e desprezíveis.
Hoje, mais que nunca, devemos, todos nós, erguer preces a Deus e pedir, com veemência e com confiança, que nos oriente na escolha do melhor governante, daquele que trará condições inequívocas de incrementos valiosos, no sentido de dar a cada um recursos de desenvolvimento, tanto na esfera material quanto para o setor espiritual.
A espiritualidade inteira a quem está afeto guiar os destinos deste país abençoado preocupa-se com o resultado das eleições e busca influenciar, naquilo que podem, os corações humanos a verem, sem temer, decisão de esquerda que leve ao poder aquele metalúrgico de Garanhuns, que conquistou o direito, através de muito trabalho de inúmeras pessoas encarnadas e de espíritos guardiães, de comandar legião de pessoas na nova estruturação social em que se inserirá a sociedade brasileira. É, pois, ponto pacífico que será o nosso Presidente, como está programado, já que é integrante da falange que foi enviada à Terra nesta geração, para estabelecer princípio de regeneração para todos os que estão ou vierem a encarnar-se nos próximos anos.
Não fiquemos, por isso, assustados com as perspectivas de mudança e de alteração dos rumos sociais. Precatemo-nos quanto aos que quiserem embarcar na última hora, com objetivos outros que não sejam o bem comum. Evidentemente, muitos serão tentados a organizarem-se, de modo que possam obter favores especiais que venham a manter a situação atual. Mas a maior parte dessas pessoas tenderá a procurar o outro candidato, menos afinado com as transformações sociais de base, necessárias para que o Brasil possa vir a ser considerado nação realmente consagrada a porvir de maior grandeza e magnitude. Essas pessoas não pesarão na balança dos compromissos do primeiro e ficarão a distância dos acontecimentos, torcendo, evidentemente, os fatos, para que não se obtenham os avanços planejados. Mas serão devidamente contidas pelos militares, que, finalmente, compreenderão, inspirados que estão sendo pelos amigos da espiritualidade, que as forças de esquerda trarão a paz, a harmonia e o desenvolvimento necessários para o efetivo crescimento da nação como um todo, principalmente no que diz respeito ao resgate que é preciso fazer dos pobres e dos oprimidos.
Pode parecer que estamos defendendo tese própria, pessoal, mas, na verdade, estamos somente introduzindo, nesta mensagem, a ideologia espiritualista que está em vigor no âmbito de influenciação positiva das entidades superiores que presidem e orientam a nação brasileira. Pode parecer que não fomos autorizados a assim proceder, pois estamos transmitindo estas idéias através de médium isolado, que trabalha sozinho, no fundo de sua consciência. Mas podem ficar certos de que assim se dará. Como se costuma dizer: "Quem viver, verá."
Mais tarde, com a divulgação destas mensagens, poderão os encarnados configurar em suas mentes, com mais nitidez, o que realmente se passa no universo, podendo discernir, com maior precisão, quais os níveis de relacionamento que existem entre os dois planos da realidade e poderão ficar mais seguros e tranqüilos, quanto ao seu futuro e quanto ao destino da Pátria.
Vamos deixar frase relativa ao espírito humano, que nos provoca o mais profundo respeito, ao considerarmos que todos nós estamos embarcados no mesmo navio e singramos os mares da vida em cruzeiro de mesma dimensão e de mesmo quilate. Aos poucos, irá o homem compreendendo a sua real presença na Terra, as suas necessidades, a sua capacitação e o seu livre arbítrio, para considerar que também nós estamos sob as mesmas leis e temos igual amparo das forças do bem, que se enquadram, evidentemente, nas hostes augustas do Pai, em sua eterna presença junto a cada uma de suas criaturas.
Nada mais acrescentaremos, apenas a confirmação do que dissemos, para que a nação progrida em Deus: junto aos homens, há a necessidade de se promover eleição de muito amor, de fé e de esperança na qualidade superior da entidade que se encarnou para reger o destino de tantos brasileiros, que se encontram desamparados pelo poder público civil e militar. Neste passo em que vamos indo, breve chegaremos à conclusão de que certos sempre estivemos em dar o nosso mais incondicional apoio às forças da esquerda, a quem estão reservados os destinos de governar em favor de quantos, miseravelmente, se viram oprimidos pelas forças operantes, que desencadearão reações de vingativos desforços para a promoção de alentado e corajoso entrevero, do qual sairão vencedores os que, desbragadamente, se puserem contra os poderosos de hoje e os oportunistas de todos os tempos.
Mais além, poderemos divisar em nosso horizonte nascer de sol cheio de promessas de justiça social e poderemos enxergar, cada vez com mais precisão e nitidez, que estamos sendo beneficiados pela luz emanada da Divindade e catalisada pelo nosso mestre e senhor Jesus, o Cristo, que nos ampara e protege e que a nós dará os recursos necessários para superação de todo o mal.
Graças a Deus, irmãozinho, estamos chegando ao fim! Façamos, todos juntos, prece de agradecimento ao Senhor, por nos ter oferecido a oportunidade de esclarecer nosso ponto de vista, em razão da obtusidade que certas forças ditas religiosas querem incutir no espírito do povo, para manutenção do poder das mesmas pessoas, quaisquer sejam os ramos em que estão atuando. Nossa prece poderá vir a ser o cordão que nos unirá em luz, para que possamos, com um só pensamento, confraternizar-nos em torno do nosso ideal maior de render homenagem a Deus, pois se aproxima a hora de relembrarmos aquela frase definitiva: "Glória a Deus nas alturas e paz na Terra entre os homens de boa vontade!", dado que se avizinham as comemorações natalinas, que este ano terão acréscimo de júbilo com a vitória nas urnas dos progressistas e a obscurantização dos retrógrados e dos malfeitores, que pregam a dissolução social em benefício próprio.
Esperemos em Deus que não demore muito para que também estes se integrem no conjunto dos brasileiros, convictamente, e serenamente possam compartilhar da felicidade comum que a todos está reservada, sem distinção de cor, de credo, de raça ou de posicionamento social. É cedo para cantarmos vitória, mas, com o amparo das forças do bem, temos certeza de que o Pai não nos desamparará e nos dará luzes capazes de nos fazer distinguir o certo do errado, na busca incessante que todos devemos proceder para atingir a nossa rota e para nos defrontarmos com o bem maior.







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CONTRAPONTO (ANTÍTESE)





Não se perca a juventude, na travessia de suas vidas, buscando ficar apenas realizando as expectativas materiais que delas se espera: casamento, criação de filhos e realização profissional. É preciso mais: é preciso ir fundo na conscientização do evangelho, para que tudo o que se faça na crosta do orbe possa vir a ser considerado na somatória final de uma vida que deve estar voltada para as realizações maiores de ordem espiritual e moral. Enquanto o homem prosseguir perdido em sua jornada, elegendo os bens materiais como os de maior sucesso, os que produzem mais satisfações, não poderá experimentar a alegria mais profunda do realizar o bem, do proceder com orgulho na complementação de suas conquistas espirituais mais profundas.
Dia virá em que o que estamos propugnando será conhecimento corriqueiro. Hoje, entretanto, não são poucos os óbices que se antepõem diante da elaboração de vida plena de valores espirituais e morais calcados nos ensinamentos do Cristo, em seu evangelho de amor. Mais tarde, no entanto, é o futuro; o que nos importa agora é a manifestação de carinhoso apoio que temos de dar a quantos venham a ler esta página, na expectativa de sermos compreendidos e seguidos, de sorte que possamos, nós mesmos, rejubilar-nos com tal conquista, que mostrará que também nós estávamos navegando nas águas do Senhor.
É tarde agora para retroceder; é preciso prosseguir na luta e apanhar do chão a lança partida, para empreendermos novas batalhas em prol da aquisição de posições mais avançadas na guerra maior que travamos contra o mal e contra as tentações. Ainda que não tenhamos certeza do ponto evolutivo em que nos encontramos, ainda assim asseguremo-nos que temos diante de nós toda uma estrada de muita luz para trilhar e fiquemos, sempre e cada vez mais, entretidos em descobrir qual a verdadeira virtude que nos dará segurança para encetarmos a caminhada final a que nos destinamos quando para esta jornada nos oferecemos. Ainda que a glória de Deus possa parecer longínqua, ainda assim não desanimemos e busquemos consagrar-nos ao trabalho redentor, com muita avidez de santidade. Se flutuamos sem compreender com exatidão quais as nossas necessidades e quais os entreveros que temos pela frente, saibamos, entretanto, que a nossa salvação se dará, se ao lado estivermos do Cristo, em contínua busca de realizações de ordem espiritual e moral, crentes de que não nos desamparará e estará atento para nos auxiliar, sempre que estivermos ao pé de algum deslize.
Entrementes, devemos ocupar-nos em revelar a nós mesmos quais os nossos desejos mais íntimos, para podermos analisá-los à luz do evangelho e para podermos avaliar, com muita precisão, suas qualidades ou defeitos, incentivando uns e desfazendo os outros, mesmo que seja à custa de muito sacrifício pessoal, de muita luta e de muita prece. Ainda agora, temos a impressão de estar imersos em mar de confusão e de angustiosa ignorância dos fatos que nos perpassam pela mente. É preciso, então, adquirir a clareza necessária para discernirmos quais as nossas reais condições e necessidades, para estabelecermos os remédios mais eficazes, para que os males que nos afligem possam vir a ser debelados com precisão e extirpados definitivamente de nossa imperfeita personalidade.
Para tudo isso existe meio de superação: a prece comovida, a oração meditada, o recolhimento e o exame. Nestas circunstâncias, poderemos organizar a nossa mente e definir, com extrema clareza, quais os pontos a serem atingidos, através de lista gradativa de atitudes que possa consignar todos os atributos necessários para a superação das deficiências e para a conquista de melhoramentos cada vez mais próximos da perfeição. Aí teremos meio seguro de enfrentar os males maiores que se insinuaram junto ao âmago de nossa personalidade e teremos recursos para debelá-los e afastá-los de vez.
Procuremos respeitar as idéias, mas o caminho é e sempre será o da análise da consciência e da busca do lenitivo da dor que oferecem os textos bíblicos mais sagrados, mui especialmente os que dizem respeito à passagem do Cristo pela Terra, quando pôde evidenciar todos os males e os respectivos remédios, no intuito de oferecer aos mortais roteiro seguro para sua salvação, quer na cura dos males psíquicos, ou seja, relativos ao espírito encarnado, quer na salvação da alma imortal. Neste mesmo diapasão, harmonizam-se os acordes vibrados pelos espíritos mensageiros do Senhor, que, desde um século, não se cansam de emitir textos de muita luz, para que os que se desarvoraram na busca de si mesmos possam vir a conhecer os desígnios do Senhor, através da terceira revelação.
Eis que se descortina, finalmente, para nós o motivo, a razão, a causa de nossos encarnes sucessivos, bem como as conseqüências, os efeitos das nossas atitudes: se com o Cristo, em evolução; se sem ele, em deturpação e em vilipendiação de missões frustradas. É bom, portanto, que estejamos atentos à configuração de nossos ideais, para que saibamos definir para nós mesmos estratégias de vida coadunadas com os princípios evangélicos do Cristo.
Graças a Deus, irmãozinho! Para terminar, elevemos o nosso pensamento a Deus em prece de agradecimento por tanta ternura esparzida por sobre todos nós, aprendizes da vida, mealheiros ínfimos dos bens do Senhor.




Comentário



Cada trecho teve um autor. Alguns são aprendizes, novatos, apaixonados políticos; outros são serenos, experimentados, calejados nas incursões por esses mundos da carne; todos, entretanto, amparados pela equipe, em seriedade total e em trabalho propício ao desenvolvimento das qualidades de mediunização.
Não fique preocupado com os textos: todos tiveram objetivos bem definidos e estão de acordo com os princípios estabelecidos para estes trabalhos, segundo a ordenação dos espíritos que procederam ao envio do necessário alvará.
Vamos integralizá-lo de novo, para que não haja perdas magnéticas e, se você quiser continuar escrevendo, faça ligeira pausa, para que as baterias possam ser recarregadas. Ou, então, fique em paz, pois estamos satisfeitos. Voltaremos amanhã, com novas mensagens e novos textos, os quais procuraremos compor com os elementos que haurimos das aulas que estamos recebendo nos nossos cursos e na aprendizagem vivida junto aos irmãos, enquanto percorremos em missão a face da Terra. Estamos desenvolvendo trabalho missionário de grande proveito, mas sabemos que, se formos com muita sede ao pote, acabaremos por quebrá-lo. Portanto, suspenda o escrito e contente-se em ter recebido várias páginas.







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RELIGIOSIDADE E PROCEDIMENTO





Deixe-se envolver pelo mistério. Não busque compreender o sentido último das coisas. Dia virá em que a revelação se fará completa e todos estaremos no reino de Deus, na companhia dos seres maiores da criação. Daqui até lá, muito pedregulho machucará ainda as solas de nossos pés na caminhada, na verdadeira peregrinação que a todos espera. Não se afaste da verdade possível ao seu entendimento, pois de muito é capaz a nossa intelectualidade. Não fique abismado ou surpreendido ao aprender as novidades espiríticas, se você ainda enxerga através das lentes deformadas de diversas religiões, mais interessadas em prender as pessoas via dogmatismo do que postular ganho real, efetivo, no domínio da benquerença e do amor ao próximo.
Dia virá em que verdadeiras hordas de espíritos baixarão à Terra, para enaltecer os mandamentos de Deus, na realização que se aguarda de inúmeras manifestações mediúnicas de livre acesso a todos os mortais. Agora, parece que esses fatos estão no tempo das cavernas, quando, no fundo de subterrâneos, se reuniam os homens para tratar dos temas proibidos de aparecerem à luz do dia, domínio de quantos mantinham o poder à força. Mas já encontramos muitos espíritos que põem em jogo, durante o dia, o seu descortino e que se oferecem às represálias verbais dos semelhantes encaminhados por pastores de seitas que não vêem além do descortino de sua fé.
É claro que a fé é importante, mas é preciso ainda mais: é necessário que cada pessoa medite profundamente a respeito de sua condição de encarnado e a respeito dos objetivos de sua existência como criatura, filha de Deus, projetada no mundo, para a concretização de imensa série de atitudes, de contatos sociais, de atos de justiça e de amor. Não que o homem investido de poderes religiosos não saiba, com exatidão, como proceder na orientação de seu rebanho. Muitos têm compromissos, no entanto, que transcendem à investidura de sacerdotes e vão além, na subserviência a predicados de pouco valor em função do espírito religioso, como são as relíquias, os votos, os apetrechos, as imagens, toldando a fé que deveria ser pura de coração e consciente de mentalidade. Muitos são os que se perdem na procura de satisfazer princípios meramente materiais, como conseguir tijolos para as igrejas, vitrais, velas, casas paroquiais, vestimentas e paramentos para os oficiantes etc. Muitos são os que se prendem exclusivamente a esses aspectos periféricos, sem adentrar com vigor o âmago do desprendimento religioso, necessário para o progresso no campo evolutivo da ascensão aos ganhos perenes, que são otimizados quando prescritos pelas entidades que regem os destinos do planeta.
Mais tarde se evidenciarão tais fatos, mas tememos que aí se tenha passado oportunidade de ouro, que deverá ser retomada e retomada, quantas vezes forem necessárias, até que se atinjam os objetivos da redenção. Portanto, tenhamos fé, mas não fé cega; fé que enxergue e ilumine; fé que se expanda de coração para coração e de mente para mente; fé com confiança no advento de realidade superior, quando do desencarne, ainda bem próxima da realidade em que vive o ser humano encarnado.
Pouca coisa muda após o desencarne. Há até mesmo o que não mude: a própria pessoa, em seu aspecto evolutivo. Se ganhou ou perdeu em sua derradeira encarnação, tal cômputo se dará automaticamente e a cada um reserva a misericórdia divina a compreensão dos erros e o esclarecimento da necessidade da reparação e do resgate. É assim que a divina justiça protege as suas criaturas, levando todos a julgamento mais do que exato, pois efetuado pela consciência de cada um.
Não se deve deixar levar o homem encarnado, portanto, por simbolismos e prefigurações elementares de pós-túmulo cheio de glória em paraíso fictício, criado para fazer fenecer todos os arroubos do desenvolvimento, pois capaz de prender o homem à idolatria que é gerada pelas manifestações exteriorizadas da fé. O importante é o recolhimento espiritual, é a prece dita no fundo do quarto, quando o homem está a sós com Deus e se apresenta a ele com sua consciência, imaculada ou pejada de erros, mas sem véus que possam disfarçar suas mentiras e sua malícia. Diante do olho de Deus, não há como fugir da verdade, pois dele não há escapar através de qualquer artifício. É assim mesmo que se passa quando do desencarne: o olho de Deus é inflexivelmente colocado diante da consciência de cada qual e aí ficarão bem claros quais os rumos que pautarão a futura conduta e quais os novos arremessos que se prescreverão, para que o indivíduo possa prosseguir com serena persistência no interesse de seu avançar moral.
Acrescentamos ainda idéia que não pode deixar de ser registrada, quando se trata de assuntar a respeito de religiões: a maledicência que cada um suporta, segundo as prescrições rituais que se obrigam a realizar. Procissões, missas, cabalas, sacrifícios de animais, confissões públicas e particulares são ritos que favorecem argumento de menosprezo da parte de quantos não se arriscam a externar da mesma forma a sua religiosidade. No entanto, ainda que tais manifestações de culto mereçam restrições, é preferível ater-se a alguma espécie de direcionar da atitude, em face do fervor religioso, a ficar preso a inconcebíveis teses materialistas, que alijam definitivamente a presença de um criador diante da criatura.
Aqui, sim, não podem os indivíduos segurar-se em princípios de restauração. Poderão até agir mui sensatamente e ter procedimento moral de alta categoria, entretanto, perdem, no cômputo final, pois deixam de ter oportunidade de efetuar preces de religação com entidades mentoras, que poderiam orientar no sentido da refacção dos liames, muitas vezes rompidos quando a pessoa erra nas considerações de ordem moral ou religiosa. É preferível, portanto, pautar a conduta pelos princípios de qualquer religião, a pairar distante de todas, buscando, simplesmente, vingar no plano da vida biológica, sobrepondo-se aos indivíduos os aspectos sociais, financeiros, políticos etc.
Quanto aos aspectos religiosos, é preferível buscar religião que permita aos seus adeptos e seguidores julgar, à luz da razão e através da procura científica, os fatos relacionados aos temas em discussão que possam constituir-se em pontos polêmicos, como, por exemplo, no caso da discussão bíblica de quando o homem foi colocado por Deus sobre a face da Terra, tema que, por muitos séculos, provocou inúmeras defecções no âmbito da Igreja Católica, por não ser admissível para o espírito dos mandatários que se pudesse objetar que a criação tivesse sido dada há tão pouco tempo. Casos como esse são reveladores de poderio material, o que, sem dúvida, se reflete no trato dos aspectos espirituais da religiosidade, fazendo com que os crentes dessa religião fiquem perplexos e passem a considerar tão-somente o que lhes é apresentado como verdadeiro, o que realmente não satisfaz aos mais comezinhos princípios da inteligência humana.
Sendo assim, uma religião poderá apresentar-se mais apta do que outra para o julgamento do homem comum, na satisfação de seus impulsos de religiosidade natural. Dessa possível escala, não escapa o Espiritismo Kardecista, pois está incluído entre as manifestações da fé, embora seu interesse maior seja o de ajudar, segundo o seu lema supremo: "Fora da caridade não há salvação", que se contrapôs, historicamente, ao lema "Fora da Igreja não há salvação". Em suma, em seu vislumbre de inteligência, pode o homem comum determinar qual rumo deve seguir para satisfazer as suas necessidades religiosas, sem descurar, é claro, de efetuar as leituras mais importantes, para que possa vir a compreender, através de seu descortino intelectual, quais as verdades primeiras e qual o fim último da vida e da existência.

Basta, por ora, cerrar nossas fileiras em torno de objetivo comum de benemerência para evitar que fiquemos perdidos em emaranhado de idéias religiosas de pouca profundidade. Mas é preciso mais, se quisermos evoluir: é preciso crescer no evangelho do Cristo, procurando atender de boa fé a todos os princípios de sua peregrinação, principalmente aqueles que se encerram no dístico da lei maior: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Só assim teremos convicção do sucesso sobre nossa tribulação atual e poderemos discernir, com muita precisão, para qual destino a rota impressa em nosso procedimento está conduzindo-nos.
Saiamos desta vida em estado de inocência espiritual, da mesma forma que entramos, e teremos conquistado sagrados pontos na escala evolutiva. Oremos com profunda crença e jamais nos deixemos levar pelas ilusões do mundo. Saibamos concentrar nosso pensamento em Deus, para que tenhamos capacidade e oportunidade de agradecer o seu ato de criação, criaturas que somos, reflexo da grande luz que se espraia pelo universo.
Antes que tenhamos muita facilidade intelectual, é preciso também desenvolver as nossas emoções, no sentido de fazer vibrar o nosso ser em favor de pessoas menos aptas à congregação espírita. Por mais que nos mantenhamos eqüidistantes da luta, jamais teremos total isenção e, por isso, é preciso que saibamos compor-nos com o Cristo, em seu ministério de amor, o que só conseguiremos se formos capazes de afugentar de nós a cobiça, o vício, a maldade e a própria dor, quando empenhada em nos destruir por dentro, e se acendermos o lume da compreensão, da benquerença, do amor ao próximo, da atitude caridosa, em busca de sanar os malefícios que se aglomeram nas sociedades humanas.
Atingidos tais desenvolvimentos, poderemos pleitear, para os momentos de repouso, quando o nosso espírito é levado pelo sono, oportunidades valiosas de refazimento e de aprendizado, junto aos guias e preceptores, os quais fornecerão os elementos de que necessitamos. Nunca mais teremos dúvidas e poderemos, desse modo, ir crescendo na crença, na fé e na religiosidade.
Embora nós mesmos não tenhamos ainda a possibilidade de nos consagrar inteiramente a esses quefazeres mediúnicos, é-nos grato poder auxiliar, um pouco que seja, sem grandiosos compromissos, com pequena relevância, em prol do engrandecimento paulatino dos irmãos, para que venham a obter ganhos oriundos de seu esforço de compreensão e de seu trabalho de socorristas amadores. Onde quer que nos encontremos, basta-nos orar com emoção para obtermos créditos em favor de nossa evolução, em favor do resgate de dívidas pretéritas e para que restauremos os nossos compromissos. Ainda que tenhamos dificuldade em bem caracterizar quais os débitos contraídos, mesmo assim não devemos desanimar, mas ficar com o coração pronto para o serviço, que não há de faltar.

Graças a Deus, pudemos, também nós, dar o nosso recado e satisfazer a intenso desejo de poder participar destas reuniões, que tanta luz emitem ao seu derredor.
Quero deixar palavra de profundo agradecimento a todos, de modo especial ao irmão que apanha, com tanta paciência, estes ditados, diariamente. Não sei como se consegue chegar ao fim com tanta facilidade, pois a pena corre celeremente e o cérebro vai registrando com perfeição todas as vibrações, embora haja uma ou outra dificuldade na tradução para as palavras humanas.
Não quero encerrar sem mandar carinhoso abraço a toda a família, que me espera feliz em seu aconchego, embora não saiba exatamente o que se passa. Mais tarde, poderemos voltar a nos encontrar em condições de comunicação direta e aí estaremos ainda mais felizes, mais propensos a realizar em amor os nossos compromissos mútuos de auxílio nesta aventura.
Sem mais para o momento, ponho-me à inteira disposição de todos para que se cheguem para perto de mim para as habituais vibrações.




Comentário



Marcelo manda avisar que foram vários os espíritos que se aproximaram para o registro de seus pensamentos. Quer deixar claro que se trata de idéias pessoais, de livre responsabilidade e que não representam o pensamento das entidades que dirigem o grupo. Deve-se ressaltar que, sempre que alguém se aproxime com boa vontade, vai ter acesso ao instrumento. O que não se pode fazer é atribuir valor absoluto ao que está registrado. É preciso cautela e discernimento, pois se trata de seres muito imperfeitos, principalmente nos estudos do evangelho, aprendizes ainda, alunos de primeiras letras, que, embora não tenham o coração submerso em maldade, vibram segundo padrões muito próximos dos encarnados, já que mantêm o espírito muito voltado para os problemas da Terra e não se concentram, como deveriam, nos aspectos mais elevados da doutrina.


Por isso, pleiteamos lugarzinho para nós, para que possamos discorrer a respeito de tema mais abrangente e de melhor catadura evangélica. Não se restrinja a captar as emoções somente, mas busque vibrar conosco, para superação das várias deficiências, conforme se verá na mensagem seguinte.







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VALIOSO ACOLHIMENTO





Esta é hora sagrada, hora de recolhimento e de prece, de meditação e de busca da concretização dos ideais maiores de quantos estejam compenetrados do valor da mediunidade para o crescimento moral e espiritual de todos. Desde há algum tempo, as vibrações se fazem intensas, na busca de envolvimento grande de seres e espíritos. Podemos observar o crescimento das virtudes no seio das sociedades humanas em desenvolvimento mediúnico, oferecendo, cada vez mais e com maior intensidade, momentos de revigoramento físico e espiritual, capazes de obtemperar as perdas que se dão quando das manifestações longas e muitas vezes pueris dos que se aproximam ávidos por perpetrarem desusado momento de reflexão e de amor.
Não nos cabe censurar a muitos que pretendem tão-só perturbar, pois nós mesmos, outrora, tivemos, em nosso intuito, a perspectiva de anular atos caritativos e de procura de oferecer aos outros o que de melhor cada qual era capaz de extrair de si. Agora que estamos engajados, através de compromissos bem firmes, neste grupo de amigos, que me agasalharam com muito amor e fé em minha recuperação, vejo-me na necessidade de expandir as minhas forças e procurar atingir, com a minha mui pequena luminosidade, alguns espíritos sofredores que se atiram de encontro a nós, suplicantes por que lhes mitiguemos a sede e por que lhes abrandemos a dor.
É de lastimável aspecto o triste papel que desempenho junto a estes irmãos, pois o meu poder é somente de zombaria e de catalogação de idéias más na busca do desequilíbrio. Não gostaria que fosse assim, já que com tanta benemerência estou sendo recebido. Não quero voltar para a companhia daqueles que operam em infelicidade. Gostaria de poder ficar aqui, gozando dos bens comuns a todos, tranqüilamente instalado junto a este irmão escrevinhador e usufruindo estes momentos de paz.
Dizem-me que chega, que estou pronto para partir para lugar ainda melhor. Só vou se for acompanhado por dois ou três irmãos dos mais fortes, que possam defender-me dos meus inimigos, que me esperam certamente lá fora. Só assim concordarei em deixar este aparelho.
Vejo que se aproximam de mim, conduzindo espécie de aparelho defensivo, uma arma que poderá afastar os espíritos intrusos. Sendo assim, eu vou e deixo agradecimento a todos por terem-me aturado. Saio com satisfação e espero ser conduzido para lugar em que possa descansar, pois estou exausto de tanta briga, nessas ruas infestadas de malfeitores. Peço ainda palavra de apoio e de socorro para meus amigos e familiares. E desejo a todos bom trabalho na companhia de Jesus, que vejo estar presente, com toda sua luminosidade. Estão a me dizer que não se trata de Jesus, mas que ele está presente nos ensinamentos e nos atos de amor que presidem os trabalhos.
Graças a Deus! Parto feliz por saber que estou sob o amparo de irmãos tão fortes, poderosos e generosos. Adeus!







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MANANCIAIS DE AMOR





Uma bilha de água, que não contém água, é tão vazia e inútil quanto um coração sem amor. Se você pretende prosseguir em sua caminhada rumo a Deus, vigie o coração, para que se encha de afetos, buscando em torno de si pessoas que queiram realizar os atos caridosos necessários para a sublimação. Não interrompa os seus momentos de recolhimento e se atenha às manifestações de bondade que são capazes de realizar os que se encontram investidos de raros dons de proteção e de crescimento mediúnico, na busca incansável da evolução.
Ainda que o trabalho possa soar oco aos ouvidos de quantos mourejam diuturnamente, buscando ganhar o pão de cada dia com o suor de seus rostos, mesmo assim não devem descurar de procurar momentos de paz e de reconforto para meditação e refazimento das diretrizes que possam conduzir ao caminho de luz que se vê ao longe, nas promessas divinas contidas nos álbuns maravilhosos dos livros evangélicos. Mais que nunca, o nosso objetivo será conseguido, se nos restringirmos à obtenção dos bens maiores do Cristo em sua augusta peregrinação pela face da Terra.
Evidentemente, muito erraríamos, se buscássemos concentrar nossa atenção nos ganhos meramente materiais mas despojados de força moral regenerativa. Ainda ontem, perambulávamos sem rumo e encontrávamos muitos outros que, como nós, não admitiam supor que houvesse a possibilidade de caminhar seguro, pleno de realizações satisfatórias, que nos levassem a rejubilar-nos. Agora temos consciência do amparo que as forças espirituais estão em condições de nos oferecer e sabemos que esse amparo jamais nos será negado. Sendo assim, abramos as comportas de nosso coração, para deixar entrar, em jorros de grande força, os mananciais de amor que preencherão aquele vazio e nos propiciarão caminhar bem seguro rumo aos eventos mais próximos da realização maior.
Não vamos deixar-nos influenciar por perjúrios e por pessoas de má fama; fiquemos atentos para não nos desviarmos do nosso caminho e saibamos separar o roto, o rasgado do inteiro e do indissociável. Ainda que fiquemos na dúvida, pois disfarces existem para nos enganar, saibamos elevar a Deus as nossas preces, que do Alto certamente baixarão os esclarecimentos necessários, para que sejamos capazes de distinguir o joio do trigo, e ainda mesmo seremos capazes de induzir os maus a trilharem novos caminhos, se lhes oferecermos o amparo de nossa comiseração e o apoio de nossa mais sentida prece. Não mais caminharemos sós, pois receberemos a companhia de quantos estiverem dispostos a nos acompanhar em nossa jornada de muita fé e de muito progresso, segundo as normas contidas nos livros sagrados do Senhor.
Sei que estou repetindo muito as idéias de meus amigos, pois não tenho muitos recursos. Sei que tenho de trabalhar pesado para haver o benefício que proponho, mas sei também que tenho firme a intenção de não esmorecer e tenho certeza de que vou vencer, pois guardo Jesus no fundo do coração.
Vou despedir-me, augurando a todos feliz ano novo, cheio de muitas realizações no campo profissional e no campo da benemerência, pois vejo que todos estão vibrando em uníssono, para que possa este momento terminar na mesma paz do Senhor em que começou.
Vou encerrar, não sem antes cumprir dever de gratidão: deixar carinhoso abraço a este médium de sublime paciência e de infinitas possibilidades. Não se perca ele pelas palavras, pois sou encorajador nato. Mas fique na certeza de que muito trabalho ainda aguarda por ele. Adeus, irmão, e ore um pouquinho por mim.







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EXEMPLO VÍVIDO





Este dia foi reservado para comunicações de caráter especulativo e esclarecedor. Muitos dos que aqui estiverem são alunos muito novos, recém-saídos das escolinhas de evangelização que são montadas em vários locais deste lado da realidade e se acham ainda iniciantes na transmissão do que aprenderam. Cabe lembrar que esta Escolinha é uma continuidade daquelas e, se o irmão se predispuser a aceitar este tipo de mensagens, teremos muitos outros irmãozinhos para trazer até aqui. Sabemos que tudo será devidamente anotado, mas preocupa-nos um pouco o temor de errar que você tem apresentado. Fique calmo, insistimos, para que o trabalho possa transcorrer com eficácia.

Ainda agora tivemos ensejo de presenciar ato de força que nos preocupou: estávamos debruçados na janela, interessados em aglomeração de desencarnados, e pudemos observar que seviciavam uma criatura. Corremos para socorrê-la e, qual não foi nossa surpresa quando se negou a acompanhar-nos! Parece até que se comprazia em sofrer as humilhações a que estava sendo submetida. Não soubemos como reagir, mas fomos de pronto socorridos por grupo que atendeu ao nosso chamamento, mais acostumado a enfrentar esse tipo de reação.
Soubemos que se tratava de uma mocinha que fora violentamente atacada em vida e que não mais se refez do susto, ficando perenemente na situação de sofrer ataques de quantos sentissem sua fraqueza.
Trata-se, evidentemente, de caso muito complicado, que necessita de atendimento específico de equipe altamente especializada. Deixamos o local consternados com a configuração do fato, pois calou no fundo de nossa consciência o quanto a humanidade ainda vai sofrer para vir a recuperar o paraíso perdido. Para isso é que nos propomos a trabalhar, sempre com maior denodo, na busca de concretizar situações em que os seres possam despojar-se de seus maus hábitos, de seus vícios, dos costumes que se arraigaram em suas personalidades e que impedem seu livre caminhar rumo à salvação.

Por ora basta, já que nos estendemos ainda além do tempo a nós reservado. Fique na graça do Senhor e prontifique-se novamente ao trabalho amanhã, para que possamos dar seguimento a esta obra encetada sob os auspícios dos irmãos mentores, que de nós esperam desempenho bem solidificado nas virtudes do Senhor.







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CRISTIANISMO REDIVIVO





"Não mais, Senhor, que a alma tenho cheia de temor e de caprichosos desejos."
Assim clamavam muitos cristãos, no momento do sacrifício, diante das feras, nas arenas dos circos romanos. Embora fugissem temerosos do último testemunho, foram assim mesmo recebidos em júbilo do outro lado da esfera. Para que suas atitudes merecessem total e irrestrita aprovação, deveriam ter levantado aos céus as mãos e suplicado ao Senhor coragem para enfrentar o último desafio. Os que assim procederam, em harmonia com seu conhecimento incipiente dos benefícios da redenção, atingiram clímax de glória e tiveram oportunidades de progresso muito significativo.
Ainda que nem todos tivessem obtido lucro espiritual de relevo, todos, indistintamente, conseguiram lograr destacado posto junto ao cristianismo nascente. Mais tarde, um a um, retornaram ao encarne, em situações as mais distintas possíveis, com encargos variados, mas sempre promovendo aprimoramento moral e espiritual de quantos puderam participar de sua peregrinação e judiciosa companhia. Até hoje, é possível encontrar congregações inteiras acolhendo grupos de espíritos que chegaram unidos a este ponto evolutivo e não há nada mais bonito do que observá-los em suas tertúlias, recordando feitos de benemerência e de profundo amor ao Cristo, com quem alguns tiveram o privilégio de conviver, mesmo que não em círculos muito próximos.
Poucas são as almas que persistem em errar sem destino, embora tivessem contemplado o Cristo de passagem. Alguns poucos são incapazes de recordar a suprema glória de ter presenciado passagem tão brilhante pela face da Terra. A grande maioria fala com entusiasmo de sua concepção primária de sacrifício, reconhecendo que muitos voltaram à vida para resgatarem falhas da última hora, na formação de sua religiosidade e de sua devoção.
O mais das vezes, no entanto, quando se encontram esses espíritos, é para recordar a suprema alegria de terem convivido em época de extrema grandeza para os encarnados, época em que os espíritos brilhavam de luz de empréstimo, é verdade, mas muito intensa e abrangente. Quem mais sorri nessas reuniões, demonstrando alegria de profunda emoção, são os que se deixaram sacrificar às feras ou que foram queimados ainda em vida, na fúria insana de seus perseguidores.
Por falar em perseguidores, muitos deles estão presentes em tais reuniões e choram a benemerência de que foram alvo pela horda de cristãos ressurrectos, que, muitas vezes, tiveram como missão no reencarne buscar a salvação dos que tão atrozmente desempenharam o triste papel de algozes. É preciso enfatizar que as lembranças não são dos momentos de dor, mas referem-se aos dias de júbilo, quando ou alcançavam a honra de brilhar no Cristo, ou obtinham sucesso ao recolocar seus adversários no caminho do Senhor. Mais tarde, todos terão oportunidade de juntar-se em uma só coletividade redentora, pois é preciso que muitos e muitos espíritos se preparem para façanha de muito mais ampla envergadura junto aos humanos: o incentivo ao arremesso para cometimentos de valor moral e espiritual de vulto, capazes de promover encaminhamento da humanidade na direção de seus mais altos propósitos.
Sentimos que nos falta conhecimento para enveredarmos com segurança nesta trilha de cometimentos. É de todo seguro, no entanto, referirmo-nos ao fato, para que atentos fiquem todos os que, do mesmo modo que os cristãos primitivos, se encontrem aptos ao sacrifício até de suas vidas em prol da salvação da humanidade. Não gostariam vocês de partilhar das mesmas festas junto aos irmãos redimidos? Não gostariam de vibrar em uníssono na felicidade maior do dever cumprido? Não gostariam de sentir-se prontos para aventuras mais promissoras e mais importantes? Quem de vocês poderá, em sã consciência, dizer que abre mão de tantos benefícios (os que são os mais desejáveis do universo), para flutuarem ainda por milênios sobre a áspera crosta da Terra, vagando indefinidamente atrás de pequenas vitórias humanas? Quem não se colocará ao lado desta fileira de espíritos de escol, moldados na fornalha da luta pelo evangelho e batizados nas águas cristalinas do amor?
Evidentemente, estamos convidando a todos mas ressaltamos que depende de cada um fazer vingar a sua filiação ao partido de Deus, pois muito trabalho será exigido e muito sacrifício penalizará os que se atrevem a seguir rumo à divina perfeição. E não poderia ser de outra forma, pois o Cristo afirmou que, para obter o reino de Deus, deve o homem despojar-se de seus bens materiais. Assim que se fizer essa primeira opção, o homem irá perceber que os espinhos da jornada o esperam para dilacerarem sua carne. Deverá, então, estar preparado para enfrentar trabalho duríssimo, muita incompreensão, muita desilusão junto aos companheiros a serem salvos, muito perjúrio, muita maldade. Mas para poder salvaguardar-se, terá o apoio comprometido desta imensa legião de anjos do Senhor, que muito farão para sustentar o trabalho, avançando nas conquistas dos que se prontificarem a atender ao chamamento divino.
Agora, quando estão organizando-se tais forças, é preciso realizar trabalho de preparação moral e intelectual, buscando-se, no procedimento justo e honesto, bem como nas leituras elevadas e educativas, pautar os princípios de vida, para que o espírito de cada um se veja em condições de receber o influxo de informações e de orientações que sobre cada um recairá. Neste ensejo, propomos que se elevem preces de agradecimento e pedidos de muita coragem, para que ameaças de deserção não pairem sobre a comunidade encarnada. É preciso saber vigiar o coração e a mente, para que não resvale o homem, caindo nas ribanceiras do pecado, via desarmonia social, desamor, injustiças várias, inveja, ciúme e demais atos de vandalismo moral que soem acontecer junto aos mortais.
É preciso agir confiantemente, com o coração cheio de fé, para o que recomendamos a leitura dos textos sagrados do Evangelho, os quais darão o anteparo moral de que todos necessitam para fortalecimento de sua vontade, para amparo moral de sua decisão e para firmeza durante a luta que se travará contra os instintos da maldade de que os homens deixaram impregnadas suas mentalidades e seus corações. Vamos, pois, todos unidos, perlustrar esta estrada maravilhosa que nos levará em conjunto para órbita mais elevada, em direção ao círculo do Senhor e, para isso, reunamo-nos qual poderoso exército a assaltar as muralhas do vício e da maldade. Unamo-nos como fizeram os cristãos do primeiro tempo, para termos certeza de que, juntos, conquistaremos o nosso lugar definitivo no reino de Deus.




Comentário



Esta exortação é de todo o grupo que aqui se reúne para estes trabalhos de aprendizado e divulgação. Mas não deve enfeitiçar os leitores. Trata-se de mais um desenvolvimento de texto em caráter experimental, sob a responsabilidade de um dos noviços, que aqui se encontra fazendo o seu début, a sua primeira performance no campo da transmissão mediúnica.
Se formos avaliar esse seu primeiro desempenho, poderemos reparar que está pleno de viço e, por isso mesmo, peca por entusiasmos juvenis, dado que de todo não se desligou do espírito de luta que trouxe da derradeira encarnação. Seu nome é João Eduardo e tem capacidade de desenvolver trabalho ainda mais sério e abrangente.
Seu texto, evidentemente, reflete atitude extasiada diante das novidades que lhe pareceram exponenciais em decorrência de seus ardores de jovem. A nota a ser dada é bem elevada, é uma nota nove e poderia até ser dez — a máxima de nossa escala —, por que soube argumentar e elaborar texto em que o primeiro elemento se desenvolve harmoniosamente com os ideais espiritualistas, vindo a conclusão a enfeixar as idéias desenvolvidas em confirmação integral da tese, tirando-se, por via de conseqüência, inferência positiva de primeira grandeza, qual seja a de envolver a todos no trabalho redentor, que é a chave que abre a última porta da existência.
Mas o desenvolvimento sofre ainda dos embalos da filigrana argumentativa calcada em princípios mais emocionais que intelectuais, mais artísticos que plenos da pujança mesma dos poderosos argumentos bíblicos e evangélicos, dado que os recursos de que o jovem espírito dispõe ainda são insuficientes para aventura de mais largo fôlego por estes mares encapelados do mundo humano, onde o poder de uma idéia corretamente exposta sempre esbarra em preconceitos e, por isso, à força, é desconsiderada, posta de lado e relegada ao esquecimento, ainda mais especialmente quando o que se pede ao leitor é muito sacrifício, o que o assusta, sobremodo, ao saber que está sendo comparado ao dos cristãos primitivos, a quem muito se exigiu em discernimento e em altruísmo.
Vamos orientar o jovem advogado a rever seus argumentos, para não ferir os melindres dos leitores, e desejar-lhe toda a sorte do mundo em seus avanços por este difícil caminho de convencimento dos encarnados para lutar pelo seu próprio e superior interesse.



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