Não nos vamos alongar,
Mantendo-nos bem ativos.;
Compreendemos-lhe os desejos:
Somos muito receptivos.
Mas nós não vamos deixar
De oferecer um poema,
Senão alguém vai pensar
Que temos algum problema.
Se não bastam duas quadras,
Lá vai indo uma terceira.;
Traçaremos outras tantas,
Se passarem a peneira.
O bom médium escrevente
Se aprestava p’ra sair.;
Pois não se acanhe, querido:
— Há horas de ir e vir...
Deixamos de concluir
A quadrinha logo acima,
Mas queremos que acreditem:
Não foi por falta de rima.
Seria estranho deveras
Se deixássemos o posto,
Sem ter feito referência
Às rimas de nosso gosto.
O bom amigo escrevente
Se sente bem constrangido,
À vista de tal postura,
Por tê-lo logo atendido.
Enquanto isso procrastina
O momento de ir embora,
Porquanto está redigindo
Tudo em cima bem da hora.
Se ficasse paradinho,
Sem saber o que escrever,
Iria depressa embora,
P’ra votação conhecer.
Pois se trata de legítimo
Envolvimento co’os fatos:
Da decisão dos juízes,
Decorrerão muitos atos.
Hoje é o dia demarcado
P’ra decisão do empecilho.;
É compreensível, portanto,
Seu interesse, meu filho.
Somos fadados a erro,
Se prosseguirmos aqui.;
Queira, portanto, ir em paz,
Bom amigo Wladimir.
Despede-se o bom amigo,
Dizendo-se mui contente,
Pela mensagem do dia,
Pela função de escrevente.
Querendo continuar,
Deixe a torneira a escorrer,
Já que sempre encontraremos
Algo útil p’ra dizer.
Isto sim já é abuso,
Rompimento de promessa:
Ou você está confuso,
Ou, deveras, não tem pressa.
A votação se prolonga.;
Ameaçando acabar.
Sendo assim, recomendamos:
Não é bom continuar.
Sabemos que, ao fim do dia,
Os noticiários dirão
Quem votou pelo empecilho,
Quem decidiu por um “não”.
A vontade é soberana,
Na questão da votação.;
Por isso não conhecemos
O que vai no coração
Dos juízes que decidem
Com as leis em sua mão.
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