EM SE PLANTANDO BEM, TIRA-SE O CHAPÉU
(por Domingos Oliveira Medeiros)
Numa época em que não se dá a mínima importância para a escolha das sementes, para o preparo do solo e para a qualidade do que se pretende produzir, não se pode esperar, da colheita, bons frutos.
Mas, o contraponto desta história, na televisão brasileira, vem sendo resgatado pelo apresentador Raul Gil todas nas tardes de sábado, onde o seu programa confirma a tese de que o povo gosta mesmo é do que é bom. Do que é ótimo e do que é excelente. Estes são os menores adjetivos com que se pode definir a grade do Programa do Raul Gil.
Calouros de todas as tendências musicais - do clássico ao popular -, encantam-nos com suas interpretações musicais, mostrando que o talento ainda existe e faz toda a diferença. Vozes bonitas e bem educadas, de todos os timbres, de ambos os sexos, de todas as idades, e de todas as raças, desfilam na telinha da TV. Grupos de danças, apresentam lindas coreografias, com suas cores e ritmos, com suas formas e seus movimentos, compondo cenários de alegria, surpresa agradável e crescente e admiração. Sem falar no bom humor, fino e sutil, que permeia todo o ambiente do programa.
Tudo isso sem se descuidar do respeito ao público presente, aos telespectadores, aos convidados e calouros, e, sobretudo, à cultura, às artes em geral e ao bom gosto.
Tiro o chapéu para a Rede Record e para o Programa Raul Gil. Quiçá as outras emissoras tenham um pouco de humildade e resolvam fazer o primeiro retorno que encontrar na estrada da insensatez e da imbecilidade que resolveram embarcar. E que resgatem, na sua volta, o que de bom e útil esse formidável avanço tecnológico poderá vir a ser para todos nós. E deixar de lado o pensamento do enriquecimento a qualquer preço, nos moldes do pensamento capitalista que se pode traduzir, na linguagem da televisão, pela conhecida expressão: “tudo por dinheiro”.
DOM 27 abril 2002
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